A festa de Nossa Senhora Rainha é, talvez, a mais oportuna de ser lembrada nos dias em que vivemos, porque à medida que a realeza da Santíssima Virgem é contestada, nós a devemos proclamar.
Sendo Nossa Senhora a Mãe de Deus, Ele quis honrá-La concedendo-Lhe a realeza sobre todo o universo: os Anjos, Santos, homens vivos, almas do Purgatório, condenados e réprobos do Inferno, e demônios; todos A obedecem. Há, portanto, uma mediação de poder e não apenas de graça, pela qual Deus executa todas as suas obras por meio de Nossa Senhora. Ela possui o cetro, de modo a ser não só o canal por onde o império de Deus passa, mas a Rainha que decide, sempre em conformidade com a vontade divina, no entanto, com uma piedade de Mãe que Ele não poderia ter, por não estar no seu papel de Pai e Juiz. Assim, a realeza de Nossa Senhora sobre o universo é uma obra-prima do que poderíamos chamar a habilidade de Deus para ter misericórdia dos homens.
Lembrado este princípio da universalidade da realeza de Nossa Senhora, devemos nos perguntar se em nosso interior Ela é Rainha de fato. Para isso, não basta saber se estamos em estado de graça; é necessário ir mais longe e nos questionarmos se temos o espírito da Revolução ou da Contra-Revolução. Se a Revolução é a negação do Reino de Maria, quem participa de seu espírito não pode dizer que contém em si esse Reino, pois ele só existe na alma de quem possui, positiva e completamente, o espírito contrarrevolucionário.
Participa da Revolução todo aquele em cuja mentalidade existem ideias e tendências consentidas que conduzem a conclusões e atitudes revolucionárias. Devemos, pois, nos esforçar para que não exista em nós eiva alguma de Revolução, de maneira que os mais puros princípios contrarrevolucionários estejam entronizados em nossa alma e sejamos verdadeiros adeptos da Contra-Revolução.
Por outro lado, não basta que Nossa Senhora seja Rainha em cada um de nós. É preciso que façamos o possível para que Ela reine no mundo inteiro. Para isso, convém nos perguntarmos o que fazemos pela realeza de Maria na Terra. Somos apóstolos contrarrevolucionários? Ou somos inseguros, medrosos, calados, tendo condescendências para com as máximas do mundo?
Em face dessas questões, peçamos à Mãe de Misericórdia que arranque de nossas almas qualquer fermento de Revolução; que Ela nos fale, no fundo de nossos corações, mostrando o que devemos fazer para sermos autenticamente contrarrevolucionários.
Imploremos que diante de nós desponte a alvorada do Reino de Maria com a comunicação das graças mariais que farão destes seus filhos e escravos, os verdadeiros Apóstolos dos Últimos Tempos1.2
1) Apóstolos profetizados por São Luís Maria Grignion de Montfort, especialmente devotos da Santíssima Virgem, que trabalharão pela instauração do Reino de Maria.
2) Cf. conferência de 22/5/1968.