Há 90 anos, na manhã de 13 de maio de 1917, Nossa Senhora aparecia a três pastorinhos portugueses que cuidavam de suas ovelhas nas relvas da Serra do Aire, próximo de Fátima. A mensagem da Mãe de Deus, dirigida então a um mundo conturbado pela Grande Guerra, repercute até os dias de hoje, conservando toda a sua grave e misericordiosa instância: “Se querem a paz, rezem o Terço todos os dias; deixem de ofender a Deus, já tão ofendido”. Nas aparições seguintes, pedirá ainda a Rainha do Céu e da Terra que os povos se consagrassem ao seu Coração Imaculado, manancial de dádivas e clemências divinas.
Dócil em atender a tais pedidos de Nossa Senhora foi Dr. Plinio, o qual, não uma, mas muitas vezes frisou a necessidade de o fazermos, com os inestimáveis benefícios que dessa obediência nos adviriam: “Aparecendo aos pastores de Fátima — escreveu ele — a Virgem Santíssima prometeu as maiores graças, como fruto da consagração a seu Imaculado Coração. Inútil insistir sobre a importância de uma promessa d’Aquela a quem a Igreja chama Virgo Fidelis. Em rigor, porém, por mais confortadora que essa promessa seja, ela não é indispensável. Com efeito, Nossa Senhora é Mãe. Qual a mãe zelosa, que ouviria distraidamente, negligentemente as carícias de seus filhos? Qual a mãe que diante de sua família, toda reunida para lhe tributar homenagem, houvesse de desviar indiferente o pensamento, e houvesse de retribuir com a máxima frieza interior, a todo o carinho de que estivesse sendo objeto? Tendo diante de si [um povo inteiro], Maria Santíssima haveria de se mostrar indiferente a essa consagração? Haveria de fechar os olhos a nossos propósitos e recusar nossa súplica?
“Evidentemente, jamais. E por mais profunda que fosse a excelência de disposições do melhor e do mais santo dos povos, em se consagrar a Maria Santíssima, ainda muito mais profunda é a deliberação d’Ela em aceitar e corresponder à nossa consagração. De onde se deduz, tudo bem pesado, que o fruto da consagração é o estabelecimento de um vínculo real e especial entre o Coração de Maria e nós” (Legionário, de 15/7/1945).
Esta união com a Virgem Santíssima, procurou Dr. Plinio estreitá-la de modo solene ao promover, há 40 anos — em maio de 1967 —, juntamente com os seguidores de sua obra, uma renovação da consagração ao Imaculado Coração de Maria, segundo o método de São Luís Grignion de Montfort. Por meio deste ato, repassado de bênçãos, celebraram o cinqüentenário das aparições de Fátima.
No dia seguinte àquela cerimônia, Dr. Plinio assim comentou seu significado mais profundo: “Numa sede séria e digna, reuniram-se homens numa atitude de recolhimento, de devoção, de apetência dos maiores dons do espírito e, notadamente, do mais alto desses bens que é a comunicação de alma com Nossa Senhora, Medianeira de todas as Graças e canal que Deus desejou tornar necessário para que todos chegássemos a Ele.
“Ora, no Céu, onde nossas ações e preces são conhecidas, Maria Santíssima, os anjos e os santos acompanharam a trajetória de nosso movimento, bem como os passos de cada um de nós na vida espiritual até a realização da cerimônia de ontem, em que se colheu, de alguma maneira, o fruto dessa caminhada numa reafirmação de nossa consagração a Nossa Senhora.
“Ontem, os anjos e os santos como que recapitularam o nosso passado e constataram, com enlevo, até que ponto os desígnios de Deus a nosso respeito, pelos rogos de Maria, se realizaram. Mas, de outro lado, viram como desígnios ainda maiores nos estão reservados. Poder-se-ia então conjeturar que, terminado o ato solene, depois de o Céu inteiro tê-lo contemplado com aquela forma de admiração que o imensamente grande tem em relação ao imensamente pequeno, aquela forma de compaixão que do alto da bem-aventurança eterna se nutre para com quem se acha exposto aos riscos terrenos, os anjos e os santos tenham dirigido a Nossa Senhora esta súplica: Opus tuum fac! Senhora e Mãe, completai a vossa obra que nestes começastes. Levai-a até o termo, para vossa glória!
“Eis a oração que eles provavelmente fizeram em nosso favor, e a qual devemos repetir em nossas preces, apresentando as nossas almas com suas qualidades e lacunas, nossas realizações e atividades, rogando ao Imaculado Coração de Maria: opus tuum fac!” (Conferência em 1/6/1967).
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O presente mês de maio, mês de Maria, a melhor de todas as Mães, e marco histórico das aparições de Fátima, reveste-se também de particular significado para o povo brasileiro, quando nosso país recebe a augusta visita do Sumo Pontífice Bento XVI. Às incontáveis manifestações de amor e entusiasmo une-se a “Revista Dr. Plinio”. E o faz evocando ainda palavras desse ardoroso devoto do Papa:
“Como de direito, o máximo de nosso filial afeto voa aos pés do Santo Padre. Ubi Christus ibi Deus; ubi Ecclesia ibi Christus; ubi Petrus ibi Ecclesia. Só nos unimos a Deus em Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Só nos unimos a Jesus Cristo na Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana que é o próprio Corpo Místico do Senhor. E só estaremos unidos a Nosso Senhor Jesus Cristo, mediante uma união sobrenaturalmente forte, união de vida e de morte, à Cátedra de São Pedro. Onde está Pedro, aí está a Igreja de Deus” (Legionário n. 706, 17/2/1946).