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19 de março de 1934 Homenagem ao Apóstolo do Brasil

Há 75 anos, quando deputado na Assembléia Nacional Constituinte, Dr. Plinio julgou oportuno homenagear o Bem-aventurado José de Anchieta, cujo IV centenário de nascimento se aproximava. Persuadindo dessa necessidade a maior parte de sua bancada, Dr. Plinio foi por esta escolhido para discursar em louvor ao Apóstolo do Brasil. Assim, no dia 19 de março subiu à tribuna da Câmara e pronunciou ardorosas palavras, das quais transcrevemos a seguir alguns excertos:

Nem o esquecimento nem a calúnia empanam o brilho da glória de Anchieta, que é hoje o sol que fulgura no zenite da História Brasileira. Seu vulto se ergue nas cabeceiras de nossa História, presidindo à formação da nacionalidade com seu vigor de herói e com sua virtude de santo.

As figuras congêneres que vemos na nascente de um grande número de nações famosas, brilham, em geral, num ardor agressivo de heróis selvagens e implacáveis, conquistando a celebridade ora em guerras justas, ora em inqualificáveis rapinas. Sua existência é discutida, e suas grandezas são fantasias tecidas pelo orgulho nacionalista, que se dissipam inteiramente pelo estudo imparcial da História..

Anchieta, pelo contrário, entrou para a História em um carro de triunfo que não era puxado por prisioneiros e vencidos, e nem a dor figurou no seu cortejo, nem os hinos de guerra celebraram seu triunfo e nem as armaduras foram seu paramento. Serviu-lhe de traje a túnica branca de sua inocência imaculada. Constituía-lhe o cortejo pacífico uma raça que arrancara da vida selvagem e defendera contra o cativeiro, e uma Nação inteira, que ajudara a construir para a maior glória de Deus, abrandando o rancor dos homens e das feras, na realização da promessa evangélica: Bem-aventurados os mansos, que possuirão a terra.

Mas eu disse mal, quando afirmei que a dor não figurara no seu cortejo triunfal: era ela o nimbo que o aureolava. Era a dor cristã do pelicano, que enche de amargura o mártir e o Santo, mas banha em suavidade quantos dele se acercam. Ele passara sua vida a distribuir rosas… e os espinhos, guardara-os para si, nas labutas do apostolado.

Em Anchieta, vas electionis [vaso de eleição], brotara uma flor de virtude, e esta flor, ele a semeou por todo o Brasil: é a mansidão suave ligada à energia serena mas inexorável, que é o eixo de nossa alma.

Na Ilha das Canárias, refere Celso Vieira em seu livro sobre Anchieta, há um monte de cujo cume o excursionista pode contemplar, graças a um curioso fenômeno visual, a figura [do Beato]projetada em sete cores sobre o céu, numa visão magnífica de glória. Ele é vulto culminante de nossa História. E o fenômeno visual que Celso Vieira descreve, outra coisa não é senão o símbolo grandioso do seu destino, e da Nação que haveria de fundar.

No momento presente, o Brasil atingiu, no seu roteiro histórico, uma culminância de onde se divisam ao mesmo tempo, sendas tortuosas que conduzem para vales sombrios, e caminhos luminosos para novas escaladas.

Convém, pois, que nesta hora de tremendas responsabilidades, retemperemos nossa fibra na contemplação reconhecida do maior vulto de nosso passado, e que, desviando nossos olhares dos abismos que nos solicitam, olhemos para o alto num gesto de confiança em Deus, antevendo, projetada em sete cores sobre o céu do futuro, a nossa Pátria engrandecida pela plena realização de sua missão histórica providencial.

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