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Amigo da Cruz

Uma das consequências mais prejudiciais do “American way of life”, difundido por todo o mundo por Hollywood, talvez tenha sido incutir nas mentalidades a ilusão de que é possível uma vida sem Cruz; e de que a felicidade está em gozar todos os prazeres — lícitos e não lícitos — que o mundo proporciona. Posteriormente, a televisão e a internet não fizeram senão exacerbar essa ilusão ao máximo. Assim, estamos hoje colhendo os amargos frutos dessa utopia. Como a vida real não corresponde ao mito representado nas telas, “as pessoas inauguram uma série de fraudes psíquicas para levar uma vida como se não sofressem”1, alerta Dr. Plinio. Vem daí a frustração seguida, tantas vezes, pelo desequilíbrio mental, pelo desespero, resultando na fuga para as drogas e para a criminalidade, ou ao menos para a extravagância, de parcelas crescentes da população de todas as idades.

Desconhece-se uma faculdade da alma humana: a capacidade e a necessidade de sofrimento, a que Dr. Plinio chamou “sofritiva”. Quando ela não é atendida pelo padecimento efetivo, a pessoa sente uma frustração no fundo da alma, mais dolorosa do que o próprio sofrimento. Na realidade, “a felicidade da vida consiste em sofrer com conta, peso e medida, em vista de um determinado fim e ter o bom sofrimento que justifica esse fim. […] Como o homem tem essa espécie de capacidade ‘sofritiva’ que precisa se esgotar sofrendo, e como ele sofre mais não sofrendo, a questão é ter um sofrimento que seja, por assim dizer, adequado e proporcionado a ele, que tenha razão de ser e um fim que ele compreenda, e que a alma dele seja capaz de aguentar. Então ele o dá por bem empregado e, com isso, realizou o seu fim.”

Este é o ponto: “a única forma de felicidade verdadeira da vida é conseguir o fim para o qual se existe. Por mais que custe, por mais que doa, por mais que seja difícil, alcançado o fim, a pessoa está feliz!”

Em suma, “não há nada mais adequado para conferir nobreza à alma do que o sofrimento; sem este, não pode haver nobreza para a alma. Depois do pecado original, não há faculdade da alma que adquira a plenitude sem o sofrimento.”

O otimismo metódico pelo qual se quer viver como se o mal e o erro não existissem, é uma das formas de evitar o sofrimento.

Portanto, “o conceber a vida como uma série de sucessos é completamente falso, frustro e errado. A vida não é ter sucesso ou não, a vida é ter feito o dever, o qual, às vezes, é o de não ter sucesso. É o de representar um dos maiores papéis: o do infortúnio digno, do insucesso com elevação de alma, e com isso habituar os outros ao próprio infortúnio. Ser o mestre dos outros no infortúnio é um dos mais nobres papéis na vida!”

1) As citações do presente artigo foram extraídas da conferência de 23/4/1964.

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