No dia 15 de agosto de 1989, Festa da Assunção de Maria Santíssima, Dr. Plinio realizou um acalentado anelo: novamente peregrinar a Aparecida do Norte (SP), a fim de honrar a Padroeira do Brasil, venerada no seu Santuário custodiado pelos Padres Redentoristas. No dia seguinte, ainda tocado pelas graças ali recebidas, Dr. Plinio assim descreveu seu reencontro com a cidade e a milagrosa Imagem da Mãe de Deus:
Logo à entrada de Aparecida pudemos admirar dois imponentes ipês em flores. O dia muito ensolarado e bonito conferia raro esplendor às frondes amarelas dessas árvores. Dir-se-ia uma espécie de glória para uma tonalidade, de si, banal, como se aos efeitos dos raios luminosos ela fosse capaz de se tornar dourada. Era o amarelo em estado de nobreza. E os ipês como que se mostravam eufóricos por estarem sob essa intensa ação do sol, o que os deixava particularmente atraentes.
A primeira parte de nossa peregrinação consistiu em visitar a basílica velha, edificada no estilo do barroco colonial, com pedras tendentes ao bege claro, sobre as quais foram esculpidos pequenos e graciosos ornatos, bastante agradáveis de se ver. Detivemo-nos de modo especial na Capela do Santíssimo, de arquitetura também bonita, onde permanecemos algum tempo em oração. Enquanto nos favorecíamos das bênçãos daquela atmosfera, soou o Angelus da tarde. A princípio, apenas um pequeno sino, centenário e raquítico, mais longevo que qualquer homem. Depois, sucedido pelo tanger grave, harmônico e digno de um sino (creio eu) fundido na Alemanha. Um toque de bronze. Porém, como sói acontecer, o sininho roufenho com timbre de tosse de nonagenária, calhava melhor com o ambiente do que o sino alemão, mais próprio a ser tocado junto a pinheirais alinhados…
Logo atravessávamos a passarela, em direção à basílica nova. Um templo imenso, o maior santuário mariano de um país das proporções do Brasil. Embora fosse o dia da Assunção de Nossa Senhora, havia poucos peregrinos, e não demorou em que ficássemos sozinhos, rendendo nossa filial homenagem à Padroeira.
Pela experiência de minhas visitas a Aparecida, é interessante observar que as nossas intenções e preces oferecidas ali à Santíssima Virgem não se comparam em importância ao que Ela nos diz no fundo de nosso coração. Colóquio entre Mãe e filho, com sua linguagem inexprimível em palavras humanas, feito de sensações, de percepções, daquilo que se julga ver, não com os olhos do corpo, mas com os do espírito.
Retornamos a São Paulo com a alma embebida de impressões que nos convidavam ao recolhimento. Era hora de se calar, para conversar apenas com Deus. Quer dizer, rezando. Foi o que fizemos.