Após discorrer acerca do fim último da Obra da Criação, Dr. Plinio continua sua exposição explanando os meios estabelecidos pelo Criador para que esse fim fosse realizado, e qual o uso que deles suas criaturas fizeram.
Por que se deu a queda dos anjos?
Logo após criá-los, Deus queria que eles Lhe dessem a glória devida. Porém, aconteceu que Ele criou os anjos como seres livres — e tinha que criá-los como seres livres —, e uma parte dos anjos, induzida por Satanás, recusou a homenagem devida a Deus.
A prova dos anjos
A felicidade deles era de uma natureza completa, perfeita, sem defeito e alcançando seu fim; não era a visão beatífica, mas um conhecimento intelectivo altíssimo de Deus.
A prova dos anjos deu-se porque Deus lhes revelou a Encarnação do Verbo; e mostrou que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade haveria de se unir hipostaticamente, não a um anjo, mas a um homem; e eles deveriam adorar esse Homem-Deus.1
Compreendemos que isso é uma coisa muito mortificante para o orgulho deles.
Imaginem, por exemplo, Satanás — o maior, o mais magnífico de todos — que ouve dizer:
— Deus vai constituir uma união hipostática!
Ele pensa: “Me voilà! Sou eu.”
Mas ele fica sabendo que não será ele o escolhido. Sua reação: “Como? Que anjo Ele escolheu?”
— Nenhum anjo. Vai haver homens e vai ser um homem. E a este homem você vai ter que adorar.
Podemos imaginar a constrição revoltada, imunda, mas autêntica, explicável — explicável à maneira de defeito — de Satanás diante do fato:
“Então, todo o meu brilho, todo o meu talento, toda a minha sabedoria, todo o meu charme, toda a preeminência que eu tenho sobre todos os espíritos angélicos, isso é nada? Na hora da melhor predileção, da maior honra, da preferência mais excelsa, lá vai um homem?
Entretanto, para Satanás o pior foi a seguinte revelação:
— Não só Ele — que, afinal, é Homem-Deus —, mas a Mãe d’Ele, Maria Santíssima, que é pura criatura, recebe tal honra em ser Mãe d’Ele que vai ser Rainha de todos vocês. E um bater de sobrancelhas d’Ela moverá todos os anjos.
Evidentemente, eles foram tentados internamente. Até há um problema de Filosofia curioso: como, sendo puros espíritos e sem nenhum defeito, eles puderam sofrer a tentação? Se neles não havia defeitos, como é que de dentro deles surgiu o mal? É um problema interessante para ser estudado. O que, aliás, levaria muito tempo, e não é o caso de analisar aqui.
Não é, portanto, uma tentação que lhes veio de fora para dentro, mas veio de dentro para fora. E diante da ordem sobrenatural, eles recusaram.
Então, o demônio recusou a homenagem devida a Deus.
Resultado da revolta: Proelium magnum factum est in caelo! — Fez-se nos Céus uma grande luta! São Miguel colocou as coisas nos termos em que deveriam ser colocadas.
Então, os tronos dos anjos nos Céus ficaram vazios: os anjos que caíram desfalcaram a coleção.
Como preencher os vazios?
A Humanidade não foi, propriamente, feita para preencher as clareiras deixadas entre os anjos pela queda de Satanás. Pode-se admitir que, embora os anjos não tivessem pecado, Deus criasse os homens. Seria muito bonito que Deus quisesse tomar um esquema de todas as possibilidades da Criação e realizá-lo: realizando o puro espírito, o animal com espírito, o animal sem espírito, a planta e a matéria; é uma espécie de esquema das possibilidades de uma Criação. E é possível que Ele fizesse isso, ainda que os anjos não tivessem caído.
Mas, uma vez que os anjos caíram, pôs-se o problema: como remediar a queda dos anjos? E o remédio estava nos homens.
Com a queda dos anjos, foi conforme a sua Sabedoria constituir um plano segundo, no qual os homens fossem ocupar os tronos dos anjos e completar as harmonias que ficariam deficientes no Céu.
Era como quem, perdendo alguns músicos de uma orquestra, chama outra orquestra para fazer um novo conjunto. E surge a vocação do homem para preencher os lugares dos anjos no Céu e formar com os anjos uma só imagem de Deus para cantar uma só glória de Deus.
Deus criou os homens no Paraíso
Deus, então, criou os homens.
Qual era o papel dos homens para realizar a glória de Deus?
Deus criou os homens no lugar mais magnífico de todo o universo: o Paraíso Terrestre. A intenção d’Ele era que os homens, vivendo no Paraíso, tivessem já a vida da graça; que eles vivessem nesta Terra ainda sem a visão beatífica, embora Deus falasse com eles com frequência, se manifestasse a eles com frequência, e que quando eles chegassem ao fim da vida fossem levados vivos para o Céu.
Convém não ter uma visão do Paraíso à maneira do mundo de Walt Disney. É impossível ter uma visão mais primitiva e mais boba do que essa, que não é nem um pouco o que ensina a Teologia.
Os homens no Paraíso deveriam, pelo seu talento, fazer cultura, civilização, sistemas artísticos, literatura; tudo aquilo que o homem faz aqui, ele deveria fazer lá. Mas ele o deveria fazer de um modo muito mais magnífico do que aqui; acrescido pelo fato de que o homem, pelos dons sobrenaturais que tinha, possuía uma ciência enorme.
Diante de Adão desfilaram todos os bichos, e ele deu a cada bicho o nome de acordo com sua natureza. Quer dizer, ele era um zoologista fabuloso e um linguista extraordinário. Ele encontrou logo a palavra para chamar cada bicho por seu nome, pela sua nota distintiva natural.
Imaginemos dois, cinco, dez bilhões de homens vivendo durante dezenas ou centenas de séculos no Paraíso, acumulando tudo isso: o que poderia ser o Paraíso?
Nós não podemos ter ideia do que poderia ter sido a civilização humana no Paraíso e a glória que teria dado a Deus.
O plano de Deus para com os homens no Paraíso
Mas, nós devemos reter daqui alguns pontos fundamentais para compreendermos o resto.
Essa obra de glorificação de Deus deveria ser executada pelos homens vivendo juntos, quer dizer, influenciando-se uns aos outros, colaborando uns com os outros.
No Paraíso, todas as pessoas boas ficariam melhores vendo as outras, e vendo o conjunto dos homens, que era ótimo, melhor do que cada homem particular. Com isso os homens iam se santificando.
Por outro lado, não só os homens, mas toda a cultura e toda a civilização dominantes no Paraíso seriam um instrumento para a santificação dos homens.
Em síntese, os homens deveriam viver juntos para santificarem-se; deveriam, para se santificar, viver numa ordem temporal perfeita; deveriam atuar sobre a natureza, tornando-a muito mais semelhante a eles mesmos e a Deus.
Dante chama as obras do homem “netas de Deus”, porque o homem é filho de Deus e a obra de arte é filha do homem, logo, é neta de Deus. Então, o Paraíso ainda ficaria inconcebivelmente mais belo com a presença das obras dos homens.
Imaginemos, por exemplo, Fra Angelico pintando no Paraíso, não com tintas desta Terra, mas com uma tinta feita com uma flor azul do Paraíso. Que azul ele obteria? O que seria, no Paraíso, um quadro de Fra Angelico? Não se pode imaginar!
Compreende-se, assim, qual era o chamado do homem no Paraíso.
Pois bem, esse plano ruiu por causa do pecado original!
Castigos devidos ao pecado original
O homem foi expulso do Paraíso, perdeu os dons sobrenaturais e preternaturais que possuía. E, pelo pecado, foi sujeito a apetências desregradas, sua inteligência se obnubilou, sua vontade se enfraqueceu.
Não imaginemos que no Paraíso as pessoas seriam como são agora na Terra. No Paraíso seria uma coisa horrenda um indivíduo deitar uma lágrima, a menos que fosse uma destilação sublime, de uma cor magnífica, de um perfume incomparável; e não resultante da dor, mas apenas da plenitude de uma emoção de alegria. Essas nossas lágrimas torvas, salgadas, feitas ao longo de uma careta em que a pessoa chora, para o Paraíso seria uma verdadeira degradação.
A sociedade deve construir um estado, uma cultura, uma civilização como meio de santificação; os homens devem produzir obras de arte e de cultura de toda ordem, não só para seu serviço, mas para embelezar a natureza feita por Deus.
Tudo era ultralindo, ultraperfeito, inteiramente superior. Nós não temos ideia de como era.
O plano de Deus após o homem ser expulso do Paraíso
Mas, após o pecado começou a vida nesta Terra.
Entretanto, mesmo fora do Paraíso o plano de Deus continuou o mesmo, porque a natureza humana continuou fundamentalmente a mesma. E esse plano consiste essencialmente no seguinte:
Primeiro: os homens devem santificar-se juntos, formando uma sociedade.
Segundo: essa sociedade deve construir um estado, uma cultura, uma civilização como meio de santificação.
Em terceiro lugar: os homens devem produzir as obras de arte e de cultura de toda ordem, não só para seu serviço, mas para embelezar a natureza feita por Deus.
Consideremos, por exemplo, a Sainte Chapelle, ou Notre-Dame. São sacrossantas, e indicam bem como o homem pode tornar mais belas as coisas de Deus.
Temos esplêndido elemento de meditação na observação da Catedral de Notre-Dame vista pela parte de trás: o Sena, na ilha a abside de Notre-Dame, e, de ambos os lados, plantadas com mão de francês, trepadeiras e árvores que vegetaram e se desenvolveram em ar francês, e deram plantas de francês. Coisas positivamente lindas! O rio Sena do tempo dos selvagens devia ser “poca”, mas entrando a mão do católico, entrando o sobrenatural, as coisas tomaram outro jeito; e aquela mesma água está lindíssima.
Veneza! Os senhores sabem que era um pântano, uma charneca de lo último com, de vez em quando, umas ilhas; mas ilha no meio de lodo não é senão sujeira mais dura no meio da sujeira mais mole. Era um lugar horrendo. Eu posso imaginar os maus cheiros, as umidades antes de Veneza ser Veneza; talvez infestada até por alguns demônios, porque eles gostam de habitar lugares desses. Os venezianos ocuparam aquilo, drenaram, separaram a água e saiu Veneza; tudo esvoaçou e levantou-se a catedral, bimbalhando com seus sinos a glória de São Marcos por cima da glória de Veneza.
São exemplos do que faz o homem acrescendo a glória de Deus nesta Terra.
Na História da Humanidade, nota-se o seguinte: Deus está sempre induzindo os homens a desenvolver uma ordem perfeita, e os homens sempre estão fugindo de fazê-lo; e Deus então passa para o plano B, para o plano C, para o plano D… E cada vez que Ele passa para outro plano, inaugura uma maravilha maior.
O plano de Deus na Era Patriarcal
Por exemplo, na Era Patriarcal, os descendentes de Adão conheciam a religião verdadeira e tinham a possibilidade de criar uma ordem patriarcal boa. E Deus lhes dava graças para isso.
Já antes do pecado original, a graça era dada na previsão dos méritos infinitamente preciosos de Nosso Senhor Jesus Cristo. De maneira que eles podiam construir uma ordem correta, embora esta ordem não tivesse a magnificência que teria quando Nosso Senhor viesse.
Os Reis Magos exprimem isso de alguma maneira: são reis de zonas onde talvez houvesse certa virtude natural, e que vieram adorar o Messias. Imaginem que tivessem vindo, por exemplo, mil reis adorar o Messias, em vez de três, representando estados que praticavam a Lei Natural e que tinham restos de Revelação. O que teria sido a noite na gruta de Belém?
Mas, na Era Patriarcal, os homens pecaram, criando uma ordem errada. Essa desordem traz como consequência que Deus a castiga, destruindo-a. Vem o Dilúvio. No Dilúvio, não foram apenas mortos os homens que não prestavam, mas foi destruída uma ordem de coisas.
Nós temos, então, um primeiro movimento de Deus; depois, a constituição de uma ordem de coisas, a qual foi seguida de uma recusa; e, por fim, a destruição dessa ordem.
Mas Ele separa o resto: é o residuum revertetur2. Resta Noé e sua família, e, em favor de Noé, para continuar a realização do plano d’Ele, Deus faz maravilhas mais belas do que aquilo que Ele destruiu.
Esse episódio dá uma beleza maior à História do homem do que se não tivesse existido.
A Torre de Babel, como que um segundo pecado original
Então, tudo recomeça, mas os homens pecam de novo.
Eles pecam no seu interior e sob a influência do pecado introduzem novamente a desordem, que os leva a pecar ainda mais. A expressão mais aguda dessa desordem é a Torre de Babel.
Com a Torre de Babel, vem o castigo: a dispersão dos povos.
Quase que se poderia dizer que o pecado da Torre de Babel foi um segundo pecado original. Porque houve uma baixa no homem e ele passou a sofrer da confusão das línguas. A confusão das línguas supõe um enfraquecimento do intelecto, porque a palavra é o termo normal e final do pensamento, e onde qualquer coisa amoleceu na ordem da palavra, algo amoleceu na ordem do pensamento.
Eu não posso garantir que antes da dispersão não houvesse uma língua diversificada em muitos dialetos. Uma coisa é a diversificação das línguas, outra coisa é a confusão das línguas.
Que houvesse uma diversificação harmoniosa, por onde uns entendessem as línguas dos outros, seria uma coisa bonita e teria certa riqueza. Mas, o mal está nas línguas herméticas. Porque assim como qualquer um pode saber falar mais de uma língua, poderia ser que todas as línguas fossem tão harmônicas que nós soubéssemos todas, e houvesse uma clave por onde elas fossem entendidas. Elas estariam umas para as outras como os diversos instrumentos de uma orquestra, e não como a cacofonia de nossos dias, que é confusão e não se entende.
Deus escolhe um povo para Si
Depois da confusão das línguas, em vez de se corrigirem, os povos dispersos constituem a gentilidade, formando as nações pagãs.
Então, Deus constitui um povo para Si, para por meio desse povo construir essa ordem. E Ele suscita o povo hebraico e opera uma maravilha maior do que a anterior: nesse povo nascerá o Messias, nesse povo nascerá Nossa Senhora.
Há, então, toda a História narrada no Antigo Testamento.
Pelo menos um povo na Terra conhecia a Lei e prestava a Deus o verdadeiro culto
Porém, várias vezes, esse povo viola essa ordem, revolta-se contra Deus, e vem numa decadência contínua até o momento do nascimento de Nosso Senhor.
Portanto, outra vez o plano não se realiza.
Deus revida. De que maneira? Ele castiga e dispersa o povo hebraico; mas Ele se serve dos restos fiéis do povo hebraico para fundar a verdadeira Igreja.
O nascimento da Santa Igreja
Aparece, então, a obra-prima das obras-primas da Criação, excetuando Nosso Senhor e Nossa Senhora: nasce a Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana. Como uma espécie de vingança de Deus, a Igreja estende-se a todos os povos gentios, os tira da gentilidade e remedeia todos os males até então existentes. É um novo lance, uma nova vitória. É de uma beleza magnífica!
A Igreja Católica, em certo momento, dá origem à Idade Média: começa a construção da ordem perfeita!
Mas aparece a Revolução…
O revide de Deus: o Reino de Maria
Quando aparece a Revolução, Deus vai aprimorando a Igreja através da Contra-Revolução.
Deus vai requintando sua obra, e ao mesmo tempo se dão os seguintes fatos: a Igreja, hoje em dia, anuncia o Evangelho a todos os povos; antes da História encerrar-se, é preciso que o plano de Deus se realize inteiramente, e se realize em condições de durabilidade. É preciso que em determinado momento fique provado que o Reino de Deus existe, e existe porque a máxima força de Deus vai ser empregada. Essa máxima força é Nossa Senhora.
Exatamente a glória de Nossa Senhora será de dar durabilidade e consistência ao que até agora foram tentativas precursoras.
Teremos, então, o Reino de Maria previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort.
A plenitude da perfeição
Mas, depois da duração devida, também virão a revolta última e o Anticristo. Então, estará tudo acabado.
Quando tudo recomeçava, o homem pecou novamente construindo a Torre de Babel. Como castigo, deu-se a confusão das línguas e a dispersão dos povos.
Mas ainda há uma maravilha. Os últimos fiéis vão ser incomparáveis, tão fiéis e tão bons que neles a Igreja terá realizado a plenitude de sua perfeição. Eles serão a própria beleza plena da Igreja.
Na Igreja, como numa espécie de trepadeira que dá rosas no pior da tempestade e em plena meia-noite, florescem essas almas fiéis. E, nessa morte aparente, a Igreja chegará ao apogeu de sua beleza, ao apogeu de sua perseguição e na totalidade da tempestade.
Porém, uma beleza incomparável vai se somar a isso, e esta não tem nomes, não tem palavras, não tem expressão. Deveríamos prostrar-nos em terra para dizê-lo: o próprio Filho de Deus virá em sua pompa e majestade, de um modo visível, colher essas últimas rosas da Igreja para levá-las consigo para o Céu. De maneira tal que haverá um ósculo de Nosso Senhor na Igreja Militante expirante, que se transforma em um elemento a mais e na maior beleza da Igreja Gloriosa.
E com isso o plano terá acabado. E, durante esse sucessivo decorrer da História, os homens foram se salvando, de maneira que, quando tudo estiver terminado, o número de tronos celestes deixados pelos anjos decaídos estará preenchido. A sinfonia celeste estará completa, e a História da Criação, terminada.
A majestade divina no Juízo Final
Segundo diz o Pe. Arminjon3, quando houver o Juízo Final, os corpos gloriosos vão estar em torno do Vale de Josafá, pairando pelo céu em quantidades enormes; todos os anjos vão aparecer; Nossa Senhora estará presente com uma irradiação da qual não se pode ter ideia.
Enquanto isso, um incêndio lavra na Terra, destrói tudo quanto na Terra é capaz de morrer, e a morte desaparece da face da Terra.
Os réprobos caem no Inferno.
E nós estaremos, pelo favor de Nossa Senhora, no Paraíso Celeste, um lugar físico e material incomparavelmente mais bonito do que o Paraíso Terrestre; e ali as nossas almas verão Deus face a face.
Assim, o plano revelado a Satanás se terá realizado, sem ele e contra ele.
(Extraído de conferência de 17/1/1967)
1) Segundo afirmam Tertuliano, São Cipriano, São Basílio, São Bernardo e outros santos, a prova que decidiu o destino eterno dos espíritos angélicos foi, de fato, o anúncio da Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, o qual haveria de nascer da Virgem Maria.
2) O resto que voltará.
3) Padre Charles Arminjon (1824-1885).