Quem nunca sentiu, algum dia, o coração comover-se, ao contemplar um límpido céu noturno semeado de estrelas, ou a grandeza majestosa do oceano, ou ainda o reluzir de um vitral atravessado pelos raios do sol? E muitas vezes era o próprio Deus que, por meio desses elementos, nos falava à alma. De fato, “a beleza da criação reflete a infinita beleza do Criador” — ensina o Catecismo da Igreja Católica —, pois “Deus criou o mundo para manifestar e para comunicar a sua glória” (nº 2500).

Mas quis o Altíssimo que, em relação à sua obra, o homem não tivesse um papel meramente passivo. Por isso confiou-lhe a tarefa de completá-la, dando-lhe luzes e discernimento para imaginar um mundo o mais formoso possível e para saber trabalhar na sua edificação, de tal modo que as produções belas e boas do engenho humano pudessem também espelhar as perfeições do Autor da Criação.

Segundo a feliz expressão de Dante, as obras saídas das mãos do homem são “netas de Deus”. Ora, estava nos planos divinos que suas “netas” fossem numerosas e esplêndidas, e por isso instilou nas almas o desejo insaciável de procurar o belo — o pulchrum — em todas as coisas e de querer multiplicá-lo pela face da terra. As provas de que essa busca do belo é incessante na história da humanidade estão nos incontáveis monumentos e outras produções que nossos maiores nos legaram.

Com este tema tocamos em cheio na vida e nas vias de Dr. Plinio. Com efeito, é elemento fundamental da escola de espiritualidade pliniana explicitar e traduzir na prática tudo o que se relaciona com o papel do pulchrum na Criação.

Ele considerava uma tarefa vital tornar claro a seus semelhantes a importância do belo na nossa existência, não apenas do ponto de vista da Estética ou da Psicologia, mas principalmente da Teologia. Isto porque — dizia Dr. Plinio — se o belo suscita emoções e sentimentos nobres, ele sobretudo eleva os corações a Deus, servindo assim de poderoso instrumento de santificação.

Cumpre ainda ressaltar que, quanto mais os homens observam os Mandamentos do Decálogo, tanto mais são capazes de procurar o pulchrum, admirá-lo e difundi-lo. Razão pela qual a maior parte do patrimônio artístico, arquitetônico, paisagístico e urbanístico da humanidade foi edificado nas eras de particular fervor católico.

Dr. Plinio concluía essa linha de reflexões mostrando que, se a humanidade contemporânea voltar a corresponder de modo exímio às graças divinas e deixar-se vivificar e inspirar pela Santa Igreja — Mãe e Mestra das nações —, terá a capacidade de erigir uma ordem temporal esplendorosa e inteiramente sacral, ainda mais perfeita do que aquela que um dia começou a construir.

É para essas considerações que o conjunto da matéria do presente número o convida, caro leitor.