sábado, noviembre 23, 2024

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Como enfrentar a dor

Ao receber com alegria um pedido de seus discípulos para discorrer a respeito do amor à cruz, Dr. Plinio traça importantes diretrizes sobre como enfrentar, com Fé e entusiasmo, os sofrimentos inerentes à existência humana.

Nada eu desejava tanto quanto o momento em que filhos meus me pedissem o amor da cruz. Pois se nossa Obra é, de um lado, um instrumento para a conquista do Reino de Maria, de outro é uma semente desse Reino. E não tenho como autêntica essa semente, como sendo efetivamente uma semente, a não ser quando notar nela o amor à cruz.

Grandes alegrias e grandes sofrimentos

É compreensível, portanto, que ao ouvir esta semente me dizer: “Pai, para ser uma semente falta-me ainda o amor da cruz. Dai-me isto!”, eu solte um brado do fundo de minha alma!

Veio-me ao espírito o episódio ocorrido com Constantino, quando ele viu no céu aparecer uma cruz na qual estava escrita a frase “Neste sinal vencerás — In hoc signo vinces”, e pensei: “Ele não terá sentido talvez uma alegria tão viva, tão intensa, quanto sinto no momento em que ouço meus discípulos me pedirem isso.”

A cruz! O que devemos pensar a respeito dela? O que pensar sobre o sofrimento?

As épocas históricas na vida de um povo, de uma área de civilização ou, conforme o caso, na vida da humanidade inteira, são mais ou menos parecidas com as da vida de um homem.

A vida humana padrão, comum, abrange grandes alegrias e também grandes sofrimentos, que se alternam segundo uma ordem disposta pela sabedoria divina, dentro dos planos da providência geral que Deus tem para o comum dos homens, e da providência especial para aqueles que Ele chama, ama particularmente e, portanto, dá vocações especiais.

Remédios, condecorações, sinais de glória

Então as cruzes não entram apenas num aparente acaso do vaivém aparentemente cego dos acontecimentos da vida, mas elas vêm escolhidas como curativos, remédios, como condecorações, sinais de glória.

Timothy Ring
Crucifixo da Catedral de São Paulo, Brasil

Uma por uma, elas são colocadas pela mão do Divino Pastor a rogos d’Aquela por meio de Quem nos vêm todas as graças e, portanto, todas as cruzes. Estas nos chegam em momentos nos quais muitas vezes nós não as entendemos, mas elas se apresentam e temos que suportá-las.

E, neste sentido, há épocas históricas nas quais as cruzes se apresentam para os homens fazendo com que eles sofram muito. De outro lado, existem outras eras históricas em que os homens sofrem menos. Há também épocas históricas em que a alma dos povos está mais sensível à dor, e outras eras históricas em que está menos sensível à dor.

O modo próprio de considerar o que é, ou não é, sofrimento na vida, o que alegra ou não alegra a existência, decorre dessas mutações do espírito humano que vão se dando ao longo da vida de um homem legitimamente; mas que se vão sucedendo também no decorrer da vida dos povos. E que variam no homem de acordo com as disposições do seu temperamento, mutáveis segundo os dias, as circunstâncias, a ocasião; mutáveis nos povos também conforme os dias, as circunstâncias e a ocasião.

O sofrimento é o preço da vitória

Nosso Senhor Jesus Cristo, do alto da Cruz, ofereceu um sacrifício misteriosamente superabundante. Na circuncisão Ele verteu algo do seu Sangue divino. Uma gota desse Sangue — isto é certeza de Fé — teria bastado para operar a Redenção. Mas, por desígnios d’Ele, esse Sangue foi derramado abundantemente ao longo da Paixão e no alto da Cruz.

E esse Sangue seria mais do que suficiente para remir o mundo, mas assim mesmo Ele quis de Nossa Senhora o sofrimento terrível pelo qual Ela passou ao pé da Cruz. De maneira tal que Maria Santíssima é chamada Corredentora do gênero humano. Ela teve tal participação na dor d’Ele, que aquilo compôs, por vontade de Nosso Senhor, o preço que Ele pagou.

Mas o Redentor quer que os católicos, até o fim do mundo, continuem a sofrer com Ele junto da Cruz. E que, quando os ímpios forem punidos, os católicos padeçam também, e muitas vezes sofram mais do que os ímpios e queiram esse sofrimento, porque com isso eles estão comprando a vitória.

A condição da vitória é o sofrimento. A luta tem uma grande significação para a vitória, em muito larga medida porque ela faz sofrer. Se não fizesse padecer, ela teria uma significação muito menor para a vitória. O sofrimento é o preço da vitória. E este sofrimento é tal que — tendo sido os homens resgatados pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, infinitamente precioso, e só pelo sangue d’Ele — sem embargo o Divino Salvador quer, para que isto seja inteiramente útil aos homens, que nós soframos juntos.

Andreas Praefcke CC 3.0
Jesus no Horto das Oliveiras – Catedral Santuário da Virgem de Guadalupe, Texas (EUA)

Um cálice resplandecente com o Sangue de Cristo

Então fica o sofrimento da Cruz, por assim dizer — a metáfora que vou indicar não é teologicamente muito correta — suspenso entre o céu e a Terra, com milhões de almas que o demônio vai tragando, e que Nossa Senhora está chamando com o seu sorriso, sua bondade, suas bênçãos; de um lado, os bons na Terra lutam por essas almas, e, de outro lado, o Inferno está avançando e conquistando.

Entre as duas cenas, imaginem suspenso num Céu maravilhoso apenas um cálice resplandecente, e dentro dele o precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; entre o mal tremendo e o remédio, é preciso que muitos homens saiam da multidão e bradem: “Senhor, caia sobre nós o vosso sofrimento, mas sobre o mundo o vosso Sangue redentor!”

Então, como que o cálice transborda, o Sangue precioso ferve, começa a extravasar e se derrama. Mas na Terra há homens que padecem cruelmente para que isto aconteça. Eles estão pagando o preço necessário para que desça esse Sangue redentor e divino.

Com o sofrimento isso acontece; sem sofrimento isso não acontece. Portanto, é preciso sofrer. E todo o entusiasmo que não conduza a esta resolução de sofrer, é vontade de festa, não de vitória; é desejo de desafogar contra o adversário nosso amor-próprio ferido, de se vingar porque ele nos fez mal, de limpar a Terra da presença abjeta dele, de cem coisas que consultam ao nosso egoísmo, não é vontade da vitória de Deus, Nosso Senhor.

A pessoa que possui vontade verdadeira da vitória d’Ele é aquela que pode dizer: “Ainda que um raio tenha que me torrar e liquidar, um incêndio me consumir, se este é o preço para que eu conquiste tudo o que deveria conquistar, eu quero!”

Não nos iludamos, o caminho, o preço, é este.

Vejo quanto Nossa Senhora visita vossas almas com consolação, com alegria, mas também com sofrimento. Percebo bem, nas ocasiões de provação, os pânicos, os desconcertos, a dor, as dificuldades.

Espero que, se encontrei um olhar sofredor, ele nunca tenha deixado de encontrar no meu olhar a consolação que eu lhe tenha querido dar. Mas é para ajudar a carregar a cruz, para exortar a que, em relação a esse sofrimento, ele seja varão, seja cristão católico! Quer dizer, meta o peito e diga: “Dor, tu és um gládio. Eu vou de encontro a ti até que o gládio me vare!”

Episódio do Horto das Oliveiras

Devemos compreender que a vida sem dor é uma espécie de “mula sem cabeça”, é a “mãe da natureza”, não tem sentido. No momento em que falta a dor, a cruz dentro do nosso panorama, é porque o panorama está mal visto.

Mas essa dor nós temos que entender como enfrentá-la!

Para compreendermos quais eram as disposições de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao longo da sua Paixão, devemos prestar atenção nos Santos que o exemplo d’Ele foi suscitando ao longo da História. Tudo quanto eles sentiram diante de suas próprias dores, Nosso Senhor sentiu de um modo infinitamente mais perfeito, e foi assim que Ele enfrentou a Cruz.

Então, quando se toma o episódio adorável do Horto das Oliveiras — episódio que entre todos me toca, porque é a hora em que Nosso Senhor mediu o tamanho do cálice e disse “Eu quero!”, e fechou este trato com o Padre Eterno: “Meu Pai, se não há outro remédio, compro por esse preço esses filhos que Vós quereis que Eu resgate e que quero resgatar. Eu aceito!” —, percebe-se que havia em Jesus a grande dor clássica d’Aquele que o Antigo Testamento chamava Vir dolorum1, o Varão de todas as dores, suando sangue no isolamento, durante a noite. E isto ocorreu enquanto a cidade dormitava à espera de acordar para o grande crime; e nas trevas da noite Judas e os outros deicidas já estavam com a trama feita, e começavam a procurá-Lo para matá-Lo.

Mas havia n’Ele o entusiasmo de Carlos Magno, o ímpeto dos Cruzados, o fogo de São Luís ou de São Fernando, ou do Bem-aventurado Nun’Álvares Pereira2 e de todos os guerreiros cristãos de todas as épocas. E também a ênfase de todos os Doutores, de todos os apologistas, a severidade de todos os teólogos, as desconfianças de todas as inquisições equilibradas e santas, o ímpeto de ação de todos os missionários; tudo isso havia neste passo decidido com que Jesus tomou a Cruz e levou-A até o alto do Calvário!

Nesta Terra ninguém escapa da dor

Nós não interpretamos Nosso Senhor por inteiro se O vemos sentado, vestindo a túnica de bobo, com a coroa de irrisão na cabeça, e não pensamos que Ele carregou essa coroa com altivez muito maior do que Carlos Magno haveria de levar a sua.

Quer dizer, todos os belos atos de virtude praticados nas vastidões da História da Igreja até agora, e até o fim do mundo, encontram sua raiz naqueles fatos da vida de Jesus, Nosso Senhor. Recompondo esses atos de virtude e remontando até a raiz, compreendemos o que nesta havia. Mais ou menos como quem toma a raiz de uma planta: se não viu a flor nem o fruto que a planta dá, não conhece o conteúdo verdadeiro da raiz.

Karl-Heinz Meurer CC 3.0
Martírio de São Thomas Becket – Igreja de Santa Maria, Waase (Alemanha)

Ora, as frutas e as flores que Nosso Senhor deu foram essas, e não medita bem na Paixão d’Ele quem não é capaz de tomar a História da Igreja hoje e remontar para trás, até os dias de Nosso Senhor, e procurar no Sagrado Coração d’Ele todos esses aspectos que ali havia de um modo superexcelente.

Nesse sentido, todo o entusiasmo, todo o fogo de São Paulo, toda a firmeza de São Pedro depois de Pentecostes, todo o amor extático de São João, tudo, até as coisas mais recentes que estão acontecendo neste momento por amor a Ele, e que nós não sabemos, reproduzem uma aceitação da Cruz de Nosso Senhor, com um aspecto moral que a santíssima humanidade d’Ele tinha no momento que Ele sofreu.

A morte. O Céu está cheio de almas que passaram pela morte, a qual é sempre uma dor. É uma dor até para as criancinhas que morrem batizadas, sem consciência; no momento de morrer, elas sofrem — às vezes doenças crudelíssimas — e aparecem logo para receber, sem julgamento, a glória do Padre Eterno. Mas levam o seu contributo: elas sofreram. A vida é assim.

Certa vez, li numa revista francesa: “On entre, on crie: c’est la vie; on crie, on sort: c’est la mort — Entra-se e geme-se: é a vida que começa; geme-se e sai-se: é a morte.” Até as criancinhas entram com a sua moedinha de dor!

Fé e entusiasmo

Vemos, então, que vil sonegador de impostos é o tipo que faz o seguinte raciocínio: “Eu não quero sofrer porque é muito duro. Quero todo o resto. Mas como não posso sonegar todos os sofrimentos que tenho diante de mim, vou padecê-los mal sofridos, meio fraudulentamente, porque, no total, quero fazer parte da parada da vitória.”

Isso não tem sentido!

Na essência, o que é entusiasmo, convicção, Fé?

Fé é uma convicção adquirida em conformidade com as leis da razão, mas de fato incutida pela graça. Esta convicção deve ser tão forte, que o homem esteja disposto a morrer por ela. Porque o homem crê, e no momento em que ele creu lhe é dado o primeiro ato de amor, mas no primeiro ato de amor vem este pedido e esta exigência: morrer por Deus, se for necessário.

Amar a Deus sobre todas as coisas é isto; amar o Criador exceto em caso de morte não seria amá-Lo acima de tudo. Então, a Fé firme gera este amor à cruz, este desejo de pagar o tributo da cruz.

O que é o entusiasmo? É uma forma tal de amor, pelo qual a pessoa não aceita o sofrimento apenas com resignação, mas tem desejo de sofrer.

No que consiste esse desejo? Em pensar do seguinte modo: “Percebo que algo eu tenho que pagar, quero pagar, e terei vergonha por não fazê-lo. Mas vejo mais: há gente que não paga e a quem Nossa Senhora ama também e quer salvar. Compreendo que, se eu sofrer, concorro para a salvação daqueles que Ela quer salvar. Então, eu quero sofrer! Quero de um querer sobrenatural e varonil, católico, apostólico, romano!” É o ato de vontade fecundo que produz de fato o sacrifício.

O entusiasmo é filho da Fé e da razão, e está baseado na constância.

Reprodução
Santo Agostinho e Santa Mônica assistem ao sermão de Santo Ambrósio – Museu de Arte da Catalunha, Espanha

Pode acontecer que, vendo uma alma que Maria Santíssima quer salvar, eu note, pelas circunstâncias, que Ela quer tanto salvá-la que, provavelmente, quando eu tiver sofrido por ela e ela for resgatada, Nossa Senhora vai amá-la mais do que a mim. Vou ficar, portanto, num segundo plano na dileção d’Aquela por Quem eu dou tudo.

Um grão de areia que faz mover um imenso astro

Por exemplo, imaginemos alguém numa cidade do Império Romano do Ocidente, já evangelizado, que vê passar pelas ruas de Milão um jovem, roçando pela idade madura, com olhar de fogo, inteligentíssimo, deita os olhos sobre ele e percebe um chamado.

Esse jovem é um devasso, tem maus costumes, e frequenta um templo herético. É alguém que recusou todas as graças.

O observador olha e diz: “Entretanto, o chamado continua. Ele será um colosso se disser sim, mas para isso Nossa Senhora quer que alguém sofra. Minha Mãe, para que ele seja mais do que eu, Vos dê uma glória que não fui chamado a Vos dar, para que Vós o ameis mais do que a mim, e para que eu, no meu desinteresse, veja a vossa predileção por ele, ame a vossa predileção e vos glorifique, eu Vos dou o que sou, tão pouco e tão zero. Quem sabe se, desta gota que sou eu, Vós tirareis o necessário para converter este homem que se chama Agostinho, tem uma boa mãe chamada Mônica e nasceu em Cartago?”

Esse observador é talvez um homenzinho que está pedindo esmola à porta da igreja, ou um pobre escravo convertido, ou um medíocre atolado no arenal da pequena burguesia, que ninguém conhece e resolve aceitar uma coisa dessas.

Ele volta para casa, está se sentindo normalmente bem e de repente sofre um ataque cerebral. Começa a cavalgata das dores e a morte que vem.

Em certo momento, pouco antes de ele morrer, um Anjo lhe aparece e diz:

— Meu filho, julgas que sou teu Anjo da Guarda. Sou muito mais do que ele. A ti foi dado um Anjo servidor e vassalo meu; eu sou o suserano de teu Anjo da Guarda. Sou o Anjo da Guarda de Agostinho, por quem morres, porque homens como Agostinho são tutelados por Arcanjos e não por Anjos. Eu venho te dizer que Agostinho está se convertendo, ele terminará a conversão no momento em que tu expirares.

E o moribundo responde:

— Mônica gerou para a Terra Agostinho; e depois o gerou o para a santidade, pelas suas inumeráveis dores e tormentos. Faltava esta pequena nulidade para se acrescentar a tudo isso. Eu fui o pequeno grão de areia que pôs a mover esse astro imenso. Morro em paz. Magnificat por Agostinho!

Mattis CC 3.0
Nossa Senhora Assunta ao Céu Catedral de Bolzano, Itália

É preciso levar o nosso desinteresse até lá! Se não, nada feito.

Então, devemos querer que os outros sejam mais santos do que nós, desde que sejamos tão santos quanto seja o desígnio de Deus a nosso respeito.

Se quisermos ser fortes, devemos rezar e receber a Sagrada Eucaristia

Há almas a quem Nossa Senhora pede: “Meu filho, tu és feito de tal maneira, tua constituição física, psicológica, o passado que carregas nas veias e tudo o mais são tais, que te é dado agora fazer um ato de vontade de aceitação — ou rejeição —, que marcará tua vida de modo decisivo. Diga “sim”, mas diga já, de boca cheia, de coração cheio, e durante toda a vida vá dizendo “sim” cada vez mais, porque um pouco que afrouxares diminuirá o brilho de teu “sim” final. De ti Eu quero que sejas como uma trombeta profética soando cada vez mais alto, implacável na exigência consigo mesmo, até que tenhas dado o último tom, e os céus e as terras se movam porque tu tocaste a tua trombeta certa.”

Pode haver almas assim, e elas devem ter uma generosidade total desde o primeiro momento. Mas há almas que não são assim, olham para si mesmas e dizem: “Compreendo que deveria fazer isso. Enquanto Dr. Plinio está falando, estou resolvido a tudo, mas eu me conheço. Depois, vou ser fraco. Tenho força para essa virtudezinha de todos os dias, mas para a grande virtude de um grande lance, quando é que eu vou ter força? E agora, o que fazer?”

Isso é assim com todo mundo. O homem mais fenomenal que pudéssemos imaginar, o mais perfeito… em certas circunstâncias lhe faltam as forças. Nenhum homem tem forças para cumprir duravelmente os Mandamentos na sua totalidade. E, portanto, ele precisa de uma força sobrenatural, com a qual ele pode tudo.

Se ele não rezar e não pedir é um derrotado, um espaventoso, um fanfarrão. Ele poderá até se fazer passar por um herói, mas não será verdadeiramente um herói aos olhos de Deus.

Portanto, é preciso ser humilde e reconhecer isto a respeito de si mesmo e dizer: “Eu tenho que pedir, pedir, pedir, até o momento em que efetivamente seja atendido.”

Pedir como, a quem?

As primeiras “Salve-Rainhas” que rezei aos pés de Nossa Senhora Auxiliadora3 foram porque eu me sentia pavorosamente fraco. Fui fraquíssimo, debilíssimo, e eu pensava que “salve” queria dizer “salvai-me”; não sabia que era uma saudação. Então eu a rezava com esse sentido.

Muitíssimas vezes eu ainda rezo dando à palavra “salve” o mesmo sentido ingênuo e errado, mas que corresponde ao apelo de minha alma: “Salvai-me, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança, nossa. Salvai- me agora, neste momento, nesta situação, nesta ocasião, deste modo. Salvai-me, eu vos peço, salvai-me!”

E Nossa Senhora nunca faltou.

Se quiserdes ser fortes, rezai a Salve-Rainha e alimentai-vos com o Pão dos fortes, do qual o maná não foi senão uma prefigura: a Sagrada Eucaristia.

Quem comunga e reza a Salve-Rainha torna-se forte, se desejar a fortaleza.

(Extraído de conferência de 18/9/1982)

1) Is 53, 3 (Vulgata).

2) Canonizado em 26/4/2009.

3) Ver Revista Dr. Plinio n. 1, p. 4-7; n. 100, p. 33-34.

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