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“Emitte spiritum tuum et creabuntur”

AFesta de Pentecostes, celebrada neste ano no dia 31 de maio, recorda-nos o magno episódio da Igreja nascente, quando, reunidos os Apóstolos e a Santíssima Virgem no Cenáculo, de repente veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo (At 2, 2-4).

A importância dessa Festa, própria aos nossos pedidos de renovação espiritual e santidade, imbuí­dos de inteira confiança na infinita misericórdia do Paráclito, era assim comentada por Dr. Plinio:

“Depois de sua dolorosa Paixão e Morte, Nosso Senhor ressuscitou e subiu aos Céus. Embora os Apóstolos tenham acompanhado de perto esses acontecimentos, sua fidelidade ainda precária não significava uma regeneração. Houve, da parte deles, atos de Fé bem expressos, reconhecendo e dando testemunho da ressurreição de Jesus, mas não se tem a impressão de que tenham mudado substancialmente.

“Após a Ascensão, eles se reúnem com Nossa Senhora no Cenáculo e passam os dias em oração. Em determinado momento, desce sobre eles o Espírito Santo, em forma de línguas de fogo, e dá-se então a mudança completa: os discípulos se transformam em luzeiros de ouro. Cada um deles, por assim dizer dotado de nova alma, feita de fervor, de vontade de realização, de sacrifício e de carismas extraordinários, converte-se em coluna viva da Igreja de Deus. No passo seguinte, eles se disseminam pela Terra e levam, às mais diversas regiões do mundo, a glória e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Para nós, o que quer isto dizer?

“Significa que devemos sempre contar com graças muito especiais do Espírito Santo, sobretudo quando estivermos entravados, estagnados e descontentes na vida espiritual. Peçamos a Ele, a rogos de Nossa Senhora, constantemente, que desça sobre nós com uma abundância de dons, de maneira tal que nos transforme por completo.

“Dessa necessidade vem a linda prece a Ele dirigida: Emitte Spiritum tuum, et creabuntur, et renovabis faciem terrae — Mandai, ó Senhor, vosso Espírito, e todas as coisas serão criadas, e renovareis a face da Terra”.

“Ou seja, antes de tudo, a face dessa nossa “terra” interior, da nossa própria alma, pode ser renovada de um instante para outro, por uma graça do Espírito Santo. Igualmente por uma particular intervenção d’Ele, há de ser regenerada a face do mundo, através do apostolado de autênticos católicos, inspirados pela Sabedoria divina, cheios de força e valor para enfrentar os inimigos da fé, assim como para atrair e fazer o bem a todos que devam pertencer à Santa Igreja.

“Compreende-se que tais graças nos sejam concedidas com maior abundância por ocasião da Festa de Pentecostes e que, portanto, importa-nos rogá-las e esperar que as recebamos nessa data. Sem nos esquecermos de fazê-lo por intermédio de Nossa Senhora, Esposa do Divino Espírito Santo e medianeira onipotente junto a Ele. Que o Espírito Paráclito desça e paire sobre nós, cumulando-nos dos dons celestiais que tanto desejamos. Amém.”

(Extraído de conferência em 2/6/1965)

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