Numa época tão marcada pela incerteza a respeito do futuro da humanidade, o mês dedicado a Maria nos coloca novamente diante da necessidade do reinado desta misericordiosa Mãe, na Terra.
O que falta para que este Reino de Maria seja instaurado?
Como afirmava Dr. Plinio1, a resposta a esta crucial indagação encontra-se no coração humano, e dependerá sempre do auxílio de Nossa Senhora.
A Civilização Cristã é possível ou não?
O reinado de Nossa Senhora pelo qual, gota a gota, estamos dando a nossa vida, é realizável e vem ao nosso encontro como nós caminhamos ao encontro dele? Existirá alguma vez na Terra isto que, no momento, se nos afigura como uma miragem maravilhosa chamada Reino de Maria? Ou é preciso reconhecer que o mundo é do demônio?
Primeiramente, consideremos o que se entende por Reino de Maria.
Ele será o conjunto de homens, de coisas que se conformarão com a Lei de Deus, porque Maria só é Rainha onde Deus é Rei. O Reino de Cristo é, evidentemente, o Reino de Deus; o Reino de Maria é o Reino de Cristo.
Ora, o Reino de Maria, o Reino de Deus, o que são?
Essas expressões tão bonitas só têm sentido se as considerarmos como uma era futura, de luz e de glória, na qual, não digo cada homem individualmente, mas a generalidade dos homens viverá em estado de graça, cumprindo a Lei de Deus.
E, portanto, o Reino de Maria se compõe de dois elementos essenciais. Um interno: se amará a Deus e se cumprirão os Dez Mandamentos; e outro, externo: como consequência, as famílias, as associações, as instituições, as áreas de civilização, tudo isso se organizará de acordo com o pensamento da Santa Igreja.
Põe-se, então, o problema-chave: a Lei de Deus é admiravelmente bela, os Dez Mandamentos são lindos, mas dificílimos de serem cumpridos duravelmente na sua integridade. Porque são muito grandes a atração do pecado e a preguiça do homem em realizar os esforços necessários para evitar as ocasiões de pecar. Habitualmente, quando uma circunstância concreta tenta alguém, o demônio acrescenta a essa ação natural uma tentação dele.
Como se pode evitar uma queda? Se ela não for evitável, a Civilização Cristã é uma quimera!
De fato, se Deus enviar sua graça e os homens quiserem corresponder a ela, não pecarão e permanecerão na amizade d’Ele.
Trava-se em nós, portanto, uma batalha constante entre o demônio — que exerce sobre nós uma ação preternatural para nos levar ao estado de criatura coberta de pecados — e Deus, que quer nos levar para o Céu, e para isso nos eleva à ordem sobrenatural, nos protege e ajuda.
Assim, o pêndulo de nossa vontade está continuamente convidado por Deus para subir e pelo demônio para descer.
A Civilização Cristã fica dependendo, em última análise, da correspondência que o homem dê à graça de Deus.
Então, a grande luta de nossa vida é, como leões, contra o demônio e contra aqueles que querem perder as pessoas. Devemos, pois, fazer todo o possível para que não pequemos e as outras almas sejam salvas.
O homem que se preocupe somente com sua alma e não com a salvação das outras, está fora da Lei de Deus, porque o homem deve amar o seu próximo como a si mesmo por amor a Deus. Portanto, ele tem a obrigação de salvar os outros, e não pode ser indiferente a que alguém se perca.
Se eu pedir, não só para mim, mas para os próximos a mim, para todo o gênero humano que se levantem como um só homem e passem a servir Maria, então terei lutado valentemente pela instauração do Reino de Maria.
De posse dessas considerações, devemos pedir a Nossa Senhora que faça de nós almas de oração, de fogo, que “incendeiem” o mundo.
Teremos, assim, a possibilidade — cada um dentro de si mesmo — de proclamar o Reino de Maria, e dizer: “Em mim, ó minha Mãe, Vós sois a Rainha, eu reconheço o vosso direito e procuro atender às vossas ordens. Dai-me luz de inteligência, força de vontade, espírito de renúncia para que as vossas ordens sejam efetivamente obedecidas. Ainda que o mundo inteiro se revolte e Vos negue, eu Vos obedeço.”
E no mundo, nessa torrente de desordem, de pecado, há um brilhante puro, um brilhante adamantino. Esse brilhante é a alma daqueles que podem afirmar: “Em mim Nossa Senhora manda.”
A Santíssima Virgem continua a ter, assim, uns enclaves no mundo: aqueles que, pela consagração, se fazem seus escravos e, reconhecendo todo o poder d’Ela sobre eles, declaram: “Esteja o mundo revoltado como estiver, eu me levanto e começo a Contra-Revolução, para que Ela reine sobre os outros também.”
É o reinado de Nossa Senhora vista enquanto mandando em mim e fazendo de mim um soldado da Contra-Revolução, que luta para tornar efetiva a realeza de Maria na Terra.
1) Cf. conferências de 31/5/1975 e 11/5/1994.
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