Difícil nos é conceber — dizia Dr. Plinio — como terá sido o luto, breve mas real, da natureza por ocasião da morte e do sepultamento de Nossa Senhora. Menos árduo, porém, é imaginar a glória sumamente delicada, suave, virginal e maternal de Maria no momento em que ressurge, abandona o sepulcro e sobe aos Céus!

Enquanto Jesus, na sua Ascensão, manifestou grandeza e bondade, a Santíssima Virgem externa mais bondade do que grandeza. Seus lábios dirigem um sorriso aos que A olham fixamente nessa hora de incomparável esplendor, conhecendo-A e compreendendo-A melhor. Sentem-se cada vez mais atraídos por Ela, à medida que vai se elevando ao Céu, até desaparecer. Uma claridade especial se espalha então sobre tudo e sobre todos, como promessa d’Aquela que já não vêem: “Eu, na realidade, fiquei convosco. Rezai, porque estarei sempre presente e unida a vós!”

Lentamente aquela luminosidade se extingue, deixando dessas lembranças que duram por toda a eternidade…

É esse prodigioso acontecimento que a Igreja celebra no dia 15 agosto, Festa da Assunção de Nossa Senhora. Verdade de Fé, proclamada pelo Papa Pio XII na radiosa manhã de 1º de novembro de 1950, na Basílica de São Pedro repleta de fiéis prontos a aclamarem esse triunfo de Maria. Mais uma jóia resplandecia no diadema d’Aquela que não conhecera a deterioração do pecado e, por conseguinte, não devia conhecer também a do túmulo, conforme afirmou o Pontífice na Bula da definição dogmática:

“A augustíssima Mãe de Deus, associada a Jesus Cristo de modo insondável desde toda a eternidade com um único decreto de predestinação, imaculada na sua conceição, sempre virgem na sua maternidade divina, generosa companheira do Divino Redentor que obteve vitória completa sobre o pecado e suas conseqüências, alcançou por fim, como suprema coroa dos seus privilégios, que fosse preservada da corrupção do sepulcro, e que, à semelhança do seu Divino Filho, vencida a morte, fosse levada em corpo e alma ao Céu, onde refulge como Rainha à direita do seu Filho, Rei imortal dos séculos” (Bula Munificentissimus Deus).

Este ano, uma feliz coincidência conferirá particular magnitude a essa festividade mariana. Com efeito, quando o orbe católico elevar seus louvores à Rainha do Universo, o Papa João Paulo II se encontrará em peregrinação no Santuário de Lourdes, onde deseja comemorar outra glória de nossa Mãe Santíssima: o Ano Centenário da proclamação do Dogma da Imaculada Conceição. Além disso, ainda sob as refulgências dessas celebrações, terá início o Ano da Eucaristia, decretado pelo Papa na passada solenidade de Corpus Christi.

Nessa jubilosa trajetória que se abre para a Igreja, deseja se fazer presente também esta Revista, estampando reflexões e comentários de Dr. Plinio que poderão servir como marcos de luz para quantos encetarem esse caminho de graças e bênçãos tão especiais.

Queira a Virgem Imaculada, assunta ao Céu em corpo glorioso, secundar-nos nesse intento com a incansável profusão de suas misericórdias.