Pio XII durante a proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora, em 1950.

Poucos dias — para não dizer horas — antes de iniciar a Segunda Guerra Mundial, o Sumo Pontífice Pio XII dirigiu ao mundo um chamado à paz.

Na seção “7 Dias em Revista”, de O Legionário, Dr. Plinio fez eco a este apelo, convidando os católicos a se unirem em oração ao Pastor dos Pastores.

Ocupando-se esta Folha, em outras seções, dos dramáticos acontecimentos que empolgam todo o mundo contemporâneo, queremos, em “7 Dias em Revista”, chamar a atenção de nossos leitores para o dever da prece que lhes incumbe gravemente no momento que passa.

O apelo dirigido neste sentido pelo Santo Padre Pio XII a todos os fiéis não constitui apenas, como certos espíritos frívolos e sem fé poderiam supor, uma atitude platônica destinada a fazer lembrar a Santa Sé, em um momento em que os chefes de Estado parecem ter-se esquecido inteiramente do papel de supremo juiz internacional que cabe ao Pai comum da Cristandade.

O Santo Padre teve, na sua formosa alocução, o propósito de provocar uma verdadeira cruzada de orações em prol da paz, ciente como está de que as orações confiantes e humildes dos justos têm mais valor, aos olhos de Deus, do que todo o esforço das chancelarias contemporâneas, e que a oração perseverante das almas fervorosas pode pesar mais no curso dos acontecimentos, se for ouvida por Deus, do que as deliberações dos poderosos deste século.

Deus é um Pai clemente e misericordioso. Por isto, se é certo que as orações dos justos têm grande valor perante Ele, não é menos certo que Seu Coração se deixa frequentemente enternecer pela súplica contrita dos pecadores. Na parábola do filho pródigo, se este tivesse feito a seu pai, no momento exato do regresso e da reconciliação, uma prece qualquer, com que amor seria ela atendida!

Se muito poucos dentre nós podemos nos colocar no rol das almas realmente fervorosas, sem qualquer dúvida podemos tomar lugar entre os pecadores acolhidos por misericórdia na Casa paterna, que é a Igreja de Deus.

Também nossa oração, pois, pode ter um grande valor pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ante o Trono da clemência de Deus. E é o concurso desta oração que o Papa nos pede. Quem poderá não ver neste pedido uma ordem?

Muita gente poderá sorrir à vista destas considerações. Enquanto os exércitos se alinham em intermináveis fileiras de combatentes, os tanques, os submarinos, os aviões e os canhões se põem em forma de combate, do que valerá a oração?

Atrás de nós, estão vinte séculos de História da Igreja a atestar, como resposta insofismável, a fidelidade de Deus à sua dupla promessa: de jamais consentir na destruição da Igreja e de atender sempre a oração confiante e humilde dos fiéis.

(Extraído de “O Legionário” de 27/8/1939)