Sendo a principal causa da Revolução de ordem moral, e não sócio-econômica, o contra-revolucionário deve deitar especial ênfase em fazer compreender às classes mais elevadas a obrigação que têm de não favorecer, pelo exemplo de uma vida desregrada, a desedificação do conjunto da sociedade.

Qual é o fim supremo da Contra-Revolução?

O “fim supremo da Contra-Revolução [é] a instauração do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo” (p. 135).

Em que sentido as obras de caridade, serviço social, assistência social, associações de patrões, de operários, etc,. são auxiliares da Contra-Revolução?

“Na medida em que (…) normalizam a vida econômica e social, [essas obras] prejudicam o desenvolvimento do processo revolucionário. E, neste sentido, são ipso facto , e ainda que de modo apenas implícito e indireto, auxiliares preciosos da Contra-Revolução” (p. 135).

A principal causa da Revolução é moral e religiosa

A miséria é a principal causa da Revolução?

“O espírito de Revolução não nasce sobretudo da miséria. Sua raiz é moral, e portanto religiosa1. Assim, é preciso que nas obras de que tratamos se fomente, em toda a medida em que a natureza especial de cada uma o comporte, a formação religiosa e moral, com especial cuidado no que diz respeito à premunição das almas contra o vírus revolucionário, tão forte em nossos dias” (p. 136).

Mas a Igreja não deve extirpar todas as misérias humanas?

“A Igreja, Mãe compassiva, estimula tudo quanto possa trazer alívio às misérias humanas. Ela não nutre a ilusão de que as eliminará todas. E prega uma santa conformidade com a doença, a pobreza e outras privações” (p. 136).

O argumento amistoso muitas vezes é ineficaz contra a Revolução

A bondade sempre desarma a maldade humana?

“Seria errado supor que a bondade desarma sempre a maldade humana. Nem sequer os benefícios incontáveis de Nosso Senhor em sua vida terrena conseguiram evitar o ódio que Lhe tiveram os maus. Assim, embora na luta contra a Revolução se deva de preferência guiar e esclarecer amistosamente os espíritos, é patente que um combate direto e expresso contra as várias formas desta — o comunismo, por exemplo — por todos os meios justos e legais, é lícito e, geralmente, até indispensável” (pp. 136-137).

Comparáveis ao sal que não salga

Nesse contexto, o que o contra-revolucionário deve lembrar às classes elevadas?

“Altamente cioso do direito de propriedade, [o contra-revolucionário] deve, entretanto, lembrar às classes elevadas que não lhes basta combater a Revolução nos campos em que esta lhes ataca as vantagens, e paradoxalmente favorecê-la — como tantas vezes se vê — pelas palavras ou pelo exemplo, em todos os outros terrenos, como a vida de família, as praias, piscinas, e outras diversões, as atividades intelectuais, artísticas, etc. Um operariado que lhes siga o exemplo e lhes aceite as idéias revolucionárias será forçosamente utilizado pela Revolução contra as elites ‘semicontra-revolucionárias’” (p. 137).

As classes altas, utilizando maneiras e trajes vulgares, desarmam a Revolução?

“Será igualmente nocivo à aristocracia e à burguesia vulgarizar-se nas maneiras e nos trajes, para desarmar a Revolução. Uma autoridade social que se degrada é, também ela, comparável ao sal que não salga. Só serve para ser atirada à rua e sobre ela pisarem os transeuntes2. Fá-lo-ão, na maioria dos casos, as multidões cheias de desprezo” (p. 137 – 138)3.

1) Leão XIII, Encíclica Graves de Communi, de 18/1/1901. Paris: Bonne Presse, vol. VI, p. 212.

2) Mt 5, 13.

3) Para todos os tópicos: Revolução e Contra-Revolução, São Paulo, Editora Retornarei, 2002, 5ª edição em português, 254 páginas.