Para fazer frente aos problemas de um mundo “massificado”, onde as características individuais de cada homem ou conjunto social diluíam-se em meio a um conjunto uniformizado por uma mentalidade dominante, Dr. Plinio discorre sobre a necessidade de salientar que cada homem tem uma característica própria, a qual acrescenta na sociedade uma riqueza, que só ele pode dar.
A sociedade orgânica não deve ser vista apenas como um conjunto de relações funcionais, por onde cada grupo social haure, dentro de sua própria vida, os estímulos para resolver os seus problemas; mas também como um fenômeno de opinião pública baseado na virtude individual da aseitas.
O que é aseitas?
A aseitas — termo da Filosofia escolástica — provém da expressão “a se”, quer dizer “existir por si”.
Utilizando o termo de uma forma analógica, podemos pensar numa virtude da aseitas por onde o homem, dotado por Deus de possibilidades, de potencialidades, tanto de ordem intelectual quanto espiritual, as utiliza fazendo com que passem de potência a ato, de gérmen a algo que brota, se desenvolve, floresce e frutifica. Ou seja, é o tirar de si, para efeito de produzir e levar ao seu pleno desenvolvimento, as possibilidades que cada um tem em seu interior.
A aseitas seria, portanto, aquela virtude por onde a pessoa toma a sua originalidade no sentido bom da palavra — quer dizer, cada indivíduo é único e inconfundível na obra da Criação — e desenvolve todas as suas qualidades em torno dessa nota fundamental, que tem muito de conexo com a luz primordial2 e de oposto ao pecado capital.
Os grupos sociais podem ter aseitas?
Há aseitas do indivíduo e também dos grupos sociais, tais como uma corporação, um bairro, um feudo, uma paróquia, uma instituição, uma academia, uma família.
Todos esses grupos sociais têm, enquanto entes morais, uma aseitas própria. Quer dizer, cada um deles possui uma capacidade de produzir, de germinar, de fazer brilhar uma riqueza espiritual que lhe é peculiar, decorrente da combinação adequada e orgânica das riquezas de alma dos indivíduos que o constituem.
Esta aseitas deve formar-se sob o bafejo e à luz da Igreja Católica, com base na Fé, na razão, quer dizer, na reta Filosofia vivificada, animada, guiada, tutelada pela Doutrina Católica; portanto, com base na Moral, que é um dos elementos integrantes da Filosofia. Nesse edifício assim constituído, dentro desse quadro e desse firmamento, cada alma e depois cada grupo social, cada região, cada nação, cada ciclo de civilização e de cultura, encontram ordenadamente o trajeto de seu vôo próprio. Este é o mecanismo da aseitas.
A aseitas e a Revolução
Porém, com a introdução das reformas políticas decorrentes da Revolução Francesa — para só falar dela e não remontar até o protestantismo —, esses grupos sociais se desligaram uns dos outros, ou se enfraqueceram; assim, pouco ficou entre o Estado e os indivíduos. A própria família perdeu muito de sua força. Os indivíduos foram se dissolvendo dentro da família, a família dentro do município, o município dentro da província, a província dentro do país, e o país dentro da nascente sociedade internacional.
Com a eliminação desses pequenos grupos sociais — que são proporcionados ao homem, e nos quais cada um desenvolve adequadamente sua personalidade —, resta o indivíduo e a massa, o indivíduo e o caos. Restam imensas multidões dentro das quais cada pessoa se fecha por sentir-se isolada.
Como as areias da praia…
A título de exemplo, podemos tomar as células da mão. Elas não são isoladas porque estão em relação orgânica umas com as outras. Mas os grãos de areia na praia estão isolados uns dos outros; aquilo é farelo completamente solto e avulso. A praia pode ter bilhões ou quintilhões de grãos, mas estes não formam um tecido.
Assim são os homens nessas sociedades dissolvidas pelo processo iniciado na Revolução Francesa. São milhões de indivíduos, lado a lado um do outro, mas sem constituir grupos sociais.
O homem tende a se deixar amoldar sistematicamente pelas opiniões do seu meio ambiente
Desenvolvendo esta teoria da aseitas, podemos dizer que, devido a uma deterioração do instinto de sociabilidade, existe no espírito humano uma tendência que leva o homem a achar agradável a aceitação sistemática e deleitável das opiniões vigorantes no meio do qual ele se encontra, sem notar quanto há nelas de ilegítimo e censurável. Tal tendência se manifesta no desejo de sentir afinidade com esse meio; na preguiça de pensar, julgar e se afirmar por si próprio.
Muito mais do que isso, o instinto de sociabilidade estabelece entre as almas um vínculo que leva a pessoa a querer integrar-se em algo que poderíamos chamar de opinião pública dominante, a qual é resultante de uma série de tendências e de forças sociais, na dependência das quais todos vivem.
Uma manifestação da carência de aseitas em nossa época é o exemplo do espectador de futebol, que vai com um rádio para o estádio e fica ouvindo a transmissão, porque precisa dela a fim de nutrir seu entusiasmo. É um ato que ele presencia, vê que acontece, mas sente a necessidade de alguém lhe dizer o que está ocorrendo, vibrantemente — porque se fosse uma descrição técnica, ele não quereria ouvir —, para tomar o gosto desse “co-sentir” num grande “todo”.
Esta tendência é o contrário do movimento das aseitas
Esta tendência do espírito humano é o contrário da aseitas. Dando livre curso a tal tendência, o homem, ao invés de tirar de si aquilo que ele deve ser, se sacrifica ao que existe fora para tornar-se o contrário do que deveria ser. Isto ocorre devido à desordem do instinto de sociabilidade e às degenerescências causadas pelo pecado original, existentes na natureza humana. Esta tendência é tal que temos necessidade de agir contra ela para não nos deixarmos arrastar.
A virtude da aseitas é filha da Igreja e não existiu nos povos pagãos, que rolaram no fluxo das respectivas opiniões públicas.
Quer dizer, há momentos em que essa opinião coletiva favorece uma espécie de estado caótico, e então todo o mundo se conforma com ele por causa do fluxo da opinião coletiva, e não por uma verdadeira aseitas.
Liberalismo e aseitas
Poder-se-ia pensar que o liberalismo desenvolve a aseitas, mas não é verdade.
No tempo em que era bonito cada um ter sua própria opinião, afirmar-se contra os outros para demonstrar ter personalidade, quando estavam em voga as polêmicas entre os partidos políticos, alguém poderia dizer que nessa época a aseitas foi levada ao exagero.
Na realidade, quando imperava o liberalismo, era moda cada um ter sua própria opinião, devido à sujeição a essa opinião pública que impunha ao indivíduo ser assim.
Se alguém, por exemplo, dissesse: “Eu defendo o princípio da harmonia dentro da desigualdade de classes”, precisaria ter aseitas para enfrentar o liberalismo.
Ou seja, é um engano supor que havia aseitas. Existia, isto sim, uma verdadeira escravização a uma opinião pública que impunha um semblante de aseitas, mas que não era a verdadeira aseitas.
Vejamos agora no que consiste a verdadeira aseitas, onde ela existe.
Conhecimento da verdade, graça e luz primordial
Antes de tudo, para bem compreendermos esse tema, é preciso não cair no subjetivismo.
É normalmente dado ao homem, pelo uso da razão e auxílio da graça, conhecer a verdade. Pode ele conhecê-la, sobretudo no que diz respeito à sua salvação. Através desse conhecimento, o homem tem a noção da sua luz primordial2. E, se for fiel à graça, acabará se orientando por essa luz.
Luz primordial: esboço de si mesmo a ser completado segundo certo modelo ideal
Ao nascer, o homem é como que um desenho incompleto, que cabe a ele próprio completar, de acordo com certo modelo ideal.
Esse modelo ideal para o qual deve tender é precisamente a sua luz primordial. E quando o homem ruma na direção de conhecer, aceitar e se conformar à sua luz primordial, ele verdadeiramente se santifica.
A aseitas, portanto, não é substancialmente um movimento qualquer de capricho que o homem tira de si, arbitrariamente, porque quer ou quando quer, mas o conhecimento que ele tem interiormente de sua luz primordial e o movimento por onde caminha, com os seus próprios recursos ou com os recursos que a graça coloca em sua alma, para a realização de sua luz primordial.
É algo que sai das profundidades dele, de um lado. E, de outro lado, com seus próprios recursos, fortificados pela graça, ele caminha para a realização daquele ideal.
Portanto, é conhecendo sua luz primordial e se santificando que o homem pratica a verdadeira aseitas.
No praticar a aseitas, o homem compreende sua própria fragilidade; a Igreja é o primeiro apoio a que o homem deve submeter-se
Há também outro aspecto a ser considerado. Ao praticar a aseitas, a pessoa compreende desde logo que não pode andar sozinha e precisa de apoio, porque sente sua própria fragilidade intelectual e moral; percebe ser incapaz de, por si mesma, conhecer inteiramente o ideal a que se propõe, como também que não possui meios para atingi-lo pelos seus próprios recursos.
Compreendendo precisar de apoios, entende também que esses, sob cuja direção se deve colocar, foram instituídos por Deus a fim de que o movimento dela nascido e direcionado ao Altíssimo tenha uma apropriada execução.
Assim, não ocorre absolutamente a derrota do tímido, esmagado por uma influência à qual não consegue resistir; pelo contrário, o homem adquire forças à luz da Fé, a qual, como diz São Paulo, é um “rationabile obsequium” (Rm 12, 1).
A Santa Igreja Católica nos foi dada para guiar-nos; ela é o amparo de nossa fragilidade. Como mestra das almas ela indica o caminho para que os homens atinjam seu ideal: a santidade.
Ele compreende pela Fé que a Santa Igreja Católica lhe foi dada para guiá-lo; Ela é o amparo de sua fragilidade. No seu Magistério infalível, o homem deve encontrar a verdade; sob a direção da Igreja, como Mestra das almas, ele deve encontrar o caminho; nos seus sacramentos, a vida para cumprir seu ideal. E que o primeiro apoio para o qual o homem deve voltar-se não é o movimento de aseitas, e sim a Igreja à qual ele adere num ato de submissão, fruto dessa verdadeira aseitas.
Vemos, assim, que a submissão não é o contrário da aseitas, mas um movimento para a realização dela própria.
Imaginemos, por exemplo, um homem que escala os Alpes. Ele os vai galgando, galgando e, a certa altura, percebe que não consegue subir mais. Pede então a um guia que o dirija.
No aceitar a tutela desse guia, ele demonstra fraqueza ou força de vontade?
Para um orgulhoso, ele demonstraria fraqueza, porque se sujeita a um guia: “Então não pôde ele subir essa montanha por si só?”
Mas, para o homem sensato, o alpinista revelaria força de vontade: Como ele queria subir a montanha, custasse o que custasse, e para isto, precisava de guia, ele o procurou e aceitou ser orientado.
Este ato que, para a mentalidade liberal, é uma humilhação, para a mentalidade católica é um ato de suprema energia. O homem aceita uma direção, um guia, porque quer chegar a um determinado fim, e por isso ele quer utilizar todos os meios necessários para alcançá-lo. Há nisso uma aparente limitação, mas, na realidade, é algo muito mais alto: um verdadeiro domínio da vontade.
Tal impostação nos faz compreender o que é um guia.
Um capitão de navio tem, na embarcação, plena jurisdição. Imaginemos que alguém dissesse a um passageiro:
— Você vai se meter em um navio para ir à Europa e aceitar, voluntariamente, a jurisdição de um capitão? Não percebe que, assim, você dá mostras de falta de força de vontade? Mantenha-se independente aqui na praia, proclamando sua independência aos mares e aos ares, e não se sujeite a um capitão de navio!
Quem assim agisse faria o papel de cretino. Em tal caso, o viajante daria uma gargalhada e diria:
— Eu quero ir à Europa, e só posso viajar de navio, que apenas funciona com o capitão. Portanto, viva o capitão de navio! Vou obedecer, e tenho muito mais força de vontade do que você urrando sua independência para as praias.
A aseitas nos leva a legítimas e judiciosas sujeições na relação “planetas e satélites”
Assim também deve ser nossa posição quanto ao uso dos meios pelos quais devemos tender para o Céu. E a aseitas nos leva a aceitar as legítimas e judiciosas sujeições, tais como as decorrentes do relacionamento entre certas almas designadas por nós com a metáfora “planeta e satélite”.
Todo o mundo deve ter um superior, e por ele se deixar guiar. Isso não é fraqueza e sim limitação. Trata-se de um ato de humilhação compreensível, pois, nenhum homem é divino.
Afirmar que cabe única e exclusivamente à Sagrada Hierarquia, por meio de sermões e do Sacramento da Confissão, orientar os fiéis, não corresponde à verdade inteira. De fato, os fiéis, sob a vigilância doutrinária e a direção oficial da Hierarquia, devem se guiar e ajudar uns aos outros para obterem o Céu.
Para determinadas almas a Providência deu a missão de elevar e orientar outras almas. Não se trata de missão oficial, jurídica, mas nem por isso deixa de ser uma missão muito real de desempenhar um papel enorme na vida das almas; missão esta que se efetua no relacionamento “planetas e satélites”.
Ora, essa missão de “planetas e satélites” conduz, por sua vez, a um verdadeiro jogo de sujeições. Aquele que é “satélite” compreende só poder realizar sua missão sujeitando-se à influência, aos conselhos e à autoridade do “planeta”. E, por isso, ele caminha por onde deve.
A verdadeira aseitas do “satélite” consiste, dessa forma, em aceitar a autoridade ou a influência do “planeta”, exatamente como no caso do passageiro e o capitão de navio.
Se quisermos atravessar o oceano, haveremos de nos recolher às naus necessárias e aceitar seus respectivos capitães. E se não os aceitarmos, faremos o papel do bobo que fica urrando na praia, numa atitude sem propósito.
É por essa forma que o jogo de “planetas e satélites” se encaixa dentro da concepção da aseitas. Tem verdadeira aseitas a pessoa que sabe obedecer àqueles a quem deve obedecer. A obediência é uma verdadeira manifestação de legítima aseitas. Por quê? Porque, no fundo, não há possibilidade de se mandar num homem que não quer obedecer, sobretudo quando se trata de conduzi-lo ao bem. Quando se trata de levá-lo ao mal, isso ainda pode ser discutido.
Posso conceber, por exemplo, que, numa conjuração de bandidos, alguns fiquem escravizados a outros e não consigam romper o jogo. Mas, quando se trata do bem, isso é profundamente diverso.
Ninguém é capaz de praticar os Mandamentos sem o auxílio da graça
É um dogma da Igreja que, sem a graça, ninguém pode praticar, duravelmente, todos os Mandamentos da Lei de Deus. Esse é um ponto de partida para o qual devemos nos voltar continuamente, se quisermos conhecer e ter em mente os problemas da vida espiritual.
Imaginemos o homem mais fascinante, mais inteligente, mais sábio, mais perfeito, mais elevado, mais atraente, mais ameno — que foi Nosso Senhor Jesus Cristo em sua Humanidade —, exercendo toda essa superioridade pessoal sobre o ínfimo dos homens, com uma influência acabrunhadora, portanto. Se este último fosse convidado a passar cinco anos a sós com Jesus — considerado apenas em sua natureza humana —, o qual somente se dedicasse àquele; pelo mero jogo de superioridade natural, Nosso Senhor não conseguiria fazer que esse homem praticasse duravelmente todos os Mandamentos.
Porque isso é uma coisa sobrenatural e não há influência natural nenhuma que o possa conseguir.
Na primeira ocasião que se apresenta, o indivíduo aproveita e comete um pecado, e daqueles enormes!
Ao cabo de um ano, ele estará procurando assassinar Nosso Senhor Jesus Cristo: “Acabo com esse bruto, pois estou farto dele! Não sei por que, mas estou farto!”
É o epílogo! Sem a pessoa querer, é impossível levá-la para o bem.
Crer possível levar outrem à virtude por intimidação, ou pelo valor pessoal, é tolice e primarismo
Portanto, na relação “planetas e satélites”, quando alguém consegue levar a outrem para o bem, isto se dá exclusivamente pelo fato de outrem querer ser conduzido. Não entra uma intimidação ou um fator de valor pessoal no êxito deste relacionamento. O “planeta” que pensa conseguir levar o “satélite”, fazendo-se brilhar aos olhos deste, como sendo mais talentoso e tendo mais personalidade, não compreendeu o “bê-á-bá” do assunto. Não há intimidação nenhuma no mundo, que leve um homem a praticar a virtude. O defeito nunca leva à virtude; só a virtude conduz à virtude. Portanto, raciocinar nesses termos é uma estultice, um absurdo.
O “satélite” só obedece ao “planeta” porque este último o leva para onde ele quer ir
No fundo, o “satélite” que pratica a virtude por injunção de um “planeta”, o faz porque quer praticá-la e se serve do outro para realizar o fim que ele, “satélite”, tem em vista. Ele obedece ao “planeta” porque quer, pois percebe que este o leva para onde ele deseja ir.
Vemos assim como isso é muito legítimo, bom, direito.
A imagem que se poderia usar para compreender o assunto é a de um homem cego que diz a um menino: “Você agora vai me levar até a igreja”. O cego obedece ao menino, mas vai para onde este o conduz porque quer ir. E o menino é, de certo modo, servidor dele.
Na verdade, quem manda é o cego, e não o menino. Este último é um puro instrumento da força de vontade do cego, para, com o apoio do menino, fazer o que quer. É uma afirmação de sua soberania, e não de sua fraqueza.
Poder-se-ia objetar: “Mas sempre há a afirmação de uma fraqueza, porque o indivíduo reconhece a necessidade de ter um chefe.”
A essa objeção respondo que isso não é propriamente fraqueza, mas a ordem posta por Deus no Universo.
Todo o mundo deve ter um superior e se deixar guiar. Isso não é fraqueza, e sim limitação. Trata-se de um ato de humilhação compreensível, pois o indivíduo não é Deus. No fundo, nessa obediência há aseitas, pois quem obedece tem o superior que deseja e se deixa levar porque quer. Tanto é assim que a pessoa precisa lutar para se deixar levar, há um sacrifício em se deixar guiar. E, em última análise, por pouco que não queira, ele se rebela e não se deixa guiar.
Repetimos, então, que o jogo “planeta-satélite” na virtude é inteiramente diferente do praticado no vício. E é nesse jogo, relativo ao bem, que a aseitas perfeita se realiza. A independência e a hierarquia coexistem, e a aseitas se firma na aceitação do “planeta” e da autoridade legítimos, para a realização do seu próprio fim.
Escravidão à opinião pública, alteridade e aseitas
Explanei isso, não para dar ênfase à questão do jogo “planeta-satélite”, mas porque me pareceu importante compreendermos haver uma espécie de virtude, que é um estado habitual de independência, o qual nada tem de contrastante com a obediência.
Sim, independência em relação a essa atração que tem nosso espírito, e o de todos os homens, de se conformar com a opinião dominante, diante da qual a pessoa se deixa intimidar, amarfanhar, arrastar.
Porque todo homem que não pratica essa verdadeira obediência própria da aseitas acaba sendo escravo em relação à opinião pública. E ele é deliciosamente tangido pela massa, liquida-se, dissolve-se no espírito coletivo da massa, torna-se sem princípios, sem segurança, sem independência, sem dignidade, fazendo tudo o que a massa possa querer dele.
(Continua no próximo número)
(Extraído de conferência de 2/9/73)
1) Palavra latina, correspondendo a “asseidade”, em português; pronuncia-se [asseitas].
2) Luz primordial: assim Dr. Plinio denominava a virtude ou o conjunto de virtudes que cada alma é especialmente chamada a admirar.