“Meu último pensamento seja de amor ao Papa.” Esta é a frase acrescida por Dr. Plinio — de próprio punho — em sua carteira de identidade católica.
Um dos principais pilares de sua espiritualidade era, sem dúvida, a profunda devoção que nutria em relação à Cátedra de Pedro, na pessoa do Romano Pontífice.
Esta devoção tornou-se de tal modo manifesta no decorrer de sua vida, que não seria dificultoso reunir um incontável número de páginas contendo considerações repletas de Fé e submissão acerca do Santo Padre, o Doce Cristo na Terra.
Por ocasião do dia do Papa — 29 de junho —, homenageando tão edificante devoção, Dr. Plinio traz em seu editorial excertos de conferências proferidas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, nas quais ele manifesta seu entranhado amor ao Papado:
“Já em minha infância, eu percebia que deveria haver uma autoridade infalível, a qual ensinasse a todos, pois, caso isso não fosse assim, não haveria possibilidade de as pessoas pensarem do mesmo modo, e a vida seria um caos, indigna de ser vivida. Então nasceu em mim uma pujante veneração ao Papado e, consequentemente, ao Episcopado e aos outros graus da Hierarquia.”1
Assim se manifestaria ele, dois anos mais tarde:
“Tão grande é a fragilidade humana, que, inevitavelmente, cairíamos em erro, caso não houvesse um mestre infalível, o qual nos ensinasse toda a verdade.
“Imaginemos uma cidade com milhares de habitantes, onde cada um possuísse ao menos um relógio. Nesta cidade haveria milhares de relógios. De nada serviriam esses relógios caso não houvesse um relógio posto por Deus, chamado sol, pelo qual os homens pudessem saber a hora certa.
Ora, à semelhança do sol que regra as horas, há um homem que, em matéria de fé e moral, não cai em erro. Este é o Santo Padre; de seus lábios abençoados só pode sair a verdade. Ele é o ‘relógio’ que regula a Humanidade; o Bispo dos bispos; o pastor dos pastores; o Rei da Igreja e de todas as almas. É a mais alta criatura que há na Terra. Não há rei, não há imperador, não há presidente da república, não há milhardário, não há nada, que valha tanto quanto o homem a quem Deus garantiu: ‘As portas do inferno não prevalecerão contra ti. Pedro tu és pedra e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja’.
“Assim sendo, nós devemos ser cuidadosíssimos em amar o Papado acima de todas as coisas da Terra.
“Sem o Papado, a Terra seria um antro de confusão, de desordem e de horror.”2
Com o decorrer dos anos, tal amor ao Papa evidenciou-se cada vez mais, como se pode verificar nas seguintes palavras de Dr. Plinio:
“Não é com meu entusiasmo dos tempos de jovem que eu me coloco hoje ante a Santa Sé. É com um entusiasmo ainda muito maior, pois à medida que vou vivendo, refletindo e ganhando experiência, compreendo e amo mais ao Papa e ao Papado.
“E este amor não é abstrato. Ele inclui um especial amor à pessoa sacrossanta do Papa, seja ele o de ontem, como o de hoje ou o de amanhã. Amor de veneração, amor de obediência.
“Insisto: amor de obediência. Pois desejo dar a cada ensinamento deste Papa, como de seus antecessores e sucessores, toda a adesão que a doutrina da Igreja me prescreve, tendo por infalível o que ela manda ter por infalível, e por falível o que ela ensina que é falível. Quero obedecer às ordens deste ou de qualquer outro Papa em toda a medida que a Igreja indica que sejam obedecidos. Isto é, não lhes sobrepondo jamais minha vontade pessoal, nem a força de qualquer poder terreno.”3
O corolário dessa profunda devoção, cultivada cuidadosamente durante sua existência, foram as tocantes afirmações de Dr. Plinio, pronunciadas exatamente três meses antes de sua morte:
“O mesmo amor que devoto a Nossa Senhora e a Nosso Senhor Jesus Cristo, também o possuo em relação ao Papado. Pois há um princípio segundo o qual uma corrente vale conforme seu elo mais fraco. Poderá uma corrente ter cem elos, cada um deles com o diâmetro do braço de um atleta, mas estarem presos a um outro elo muito delicado, essa corrente tem o valor do elo frágil.
“Ora, na corrente da tríplice devoção à Santíssima Trindade, à Maria e ao Papado, o elo mais frágil é o Papado, por ser o mais humano. Então, o modo mais vigoroso de amar a corrente inteira é oscular o elo mais fraco.
“Ao dedicar meu inteiro amor ao Papado, meu ato toma o sentido de quem replica ao adversário: ‘Vocês estão recriminando tais e tais debilidades do Papado. Pois ali vai meu ósculo, ali vai minha fidelidade.’
“Onde a infidelidade de alguns poderia tentar a fidelidade dos fiéis em sua totalidade, eu quero pôr a minha fidelidade inteira.”4
1) Excerto de conferência de 14/4/1989.
2) Excerto de conferência de 29/9/1991.
3) Trecho de artigo na Folha de São Paulo, em 12/7/1970.
4) Excerto de conferência de 3/7/1995.