Dois momentos de Dr. Plinio durante sua última viagem à Europa: nas muralhas de Ávila (acima), e no castelo de Chambord (ao lado)

Em setembro de 1988, Dr. Plinio iniciava sua última visita à Europa. Seu roteiro incluía Genazzano, Subiaco, Roma, Florença, Veneza, Aquisgrana (Aix-la-Chapelle), Paris, Chambord, Madri, Ávila. Quando já haviam transcorrido doze dias de viagem, quis fazer a seus acompanhantes algumas observações sobre o modo correto de observar as maravilhas que enriquecem o Velho Continente:

A reflexão que se impõe ao longo de toda a viagem é um ato de amor ao princípio que deu origem à Civilização Cristã a qual, em última análise, nasceu de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem vem à Europa e não procura ver o que há de mais elevado nas coisas, não aproveitou a viagem. Por exemplo, aqui em Veneza, neste bairro muito modesto, pode-se tomar um incomparável sorvete de menta e de pistache. Trata-se de uma superioridade entre mil outras. Qual é a razão mais profunda disto? É a presença mais próxima, mais quente, das tradições que remontam a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ou se concebem as coisas daqui assim, ou não se entende o que se quer exprimir quando se fala de Civilização Cristã. Se isto não é um fruto do Precioso Sangue d’Ele, de um lado e, se não conduz a Ele, de outro lado, para que serve? Só para regozijar este corpo que, segundo a expressão de Vieira, “a terra há de comer”? Mas visto com essa raiz religiosa, toma uma grandeza sacral, piedosa. Eu faço estas reflexões quando estou comendo as coisas mais gostosas possíveis.

A profunda “inocência” da natureza e a saúde exuberante das crianças chamam também a atenção. Isto é assim porque houve gerações e gerações que creram em Deus, na Igreja, e praticaram a virtude. E isto de algum modo impregnou até as plantas. Fra Angélico e outros artistas, quando pintavam fundos de quadro, tomavam cenas naturais como essas que admiramos nas regiões européias. Não é possível que as coisas aqui alcançassem este grau e este tipo de formosura, se a virtude não tivesse sido comum, por muito tempo, na população.

Passear pela Europa é, pois, uma verdadeira peregrinação.