sábado, octubre 5, 2024

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Força contra as tentações

Nenhum homem tem, por natureza, força para vencer as tentações. Por meio de Maria Santíssima deverá pedir a graça de resistir às más inclinações e às sugestões do demônio, bem como uma vontade robusta para recusar as tentações, logo que se apresentem no horizonte.

A tentação! Que doloroso e que glorioso capítulo da história de um homem! Para alguém que tome a sério a Fé e a vida espiritual, nada é duro como a tentação, nada é glorioso como vencê-la!

Integridade do homem antes do pecado original

O que vem a ser propriamente a tentação? É um movimento interno da alma para o mal, o qual pode ter duas causas: natural e preternatural.

A causa natural vem a nós em consequência do pecado original. Antes do pecado, Adão e Eva eram íntegros, não tinham a culpa que desorganizou sua própria natureza. E, por isso, eles não possuíam as apetências para o pecado, mas tinham apenas o desejo do bem, e a sua natureza não pendia para o mal.

Flávio Lourenço

Não sei se já imaginaram a felicidade que uma coisa dessas representa.

Vamos transpor isso dos termos paradisíacos para a vida terrena. Imaginemos, por exemplo, um menino de oito, dez anos. Este menino, quando chega a hora de estudar, ele não tem preguiça e aprende as coisas com facilidade, acha agradável o cumprimento do dever. Ele aprende e fica contente.

Se, em alguma ocasião, ele teria interesse em mentir, contar alguma coisa errada, nem lhe passa pela cabeça mentir, ele narra a coisa acertada e acha agradável. A verdade lhe floresce na boca como a rosa na roseira.

Cansaço ele não tem, nem conhece o que é, porque é completamente senhor de si. Se for preciso caminhar a pé, sendo senhor de sua musculatura anda durante todo o tempo que for necessário. Mas, sobretudo, como ele é o rei da natureza, manda vir um bicho; este vem sôfrego, contente e se prostra diante dele. Ele senta-se em cima do animal e ordena para onde deve ir, soltando-o quando chega a seu destino.

Se este menino estiver passeando pelo campo, se passar uma linda borboleta azul e prata e ela ficar esvoaçando em torno dele, ele ordena pousar no seu dedo, e ela abaixa contente.

Flávio Lourenço

Se num longínquo monte desponta um leão que ele há muito tempo não vê, se o menino o chamar, o animal desce as corcovas poéticas da montanha e vem aos pés dele. Ele manda o animal girar, brinca um pouco com a sua juba, acha-o bonito. O leão ruge, mas ele não tem o menor medo.

Caso chegue perto de um lago ou de um rio com peixes, chama-os e estes aparecem; ele olha e fica encantado.

Quando encontra uma fruta que quer comer, a árvore se inclina. Ele tem o império sobre toda a natureza, sobre as coisas que existem fora dele; sobre o seu corpo, que não está sujeito à doença, nem ao cansaço, nem à morte; sobretudo – ah! sobretudo…! – ele tem o império sobre todo o seu ser espiritual e intelectual.

Ele não propende para nada de mal, mas deseja tudo quanto é bom. Assim passeia pelo Paraíso, encantado de olhar as coisas até chegar a hora em que Deus desce com a brisa e vem conversar com ele!

Arquivo Revista
Dr. Plinio durante uma conferência em dezembro de 1984

Arquivo Revista

Este quadro é de tal maneira feito para nossa natureza, que eu não posso me impedir de sorrir enquanto o descrevo.

Poder do demônio sobre a imaginação e a sensibilidade

Entretanto, o homem, que não tinha nenhuma má inclinação, não tinha nenhuma tentação nascida da sua própria natureza, Deus permitiu que fosse tentado por um ser de fora, o demônio, um anjo. Há milhares de anjos condenados ao Inferno por toda a eternidade porque se revoltaram contra Deus e não querem outra coisa senão perder os homens, razão pela qual, continuamente, na medida em que Deus lhes dá permissão, vêm à terra e apresentam a tentação para o homem.

Como é essa tentação? O demônio tem poder sobre a imaginação e a sensibilidade do homem e pode fazer com que este sinta uma determi nada coisa de modo particularmente atraente ou pavoroso. De maneira a, por essa sensação, atrair ou fazer fugir o homem.

Francisco Alvaro

Imaginemos um homem nas condições nossas atuais, com o pecado original, que vai atravessar uma ponte. Ele tem medo porque acha que esta não está muito firme, mas tem o dever de atravessá-la, por exemplo, para ir à Missa. Essa leve impressão não justifica que ele perca a Missa. Então o demônio mete medo nele: “Veja aquela água que passa… Você já pensou se a ponte cair e um pedaço de pau lhe cair na cabeça? Ou você bater o crânio numa pedra do fundo do rio… surgirão umas borbulhas e seu sangue sobe… Dentro de alguns dias será encontrado um cadáver inchado de água, enorme, lá adiante. Você estará morto! Não atravesse a ponte!”

Não dá vontade de atravessar. O demônio não quer que a pessoa vá à Missa. Ela mesma sente que esse medo é meio exagerado, mas não tem uma crítica muito segura disso e fica na dúvida. Ela deve se dar conta de que é coisa do demônio e deve vencê-lo dizendo: “Vade retro, satana! Angele Dei, qui custos es mei, me tibi commissum pietate superna, illumina, custodi, rege et guberna!” – “Afasta-te, satanás! Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, me ilumina, guarda, rege e governa!” E continua andando! Foi vencida a tentação, o demônio foi derrotado!

O demônio pode aumentar muito essa impressão. Por exemplo, a pessoa está atravessando a ponte, de repente põe o pé numa tábua, e ela, exatamente, está vacilando: “Está começando a cair a ponte, volte correndo para trás!” A tentação nunca dirá: “Acabe de atravessar a ponte até o fim”, porque aí vai para a Missa. Pelo contrário: “Volte correndo para trás, é o único jeito que tem.” A pessoa fica mais atrapalhada e, em certo momento, não atravessa. Não venceu a tentação! O demônio aumentou uma sensação de pânico, fazendo, na imaginação do indivíduo, a sensação real do perigo crescer. E o indivíduo cedeu, quando ele devia ter percebido que era tentação; ele pecou.

Ilusões criadas pelo demônio para levar ao pecado

Isso acontece quando se trata de uma coisa desagradável. Mas, com muito mais frequência, o demônio nos faz sentir agradáveis determinadas coisas. E então, por exemplo, ele quer evitar que um novato vá à sede de apostolado durante o dia. Ele abre a janela e se depara com o dia muito bonito. Nesta hora ele vê um primo passar no seu automóvel; este bate a buzina e o chama: “Vem cá!” Ele olha e tem aquele deslumbramento: o automóvel, o primo que está com uma lancha atrás e vai levar para Santos.

Divulgação (CC3.0)
O demônio tentando o Doutor Fausto

O primo diz: “Seu bobo! O que está fazendo aí? Entre aqui, vamos para Santos, eu pago tudo!” O mar, o dia bonito, a comedoria, o primo que vai dizer coisas engraçadas, tudo é gratuito! É uma coisa incomparável!

Essa impressão natural que o indivíduo pode ter, a vontade de se divertir, é posta e acrescida pelo demônio numa lente de aumento. O rapaz vê que aquilo é uma maravilha. Ele cede.

O que ele vai encontrar em Santos? Que coisas imorais nas praias, que conversas das rodas que frequenta, que ocasiões de pecado ele vai ter de todo lado? O jovem pensará, porque o demônio mente: “Você resiste! Leve seu rosário, bem escondido de seu primo, porque ele não tolera isso, mas leve-o. Segure-o na mão na ocasião da tentação!” Não é verdade? Porque facilitou, se expôs ao perigo. O demônio aumentou a sede daquela coisa, uma sede devoradora: “Irei a Santos também!”

O indivíduo pecou inúmeras vezes durante a estadia lá, pelo menos por pensamentos e palavras. Pecou e volta a São Paulo jururu, triste, o primo também; no caminho de volta os dois quase não conversam. O primo deixa-o em casa e some. Ele fica diante de si com o problema de dar satisfações aos que frequentam com ele uma de nossas sedes, explicando-lhes por que não foi no domingo.

Cambaleio entre a ajuda do Anjo e as tramas do demônio

Chega de novo a vez do demônio: “Você já pensou que vai encontrar tal senhor lá, que vai olhá-lo e mergulhar aquele olhar até o fundo dos seus olhos? O que você vai fazer nessa ocasião? Vai contar o que fez? Já pensou na má impressão que ele vai ter a seu respeito?”

Arquivo Revista

O Anjo da Guarda diz no ouvido dele: “Meu filho, vá! Será um pouco desagradável você contar o que fez, mas ele imediatamente vai lhe dizer que tenha ânimo, vai rezar com você, vai recomendar que se confesse com um sacerdote, receba a absolvição e que não pense mais nisso. Vai ser a paz de sua alma.”

Ouve um pouquinho, a tentação volta: “O padre também vai achar feio o que você fez…”

É a tentação! O indivíduo está projetado para um campo maior do que o da sua natureza. O Anjo o ajuda com luzes que não são humanas, o demônio o tenta com impressões que não são humanas também. Ele está ali cambaleando entre a ajuda angélica e a perdição satânica.

Ficamos sujeitos aos desejos desregrados

Como fazer para vencer uma tentação? Há duas defesas. Primeiro, contra a tentação natural, depois contra a tentação preternatural. Nós não devemos imaginar que vencemos todas as tentações apenas combatendo uma a uma. Isto não é verdade. Por causa do pecado original, nós ficamos bem diferentes do que eram nossos primeiros pais.

Adão e Eva pecaram e ficaram sujeitos aos desejos desregrados, à morte, à doença e ao cansaço; a mulher ficou sujeita a ter o seu filho na dor, e a vida passou a ser difícil. O homem, estavelmente, pela sua própria natureza, ficou com horror das dificuldades da vida. De outro lado, ficou com apetência, muitas vezes exagerada, por algumas coisas agradáveis da vida.

Todo homem tem horror a determinados esforços, sacrifícios e tem desejo de certos gêneros de prazeres. Antes de tudo, o pecado contra a castidade é o prazer que mais atrai as míseras criaturas humanas. Mas, além disso, há uma porção de outros prazeres, um dos quais é o do orgulho, da vaidade, do amor-próprio. Ser mais do que os outros, olhar os outros de cima para baixo, comparar-se com eles, desprezá-los, falar mal para evitar que se forme dos outros uma opinião melhor do que a nossa, difamá-los. Tudo isso é fruto do orgulho.

Força e eficácia da preparação remota

O orgulho e a sensualidade são as duas principais tentações naturais do homem. O homem não vai resistir a todas as ocasiões de tentação contra a pureza se, apenas quando está diante de uma coisa impura, ele trata de não cair. Ele tem que se preparar remotamente e pensar no seguinte: “Eu sou pecável, sou fraco! Nas horas da tentação contra a pureza, eu já verifiquei que facilmente posso cair. A apetência é tão grande e tão miserável que, num instante, eu posso violar o Sexto Mandamento, o qual diz: ‘Não pecarás contra a castidade.’”

E, por causa disso, desde já, deve refletir como é mau pecar contra a castidade; como se degrada o homem que não é capaz de conter as apetências de seu próprio corpo e procede como um animal desregrado; como é censurável o homem que se deixa arrastar pelo transbordamento de sua própria impureza.

É preciso que, nas horas em que o jovem está sozinho se vestindo, engraxando os sapatos, escovando os dentes, fazendo as mil coisas que se fazem a sós, está estudando, qualquer coisa, ele deve ter uma segunda intenção, uma segunda ideia, uma segunda preocupação: “Se vier alguma coisa contra a castidade, eu desviarei o meu espírito, desviarei os meus olhos, cerrarei os meus ouvidos; contra a castidade, não quero ouvir nada!”

É duro! Mas, como eu admiro essa dureza! Como eu respeito e venero aqueles que têm força de vontade pelo hábito de dizer não para suas más inclinações quando estas se apresentam no horizonte!

É absolutamente evidente que isso impõe admiração! O homem casto se impõe ao respeito dos outros, ainda quando eles fingem caçoar, dar risada. E, por essa forma, o homem casto adquire um domínio sobre si e uma coerência, uma lógica, uma transparência de espírito, que repercute até na sua inteligência. Esta fica mais destra, mais clara; a sua capacidade de expressão fica mais fluente, mais lógica; as suas ações são mais correntes, os seus pensamentos são mais definidos, simplesmente porque ele pratica a pureza!

Rodrigo C. B.
Nossa Senhora da Pureza – Basílica de Santo André do Vale Roma

O jovem que quer praticar a pureza deve olhar para seus companheiros que são assim e dizer: “Como isso é belo, nobre e limpo! E como eu me entusiasmo com isso! Eu vou fazer o mesmo!” Então ele adquire a decisão habitual de lutar contra a impureza, de maneira que, quando se apresenta a tentação, ele não cai. Mas, se cada vez que vem a tentação, tem uma conversa dessas como vimos acima, é claro que, de vez em quando, há de cair!

Algo que tanto pode acontecer como não acontecer, de vez em quando acontece. Ora, um homem que não tem uma resolução firme, profunda, estável de não pecar contra a castidade, que não tem convicção esclarecida, racional, positiva, do porquê é nobre e belo ser puro, este homem, quando se apresenta a tentação, começa a balançar. E quando balanceia, tanto pode cair, quanto não cair. É uma coisa evidente. E se ele tanto pode cair como não cair, de vez em quando cai.

Depois dirá: “Eu não aguentei…” Meu caro, seja pelo menos honesto: você não se preparou, não teve umas dessas decisões que equivalem a uma preparação remota. E daí lhe aconteceu o que aconteceu. Peça perdão e resolva colocar o remédio na raiz do mal! E isto é você não ter o estado de alma habitual de admiração pela pureza!

O indivíduo deve saber raciocinar e explicar bem para si mesmo o porquê da pureza e compreender que é uma coisa altamente agradável a Deus, é racional! Praticar a pureza – e aí entra a decisão firme – custa sacrifícios; eu farei esses sacrifícios, mas não cairei na impureza!

Dinamismo das tentações preternaturais

Agora então vem o problema: existem tentações meramente natu rais? Existem tentações meramente preternaturais? Eu ouvi dizer que há uma escola de teólogos que afirma isto e outra que nega: que, quando há uma tentação natural, entra o preternatural. E, pelo contrário, quando há uma tentação preternatural, a natureza já vai galopando atrás e dando solidariedade. Eu confesso ter simpatia por esta escola. Vendo uma pessoa com uma tentação natural, o demônio imediatamente fica de olho em cima, pula e começa a sussurrar e a inflar aquela impressão.

Entretanto, há algumas tentações em que o fator preternatural é muito visível. Quais são? Como se pode distinguir uma tentação onde a ação do demônio é particularmente intensa? Esta tentação se dá, sobretudo, com alguns sintomas; um deles é a perturbação. Quando a pessoa se perturba e fica agitada, estejam certos de que o demônio está dentro. O Espírito de Deus é de paz. A perturbação é um mal e nós devemos resistir a ela de todos os modos.

Por outro lado, o homem deve, pelo seu próprio movimento, prestar muita atenção no seguinte: quando ele está obcecado por uma ideia e esta não lhe sai do espírito, é muito mais provável que seja uma ideia preternatural. E, às vezes, é uma coisa insignificante.

J. P. Braido

Uma pessoa forma, por exemplo, uma ideia fixa de passar por um bar e tomar um cálice de algum licor. Se martela aquela ideia, tome cuidado! Porque tomar um só licor num bar não é pecado. Mas, se dá uma ideia fixa, tem alguma desordem atrás disso. E nessa desordem entra alguma coisa do demônio. Cuidado com o demônio! Quando estiverem com uma ideia fixa qualquer, saibam dizer: “Eu não vou, porque eu suspeito que ali esteja o demônio!”

Princípio do “agere contra”

Eu tenho certeza de que se o indivíduo resiste, vem logo depois uma observação: “Mas, por quê? Isso não é pecado. Tomar um cálice de licor não tem nada! Pergunte para qualquer padre!” É claro que o padre vai dizer que não é pecado. Em si mesmo, que pecado há em tomar um cálice de Anisete? Não tem pecado, é evidente. Mas é o sussurro do demônio dentro da alma.

Aquela ideia fixa indica que ou o demônio quer fazer a pessoa gostar exageradamente daquilo para incutir o vício, ou quer que a pessoa vá lá para ter um certo encontro que vai lhe fazer mal. Alguma coisa ele quer, e sempre que nós percebemos que o demônio quer alguma coisa de nós, devemos fazer o contrário.

É o agere contra, agir contra, indicado por Santo Inácio de Loyola: o demônio pediu, faça o contrário, cegamente! “Não, não e não!” Se ele perguntar por quê, não lhe devo dar resposta, está acabado! Com mulher pública não se conversa, menos ainda com o demônio.

Quem tem a alma construída assim, esse tem possibilidade de resistir às tentações.

O vício de rir

Um outro vício é o de rir. Há gente que não sabe viver a não ser dando risada ou fazendo os outros rir; a risada é o ar para eles respirarem. Basta a pessoa perceber que tem o vício de rir, para compreender que não deve fazê-lo; por quê? Porque é uma tendência deformada e exagerada do espírito. Rir de vez em quando a respeito de uma coisa que tem graça está de acordo com a ordem da natureza. Mas, de si, é um defeito achar agrado só no riso, na brincadeira e passar a vida inteira querendo brincar e fazendo brincar os outros com palhaçadas, tomar com aborrecimento uma conversa superior, uma conferência séria, uma boa leitura.

Resultado: a pessoa deve ir ao ponto oposto e só rir raramente, quando a boa situação exige. Fora disso não se ri; muito menos quando a razão do riso é a imoralidade. Aí a pessoa pode melhorar. Do contrário, acaba numa dessas crônicas faltas de seriedade que dão numa crônica falta de amor de Deus. Porque Deus é perfeitíssimo e infinitamente sério, e não O ama quem vive no meio da brincadeira.

Eis a descrição dos problemas da tentação e como nos preparar para resistir a ela.

Ter a própria alma nas mãos

O demônio pode sugerir a alguém a seguinte objeção: “Dr. Plinio, a vida assim se torna muito difícil, eu não aguento isso.” Eu digo: “Meu filho, é o contrário. Tente viver assim e você verá a paz, a alegria que terá sua alma e como você viverá bem.”

Luis C. R. Abreu

Uma das mais assinaladas mentiras do demônio é a ideia de que no pecado se encontra a felicidade. Ela se encontra exatamente no oposto: na pureza, na sobriedade, no completo governo de si mesmo, naquele estado de alma magnífico de que fala o epitáfio do Frei Galvão, na Igreja de Nossa Senhora da Luz.

Em latim está escrita na lápide uma breve biografia dele: “Aqui jaz Frei Antônio de Santana Galvão, frade franciscano, fundador do convento etc.”, e no fim diz: “Qui animam suam in manibus suis semper tenens, placide obdormivit in Domino”, “que tendo sempre nas suas mãos a sua própria alma, adormeceu placidamente no Senhor.”

É mais importante o homem ser o senhor da sua alma do que ter conquistado impérios, ser dono de parques industriais, de conjuntos bancários, ser uma celebridade como ator ou como qualquer outra coisa. Isso conseguiu o humílimo Frei Galvão e, por causa disso, até hoje, as almas que passam por lá com desejos de fidelidade entram e rezam a ele. E eu quero bem crer que ele fique alegre quando se lhe pede ter sempre nas mãos a própria alma. Esse é o domínio.

Ser um Napoleão que conquista muitos povos, do que vale se não se domina a si mesmo? Eu prefiro, mais do que qualquer outra coisa, o mais humilde dos homúnculos ou das mulherzinhas que passa pela rua carregando um peso, com salto de sapato desgastado, com um pulôver arruinado, com um xale raspado pela rua, mas que tem uma fisionomia firme, que olha para frente, tem o passo certo e que tem nas suas mãos a sua própria alma.

Arquivo Revista

Para isso é preciso ter força. Diz muito bem a frase: “Força, energia, ênfase, resolução!” Nenhum homem, eu, por exemplo, não tenho por minha natureza nem força, nem energia, nem ênfase, nem resolução para resistir ao pecado. O remédio é pedir a graça de Deus. Aí a nossa alma se torna vigorosa, tem força, energia, ênfase, resolução!

A graça age de maneira a dar força, energia, ênfase e resolução à nossa vontade. Portanto, isso só se consegue obtendo a graça de Deus, mas quem não a pede por meio de Nossa Senhora, não a consegue. O nosso admirável São Luís Maria Grignion de Montfort ensina e acredita na verdade de fé, a qual eu espero que a Igreja algum dia ainda transforme em dogma, sobre a mediação universal de Nossa Senhora.

Quer dizer, tudo quanto um homem ou a corte celeste peça a Deus sem ser por meio de Nossa Senhora, não obtém. Quando um só pecador na Terra pede por meio d’Ela, por mais atolado que esteja no pecado, ele obtém. Por meio de Maria Santíssima sobem a Deus todas as nossas preces e baixam sobre os homens todas as graças. Devemos, portanto, pedir a Ela que nos dê a energia necessária para isso. Se chegarmos a esta conclusão, então teremos feito uma meditação muito boa sobre a tentação.

(Extraído de conferência de 15/12/1984)

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