Dr. Plinio em 1936

Em novembro de 1936, perante correntes que pretendiam separar o Estado de São Paulo do resto do Brasil, Dr. Plinio defendeu a unidade deste grande país mostrando sua importância no panorama mundial:

“Se amamos a Deus sobre todas as coisas, devemos, pois, sobrepor a todos os nossos interesses individuais, domésticos e até nacionais, os interesses de Deus. Pode parecer dura esta afirmação. No entanto, o mandamento reza: “amar a Deus sobre TODAS as coisas”.

(…)

“Quais são, no mundo, os interesses de Deus? A resposta é óbvia. Para conseguir a salvação das almas, Ele não duvidou em enviar ao mundo a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e em permitir Sua Paixão e Morte, para abrir aos homens o caminho do Céu.

(…)

“Duvidaríamos nós em fazer qualquer sacrifício para obter aquilo que arrancou à bondade divina o próprio sacrifício do Calvário?

“Evidentemente, não.

“Mas, dir-se-á: ‘Isto está muito bem para os indivíduos, mas é inaplicável às nações. O fim da Igreja é salvar as almas. Foi para isto que o Salvador A instituiu. Quanto ao Estado, seu fim é meramente terreno.’

(…)

“O Estado Brasileiro, como o Estado Francês, o Estado Italiano ou o Estado Finlandês, tem, pois, uma missão: a de lutar pela Fé e pela civilização.

“Concretamente, como se apresenta para o Brasil esta missão? Ainda aí, não vemos dificuldade em responder.

“A Europa e os Estados Norte-Americanos estão a braços com problemas tremendos. Dentro em pouco — e só os cegos podem contestá-lo — virá um dilúvio internacional: a guerra mundial está a bater às portas da civilização do Ocidente. Depois deste dilúvio, o que ficará da velhíssima Ásia, da Europa agonizante, da América do Norte precocemente arrastada a uma crise mortal? Ninguém poderá dizê-lo. Mas o que é certo é que, à margem deste mundo corrompido e destruído, ficará, virginalmente intacta, a América Latina. E é de suas entranhas, que terá de brotar a nova civilização.

“Se esta civilização for católica, apostólica e romana, estará firmada a humanidade, por muitos séculos, nos caminhos de Deus. Se ela não for católica, quem poderá prever em que erros despenhará a humanidade?

“Para que a América Latina esteja à altura de sua excelsa missão, é preciso, antes de tudo, que ela esteja unida e coesa. Seria, pois, um erro imperdoável, ou uma traição criminosa, que neste corpo de nações irmãs, suscitadas por Deus para a mesma luta e a mesma vitória, se insinuasse o germe da discórdia intestina. Todo reino dividido interiormente perecerá. Di-lo o Espírito Santo. Se a raça latino-americana se dividir, ela será destruída pelos inimigos comuns. Mais do que nunca, é necessária a união sagrada. E a tal ponto é verdadeiro o que dizemos, que um sopro de amor fraterno percorre hoje toda a América do Sul, a irmanar todos os países que nasceram da Igreja e da Ibéria.

“Neste formidável maciço religioso, social, político e econômico, que é a América católica, cabe ao Brasil a liderança. Será ele, dentro desta unidade continental, o grande bloco político que centralizará a direção da política sul-americana e — arriscando-nos a parecer visionários — da política mundial.

“São Paulo será dentro do Brasil o que o Brasil será dentro da América Latina. Fora do Brasil, São Paulo quebrará a coesão continental. E, com isto, terá estragado a obra à que a Providência chama a Terra de Santa Cruz. Para a terra heróica das bandeiras e do café, só há dois destinos: o de rei ou o de desertor.”

(Extraído de “O Legionário” de 22/11/1936)