jueves, noviembre 21, 2024

Populares da semana

Relacionados

Tochas vivas do amor de Deus

É necessário estabelecer a união completa da Igreja com seus próprios filhos e isto só é possível com a prática dos Dez Mandamentos. Se as almas deixarem a superficialidade e procurarem sempre uma explicação profunda de tudo quanto existe, haverá uma verdadeira escola de amor de Deus, formando homens com uma noção de conjunto de todo o criado, sobretudo da Igreja Católica, que é a maravilha do universo.

Vicente Torres
Profeta Abdias – Congonhas do Campo, Minas Gerais

A Igreja, em matéria de opinião púbica, deve ter em vista três objetivos. Em primeiro lugar, aumentar ao máximo a união dos que lhe pertencem com ela. Depois, atrair os que estão fora e fazê-los entrar no grêmio dela. Por fim, reduzir ao máximo, e se possível totalmente, os meios de ação dos que se recusam a entrar.

A prática do Primeiro Mandamento e o amor a tudo que é conforme a Deus

Desde que essa tríplice tarefa esteja atingida por inteiro junto à opinião púbica, a Igreja venceu a partida. Uma consideração inteligente dos objetivos dela deve ser sempre classificada nesses três pontos.

No entanto, não são objetivos paralelos que se equivalem, mas cada um é condição para o outro. Se os membros da Igreja forem muito fervorosos atrairão muita gente; e se atraírem muita gente terão facilidade em reduzir a nada os que se recusarem a entrar.

Em suma, o importante é atrair e estabelecer a união completa da Igreja com seus próprios filhos. Ora, ninguém é capaz de produzir algo que não sabe. Logo, nós precisamos saber no que consiste essa perfeita união para produzi-la.

Segundo a opinião corrente, essa união consiste na prática dos Dez Mandamentos. Realmente, isso tem todo fundamento porque pela prática do Decálogo o indivíduo se une a Deus.

Entretanto, o Primeiro Mandamento da Lei de Deus é condição para todos os outros, ou seja, todos os Mandamentos só são bem cumpridos na medida em que aquele for bem observado.

A respeito do Primeiro Mandamento existe tal ignorância e tanto entulho de ideias erradas que, para se produzir a verdadeira e plena união dos católicos com a Igreja, é preciso, antes de tudo, purificar, desentulhar de meias verdades – quando não de erros – as noções a respeito desse Mandamento.

Eu sei, pela razão e pela Fé, que Deus existe e que Jesus Cristo é Deus. Então, devo amar a Deus Uno e Trino e a Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus, com toda a minha alma.

Tomas T.
Nascer do Sol na Praia das Conchas, Cabo Frio, Rio de Janeiro

Ji-Elle(CC3.0)

Contudo, há de nossa parte uma espécie de sofrimento por termos que amar um Deus invisível. Mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar tanto quanto estava na Galileia no tempo de sua vida terrena, é invisível.

Ora, está na natureza humana, feita de alma e corpo, sentir a necessidade de ver para amar. Por isso Deus criou uma quantidade enorme de seres que são ora imagem, ora semelhança d’Ele, para, de algum modo, O amarmos através do conhecimento das coisas visíveis.

Ou seja, não se ama a Deus apenas no Céu, mas na Terra as coisas que Ele criou e Lhe são conformes. Tudo quanto há de belo, de grandioso, de bom na natureza, no homem e sobretudo na Igreja Católica, que é a obra-prima da Criação de Deus, deve-se amar porque é semelhante a Ele.

Quer dizer, existe uma ideia da imagem, da semelhança de Deus que faz com que, para praticarmos o Primeiro Mandamento, devamos ter esse amor a todas as coisas conformes ao Criador e, portanto, horror correlato às que aberram disso.

Formação de uma escola de amor de Deus

Então, faz parte do amor de Deus, por exemplo, sabermos dar o devido valor, amarmos uma pérola, um belo panorama porque, de algum modo, são imagens do Criador. E termos horror às matérias putrefatas, em deterioração, imundas, aos bichos que são símbolos do mal. Enfim, tudo quanto na natureza lembra o pecado, o erro, deve nos inspirar repulsa.

São Tomás de Aquino afirma que, por ocasião do Juízo Final, não só os réprobos, mas as matérias imundas que houver na Terra vão ser atiradas no Inferno porque são próprias para os demônios, seus consectários. Devo ter ojeriza ao demônio e ao que é conforme a ele; e amor ao que é belo, ordenado, elevado, condizente a Deus.

Assim, trata-se da formação de uma escola de amor de Deus que não se aprende nas aulas de Catecismo, a respeito do Deus invisível. O principal é amar ao Deus invisível, mas é indispensável termos amor às coisas visíveis que são segundo Ele. E ojeriza às coisas visíveis que são à maneira do erro, do pecado e do mal, as quais devem ser eliminadas.

Isso é essencial para que se produza na Terra o verdadeiro amor de Deus.

São João diz uma coisa curiosa, numa de suas epístolas: “Se vós não amais o próximo que vedes, como amareis a Deus que não vedes?” (cf. 1 Jo 4, 20).

As coisas visíveis têm com o Criador uma certa relação de semelhança se forem homens, e de imagem se forem materiais. Sabemos que Deus não é uma pérola, entretanto podemos imaginar as qualidades de Quem criou a pérola, como através de uma obra de arte conseguimos conjeturar como é a alma do artista. Isso sucede mais ainda com o homem, que é semelhança de Deus.

Vendo, por exemplo, Santo Odilon tão bom, magnífico, como seria Deus em relação ao qual ele é apenas uma pálida semelhança? Então, por essas formas vamos adestrando a nossa alma para, através do visível, amar o invisível.

Para a “heresia branca”1, a definição de pérola é: bolinha que deve ser vendida para dar esmola aos pobres.

Dois modos de praticar o amor de Deus

Há, portanto, dois modos de praticarmos o amor de Deus: considerarmos e amarmos o que sabemos d’Ele estritamente pela Teologia e pela Filosofia ou contemplarmos as criaturas que são imagens e semelhanças do Criador para, vendo nelas um reflexo de Deus, melhor O amarmos. O fundamento desse segundo modo está em que o homem, sendo feito de corpo e alma, tem necessidade de ver para conhecer e amar.

Flávio Aliança
Santo Odilon e atual mosteiro de Cluny

Divulgação (CC3.0)

É preciso distinguir duas coisas: Deus existe e como Ele é. A respeito de sua existência, há várias provas, entre as quais a primeira é a Causa causarum2.

Na ordem lógica, pelo fato de que Deus é um Ser absoluto se deduz que Ele é o Sumo Bem, a Verdade. Mas esses conceitos ficam mortos na ordem psicológica enquanto não são conferidos com as coisas que se veem.

Consideremos o ouro e o ferro. O ouro se assemelha mais a Deus segundo um quid dominante, mas a dureza do ferro imita mais a eternidade do Criador do que a maleabilidade do ouro. Entretanto, a incorruptibilidade do ouro imita mais a própria eternidade de Deus do que a facilidade com que o ferro se deteriora.

Como dos sentidos do homem o mais cognoscitivo é a visão, a beleza, a excelência do ouro salta muito mais à vista do que a do ferro. Então, como imagem da beleza divina, aquilo que entra mais nos sentidos é a pulcritude do ouro.

Partindo das realidades visíveis ou invisíveis à busca de Deus

Há dois tipos de alma: as que têm grande facilidade em compreender que toda realidade visível é secundária em relação à realidade invisível; por meio do raciocínio, da reflexão, não se detêm nas considerações das coisas visíveis e entram logo na especulação dos bens invisíveis. Existe outra espécie de alma que, em vez de voar por cima das coisas visíveis e se engolfar na especulação filosófica ou teológica, tem uma verdadeira necessidade de considerar as criaturas visíveis. E na observação de cada uma delas, ir formando uma ideia, que no fundo é uma imagem global de Deus.

Essas são as duas espécies de almas que existem dentro da Igreja Católica. Algumas são abstrativas, teológicas, filosóficas; outras, pelo contrário, são artísticas, culturais, voltadas para as coisas da Terra no sentido de encaminhá-las para Deus.

Gabriel K.
Mosteiro beneditino de Subiaco. Ao lado, São Bento – Mosteiro de São Bento, São Paulo

Gabriel K.

Um Santo do Oriente antigo quis unir-se a Deus e resolveu morar no fundo de um poço, para onde lhe mandavam água e um pão, diariamente. E ele ficou lá até o fim de sua vida porque não queria que a consideração das coisas terrenas visíveis o afastasse de Deus. Eu acho isso sublimíssimo.

Não devemos ver aqui apenas um lado lindo: a penitência. O mais bonito é imaginar esse homem – a quem o grito de uma criança ou o latido de um cachorrinho distrai e atrapalha, e que nem perde tempo para olhar o alto do poço para ver o Sol ou a Lua – meditando, elucubrando: “Deus é sumo…” etc. Lê um pedaço da Bíblia, interpreta, constrói uma doutrina que é uma verdadeira maravilha.

É sabido que dois grandes Santos, São Bento e São Bernardo, procuravam, pelo contrário, as belezas da natureza para chegarem a Deus.

São Bento gostava dos montes, edificava mosteiros em píncaros magníficos, desvendando paisagens assombrosas. São Bernardo apreciava os vales suaves, encantadores, risonhos, onde se tomava um contato amistoso com a natureza irmã.

Como isso é diferente do homem do poço, que consideraria uma montanha uma distração e o vale algo mundano! Na realidade, são duas famílias de almas muito pronunciadamente distintas e ambas convergem para a glória da Igreja Católica.

São Tomás de Aquino, por exemplo, era da primeira família, enquanto o grande fluxo dos Santos foi da segunda. São Francisco de Assis, cantando os irmãos passarinhos, o irmão Sol, a irmã Lua, transformou o que via num poema para se aproximar de Deus.

Almas voltadas para o sobrenatural, o eterno

A distinção dessas duas vias é fácil compreender. Mas não é fácil entender o que as une ou por onde são a mesma coisa: a tendência ao extraterreno, ao sobrenatural, ao eterno.

Essa fundamental impostação do espírito – pelo qual o terreno não basta, quer dizer, nem ele se explica a si próprio, nem nos satisfaz só por si – é um ponto que acho capital para entendermos os problemas de opinião púbica na Igreja.

De um jeito ou de outro, devemos ter almas voltadas para o extraterreno, o absoluto, desejando a explicação profunda das coisas. E a fim de que a alma tenha completa união com a Igreja, é preciso, portanto, que ela deixe toda forma de superficialidade, de tédio no considerar o extraterreno e abandone o gosto pe lo que é apenas efêmero para a consideração do absoluto.

Arnaud 25(CC3.0)
São Bernardo – Mosteiro de Santa Maria da Oliva, Navarra e Abadia de Cister, Saint-Nicolas-lès-Cîteaux, Borgonha.

Flávio Lourenço

Eu diria que esse feitio de alma não chega a ser prévio ao Primeiro Mandamento, mas é quase. Quem não tem a alma configurada assim é incapaz de cumprir o Primeiro Mandamento. Por causa disso, quanto mais a Igreja trabalhar para as almas serem desse modo, mais terá almas unidas a ela.

Entre os católicos, qual é hoje o grande óbice a isso? Ainda é a “heresia branca” porque leva a pensar que se poderia viver feliz nesta Terra, desde que se tenha dinheiro e saúde. Como Deus nos manda caminhar para o Céu – e dizem que lá é mais gostoso –, então vale a pena ir. Mas se se pudesse não passar pela tal morte seria muito melhor, pois os adeptos da “heresia branca” se satisfazem por inteiro com esta vida. Eles não têm o gosto do eterno, do absoluto, do perfeito, mas só querem o gostoso terreno.

De outro lado, muitas almas que têm o feitio de espírito bom, vendo a “heresia branca” em toda a parte, não percebem que os verdadeiros membros da Igreja as apoiariam.

Explico melhor. Há uma porção de pessoas, às vezes católicas, que possuem o feitio de espírito reto, e que gostariam de, por exemplo, na consideração das coisas terrenas, ir até o fundo, ver o lado absoluto delas.

Imaginemos uma alma que, na presença de uma pérola, gostaria de amá-la como católico. Ela vai falar com um confessor “heresia branca”, que lhe aconselha:

— Meu filho, vaidade do mundo! Quanta gente por pérolas se tem perdido! É melhor vender logo esta pérola e dar o dinheiro aos pobres.

— Mas, padre, esta pérola é uma ocasião de pecado que Deus criou? É assim que o senhor define uma pérola? Se não é, eu quero examinar, a propósito de pérolas, pedras preciosas, coisas nobres, como elas me conduzem a Deus.

— Filho! Muitos têm ido para o Inferno com isto!

— Então, por que há joias na tiara do Papa, padre?

Não bastam ter ideias fragmentárias sobre Deus…

Eu conheci um sacerdote assim. Naturalmente, padres com essa mentalidade estavam feitos para o progressismo. Se um homem, desejoso de considerar as coisas a fundo, pensasse: “Gosto muito de castelos e quereria encontrar na Igreja um apoio para meu tentamen3 de, na consideração de castelos, subir até Deus.”

Certo dia, ele expõe esse tema a um padre que lhe diz:

“Filho, não o castelo… a choupana do Bem-aventurado Francisco, o irmãozinho da pobreza, sim. Não olharás os castelos dos grandes porque é mais fácil um elefante passar por uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus!”

Então, vamos acabar com tudo que é grandioso, belo? A frase de Nosso Senhor, a vida de São Francisco de Assis são sublimes, mas o resto é uma besteirada.

Uma porção de pessoas de espírito sério querem, por exemplo, num país onde há condenação à morte, assistir à execução de alguém para ver uma imagem do juízo de Deus. O padre “heresia branca” estremece:

“Filho, quem se compraz com o derramamento de sangue terá o seu sangue derramado, como disse Nosso Senhor (cf. Mt 26, 52). Quem com ferro fere, com ferro será ferido!”

Jesus afirmou isso não nesse sentido; não deu uma interpretação tola à frase.

Há almas sérias que poderiam procurar a Igreja para a satisfação de suas apetências verdadeiras, legítimas, mas diante da “heresia branca” fogem.

Arnaldo Ovelha
Castelo de Sully-sur-Loire

Aqui está um que, durante muito tempo, ficou com medo de se afervorar, para não ficar com jeito de carola. Eu era menininho e, na Igreja do Coração de Jesus, via uma carola pedir ofertas. Para mim, era a personificação da pessoa modelada pelo padre que estava celebrando a Missa. Tão boba, com uns sorrisinhos e modos afetados que eu pensava: “Meu Deus, o que vai acontecer comigo se ficar a versão masculina deste dinossauro que está aqui?! Não quero ser assim.” Graças a Deus não recusei o chamado de Nossa Senhora, mas fiquei na soleira da porta durante muito tempo. Entretanto, muitos cretinos não percebiam isso e se deixavam levar.

Vemos aí um ponto do equívoco do recrutamento no tratar a opinião púbica. E, devido à “heresia branca”, não se atrai quem se deve, mas quem não se deve. Os que frequentam as igrejas o fazem para ter uma vida tranquila na Terra: “Esse Deus é tão iracundo que mais vale a pena andar bem com Ele. Nós rezamos e, por essa causa, não temos dor de garganta, ganhamos dinheiro, etc.” Quer dizer, fazem do Criador uma espécie de loteria esportiva para tirar prêmios. Assim, muitas almas que não são capazes desse amor de Deus enchem as igrejas.

Existe um outro problema que é para a família de almas à la São Bernardo e São Bento, e não para o homem do poço. Não basta fazermos uma ideia fragmentária de Deus. A pessoa vê uma bonita pérola, ouve os belos sons de um trovão, são segundo Deus. Observa um charco horroroso que dá a ideia da podridão moral, a qual é contrária ao Criador. Analisa uma virtude que é nobre, conforme Deus; um vício que Lhe é contrário, e ela o execra. Não basta ter impressões que nos levam a Deus, umas pela afinidade, outras pela rejeição. Mas é necessário formar uma mentalidade una, segun do a qual nós mais ou menos temos ideia de como é Deus, à vista dessa multidão de aspectos.

…é preciso formar a mentalidade católica

O Gênesis narra que Deus, depois de ter criado tudo quanto criou, viu que cada coisa era boa e o conjunto era esplêndido. Então, precisamos ter uma noção de conjunto do universo que Deus criou, e sobretudo da Igreja Católica que é a maravilha do universo. O conjunto do espírito e das belezas da Igreja, dos Anjos, dos Santos, das instituições, das virtudes, dos pontos culminantes da História.

Flávio Lourenço
Criação do mundo – Colegiata de Santa Maria da Aurora, Manresa, Espanha

Essa visão de conjunto une nossas almas a Deus e se chama mentalidade católica. Quem a possui tem senso católico. Qual é a distinção entre a Fé e a mentalidade católica?

A Fé é a adesão da inteligência à verdade revelada e, portanto, ao magistério da Igreja.

A mentalidade católica é um fruto da Fé. Quem julga todas as coisas segundo a Fé, formando a tal ideia de conjunto, tem mentalidade católica.

Outro problema de opinião púbica é o seguinte. De fato, por causa da “heresia branca” dos católicos bons, que não são progressistas, grandíssimo número deles tem a ideia de que é preciso não julgar as pessoas porque, dizem, é falta de caridade.

Giotto di Bondone(CC3.0)
Cena da vida de São Francisco – Basílica de São Francisco em Assis

É incontável o número de pessoas “heresia branca” que se puseram na cabeça a ideia de que não se deve julgar porque só Deus é Juiz. É um trocadilho miserável sobre a palavra “julgar”. Não posso dizer que um indivíduo é ladrão porque não sou juiz de Direito? É uma tal imbecilidade que num concurso de imbecilidades essa ganharia de longe.

Qual é o resultado? Se não julgo as pessoas, não sei apreciar nem as virtudes nem os vícios. Logo, não amo a Deus.

São duas missões da Igreja face à opinião púbica: atrair os espíritos sedentos de absoluto, e depois formá-los para isso.

Ordem religiosa com a plenitude do espírito da Igreja

O que deveria fazer um papa?

Só vejo uma possibilidade. Ao subir ao trono de São Pedro, o pontífice, visando as pessoas capazes de compreender isso pelas vastidões da Terra, deve educar o gosto católico por meio de uma reconstituição histórica, apresentações de coisas bonitas, maravilhosas, e também de coisas execráveis, de maneira a reconstituir a mentalidade católica.

Depois, dar uma versão verdadeira da História, em que os grandes celerados fossem fustigados e os homens de valor, santos ou canonizáveis, altamente recomendados. Enfim, por todas essas formas, dar um sopro novo a essa mentalidade.

Arquivo Revista
Dr. Plinio em 1972

Aconteceria, creio eu, uma das maiores convulsões que a Igreja Católica poderia sofrer. Porque tenho a impressão de que um número não pequeno de gente de fora entraria e um número enorme de gente de dentro se sentiria tão mal que acabaria se revoltando e saindo. Ocorreria uma espécie de troca de atores no palco assombrosa, que seria para a Igreja uma convulsão perigosíssima a qual, entretanto, não a abalaria porque o Espírito Santo a sustenta.

A Igreja é mestra da verdade e precisa ensiná-la. E os cuidados que eram razoáveis para uma época na qual o povo não estava ainda cristianizado não têm cabimento hoje, em que ele não chegou a um tal grau de descristianização que não possa compreender o que lhe seja dito.

Havendo necessidade de se fazer uma tal ou qual preparação ao longo de um, dois, três anos, para ir adaptando os espíritos – não velando a verdade, mas dizendo-a com claridades cada vez maiores –, poderia ser uma coisa prudente.

Flávio Aliança
São Pedro – Catedral de Bayonne, França

Esse papa – é um problema de opinião púbica – deveria fundar uma corrente de opinião possante, se necessário uma Ordem religiosa que tivesse a plenitude desse espírito e pudesse sobreviver ao pontificado dele; sobretudo que os elementos dessa Ordem fossem da Igreja. Porque não basta abater o mal, é preciso em especial dar vigor ao bem. É necessário ensinar com clareza, peremptoriamente, com força, pois mais importante do que desfazer o mal é ter bons ardorosos que liquidem os maus.

Se soubermos criar nas pessoas o amor de Deus, atrairemos quem deve ser nosso e nos desembaraçaremos de quem nos atrapalha. Esse é o fundo da questão.

A tintura-mãe de todas as soluções para a Igreja é começar sempre de dentro para fora. Fazer um apostolado entre os bons, reunindo os melhores dentre eles e transformando-os em tochas vivas do amor de Deus, no sentido que estou explanando. Uma obra, uma Ordem religiosa são sempre o ponto de partida de todo o resto.

O que vale mais a pena: fazer uma Cruzada ou fundar uma Ordem de Cavalaria? Uma Ordem de Cavalaria porque com ela se realizam todas as Cruzadas que se queira, desde que persevere fiel.

Essas são as almas que, pelo fato de existirem e atuarem de modo organizado, atrairiam gente de fora e iriam formando, dentro da Igreja, uma nova Ordem: a Cavalaria do maravilhoso.

(Extraída de conferência de 27/10/1972)

1) Expressão metafórica criada por Dr. Plinio para designar a mentalidade sentimental que se manifesta na piedade, na cultura, na arte, etc. As pessoas por ela afetadas se tornam moles, medíocres, pouco propensas à fortaleza, assim como a tudo que signifique esplendor.

2) Do latim: causa das causas.

3) Do latim: experiência, tentativa.

Artigos populares