viernes, noviembre 8, 2024

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Março de 1913 Partida para a Itália

Acometida por penosa enfermidade, em virtude da formação de cálculos na visícula biliar, Dona Lucilia viu-se obrigada a partir para a Europa a fim de ser operada pelo médico particular do Kaiser, Dr. August Karl Bier. Entre os que a acompanhavam não estavam incluídos apenas seu esposo e filhos, mas também irmãos, cunhados, sobrinhos, e sua mãe.

Antes de retornar ao Brasil, como ponto de honra para todo católico, figurava ainda nos horizontes da família a passagem por Roma e a esperança de um encontro com o Sumo Pontífice.

Assim, o jovem Plinio partiu da Gare de Lyon, Paris, em companhia de sua mãe num trem com destino a Gênova.

“Mamãe me contava que quando saímos da capital francesa, rumo à Itália, o trem atravessava os bairros e ela ia sentada, chorando, pois sentia que nunca mais voltaria a Paris. Isso dá uma ideia de quanto ela admirava a ‘Cidade-Luz’.

“Chegamos a Gênova. Lembro-me de nosso hotel e das conversas na família a respeito do cemitério dessa cidade, o qual é muito famoso. Creio que fomos visitá-lo, mas dele nada me recordo.

“Entretanto, aconteceu um episódio muito corriqueiro nessa cidade: minha irmã sofreu uma dor de dentes e fomos ao dentista com ela. Guardo lembrança do consultório, muito simples, sem nada digno de nota.

“A impressão mais forte que tive na Itália foi causada pelo extraordinário sabor do macarrão que comi no hotel. Uns regatoni deliciosos! Lembro-me da Fräulein Mathilde ordenando:

“— Du must dieser Nudeln essen! [Você tem de comer esse macarrão!]

“Eu impliquei com aquele alimento de formato singular, mas como ela obrigou, comi. Entretanto, quando o pus na boca, achei-o fenomenal! Até hoje me recordo do gosto que tive, sobretudo pela manteiga derretida que vinha em cima… E exclamei:

“— Oooh!

“Não conhecia ainda a palavra ‘arquetípico’, mas fiz uma reflexão: ‘Este é o macarrão dos macarrões! E qualquer macarrão que se preze tem de se parecer com este ou não serve para nada…’.

“O embaixador brasileiro na Santa Sé, um gaúcho chamado Bruno Chaves, era muito amigo de um dos meus tios e havia convidado vovó e todos nós para a audiência geral numa sala do Vaticano; mas, nessa época, grassava uma epidemia de gripe muito forte na Cidade Eterna e mamãe temia que Rosée e eu fôssemos atingidos. Por outro lado, estando ela ainda convalescente, os familiares tiveram receio de continuar a viagem. Além do mais, o Pontífice estava doente e não dava audiência nesses dias. Decidiram, então, partir logo para o Brasil.”

(Extraído da obra “Notas Autobiográficas” de Plinio Corrêa de Oliveira)

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