Angelus, por Edmond Massicote - Museu Château-Ramezay, Montreal (Canadá)

Segundo Dr. Plinio, a Contra-Revolução é condição essencial para o desenvolvimento do verdadeiro progresso, isto é, o “reto aproveitamento das forças da natureza, conforme a Lei de Deus e a serviço do homem”. Antes de tudo, tal progresso deve promover os valores espirituais e, em conseqüência, a ascensão das almas rumo à perfeição moral.

A Contra-Revolução é conservadora?

“Em um sentido, sim, e profundamente. E em outro sentido, não, também profundamente.

“Se se trata de conservar, do presente, algo que é bom e merece viver, a Contra-Revolução é conservadora.

“Mas se se trata de perpetuar a situação híbrida em que nos encontramos, de sustar o processo revolucionário nesta etapa, mantendo-nos imóveis como uma estátua de sal, à margem do caminho da História e do Tempo, abraçados ao que há de bom e de mau em nosso século, procurando assim uma coexistência perpétua e harmônica do bem e do mal, a Contra-Revolução não é nem pode ser conservadora” (p. 102).

Excessos contrários ao verdadeiro progresso

A Contra-Revolução é progressista?

“Sim, se o progresso for autêntico. E não, se for a marcha para a realização da utopia revolucionária” (p. 103).

Em que consiste o autêntico progresso, em seu aspecto material?

“Em seu aspecto material, consiste o verdadeiro progresso no reto aproveitamento das forças da natureza, segundo a Lei de Deus e a serviço do homem. Por isso, a Contra-Revolução não pactua com o tecnicismo hipertrofiado de hoje, com a adoração das novidades, das velocidades e das máquinas, nem com a deplorável tendência a organizar more mechanico a sociedade humana. Estes são excessos que Pio XII condenou com profundidade e precisão1” (p. 103).

Prevalência dos aspectos espirituais sobre os materiais

E o progresso cristãmente entendido?

“O progresso material de um povo [não é] o elemento capital do progresso cristãmente entendido. Consiste este, sobretudo, no pleno desenvolvimento de todas as suas potências de alma, e na ascensão dos homens rumo à perfeição moral (p. 103).

É próprio à Contra-Revolução estimular nos indivíduos um apreço muito maior pelos valores espirituais do que pelos materiais

Qual a concepção contra-revolucionária de progresso?

“Uma concepção contra-revolucionária do progresso importa, pois, na prevalência dos aspectos espirituais deste sobre os aspectos materiais. Em conseqüência, é próprio à Contra-Revolução promover, entre os indivíduos e as multidões, um apreço muito maior por tudo quanto diz respeito à Religião verdadeira, à verdadeira filosofia, à verdadeira arte e à verdadeira literatura, do que pelo que se relaciona com o bem do corpo e o aproveitamento da matéria (p. 103-104).

A Contra-Revolução sempre considera este mundo como uma passagem para o Céu

Qual a diferença fundamental entre os conceitos revolucionário e contra-revolucionário de progresso?

“Para demarcar a diferença entre os conceitos revolucionário e contra-revolucionário de progresso, importa notar que o último toma em consideração que este mundo será sempre um vale de lágrimas e uma passagem para o Céu. Ao passo que para o primeiro, o progresso deve fazer da terra um paraíso no qual o homem viva feliz, sem cogitar da eternidade.

“Pela própria noção de reto progresso, vê-se que este tem por contrário o progresso da Revolução.

“Assim, a Contra-Revolução é condição essencial para que seja preservado o desenvolvimento normal do verdadeiro progresso, e derrotada a utopia revolucionária, que de progresso só tem aparências falaciosas (p. 104)2.

1) Cf. Radiomensagem de Natal de 1957, Discorsi e Radiomessaggi, vol. XIX, p. 670.

2) Para todas as citações: Revolução e Contra-Revolução, Editora Retornarei, São Paulo, 2002, 5ª edição em português, 254 páginas.