domingo, noviembre 24, 2024

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Três divinas lições de heroísmo

Meditar na Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo constituiu sempre para Dr. Plinio um inestimável exercício de piedade. Ao considerar a infinita paciência do Homem-Deus em suportar as dores mais acerbas e em se imolar pela nossa redenção, nutria sua própria alma com esse alimento indispensável para a santificação do católico: o amor à cruz, a aceitação do sofrimento.

De modo particular, a tenacidade heróica do Salvador a caminho do Calvário suscitava no espírito de Dr. Plinio reflexões pervadidas de adoração ao Divino Modelo, de súplicas, bem como de entranhada compunção da criatura apequenada diante da grandeza do Criador chagado:

“É fácil falar em sofrimento. O difícil é sofrer. Vós o provastes, Senhor. Quando vossa hora chegou, tremestes, Vos perturbastes, suastes sangue diante da perspectiva do sofrimento. E neste dilúvio de apreensões, infelizmente por demais fundadas, está a consagração de vosso heroísmo. Vencestes os brados mais imperiosos, as injunções mais fortes, os pânicos mais atrozes. Tudo se dobrou ante vossa vontade humana e divina. Acima de tudo, pairou vossa determinação inflexível de fazer aquilo para que havíeis sido enviado por vosso Pai. E, quando leváveis vossa Cruz pela rua da amargura, mais uma vez as forças naturais fraquejaram. Caístes, porque não tínheis força. Caístes, mas não Vos deixastes cair senão quando de todo não era possível prosseguir no caminho. Caístes, mas não recuastes. Caístes, mas não abandonastes a Cruz. Vós a conservastes convosco, como a expressão visível e tangível de vosso propósito de a levar ao alto do Gólgota.

“[E] caístes mais uma vez, Divino Senhor. Como é duro o caminho da Cruz! Foi duríssimo para Vós. Será também duríssimo para vossos seguidores. Há momentos em que os caminhos parecem todos fechados para nós, o céu se tolda, as esperanças desaparecem, as apreensões povoam de negros fantasmas a nossa imaginação. As forças começam a fraquejar. Não podemos mais. Embora caiamos debaixo da cruz, meu Deus, mais uma vez Vos suplicamos, por vossas entranhas misericordiosas, pelo vosso Coração Sagrado, pelo amor que tínheis à vossa Mãe, não permitais que saiamos da estrada do sofrimento e da virtude, e que atiremos para longe de nós a cruz. Socorrei-nos então, Senhor meu de misericórdia. Porque o que queremos é o cumprimento inteiro de nosso dever.

“Mas ouvi, Deus benigno, a súplica de nossa fraqueza. Quantos amigos tendes, que Vos aconselhariam a renunciar quando caístes da primeira vez? Da segunda vez, seriam legião. E vendo-Vos cair pela terceira, quantos Vos não abandonariam escandalizados, achando que éreis temerário, falto de bom senso, que queríeis violar os manifestos desígnios de Deus?! Que esses passos de vossa Paixão nos dêem graças, Senhor, para sermos de uma invencível constância no bem, conhecendo perfeitamente o caminho do verdadeiro heroísmo, que pode chegar a seus limites mais extremos e mais sublimes sem jamais se confundir com uma vil e presunçosa temeridade” (cf. Legionário, n. 558, abril de 1943).

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