Designado, por um honroso mandato do povo paulista, para representar o pensamento católico na Constituinte da segunda República, desde logo se apresentaram ao meu espírito os traços mais salientes da minha delicada missão.
Deputado católico, incumbia-me envidar o melhor dos meus esforços em prol dos direitos espirituais do povo brasileiro. Diante de meus olhos, estava uma nação precocemente conturbada por todos os gérmens de dissolução que abalam o velho continente europeu. Organismo sadio, dotado pela Providência de uma pujança quase inexaurível, o Brasil se via, no entanto, minado por uma série de crises convergentes, direta ou indiretamente provocadas pela agonia em que hoje o mundo se debate, e singularmente agravadas por circunstâncias locais.
E eu sentia vibrar em mim a persuasão absoluta de todo o laicato católico, de que somente em uma restauração de suas tradições religiosas poderia o Brasil encontrar remédio para seus numerosos males. Esta restauração, porém, não deveria ser de forma nenhuma o regresso puro e simples do passado, mas a readaptação de nossa vida pública e particular aos valores espirituais eternos e, portanto, de uma perene atualidade, que refulgem nas tradições de nossa História.
(Extraído de O Estado de São Paulo, 6/10/1934)