Pode parecer estranho que uma simples mudança de residência seja considerada uma data digna de menção, na vida tão densa e repleta de episódios sublimes e heróicos como a de Dr. Plinio. Mas é bem o caso.
Situado no prédio da rua Alagoas nº 350, bairro de Higienópolis, em São Paulo, esse apartamento foi testemunha de quatro décadas de atividades, reflexões, sofrimentos e orações de Dr. Plinio, que para ali se mudou com seus pais no início de fevereiro de 1952.
Vindo a ser conhecido pelos amigos de Dr. Plinio simplesmente como o “1º Andar”, esse local ganhou um particular significado. Antes de tudo por ser a moradia do líder católico, onde tiveram lugar diversos episódios marcantes de sua existência, e duas longas convalescenças, a da grave enfermidade de 1967-1968, e a do desastre rodoviário de 1975 que o deixou com várias seqüelas. Mas também porque seu arranjo e decoração constituíam uma lição prática daquilo que Dr. Plinio ensinava a respeito da importância dos ambientes para a formação das mentalidades e expressão de valores e estados de espírito.
Impressionava o misto de harmonia e distinção, que correspondia — como ele próprio explicava —, providencial e casualmente, à psicologia da família. A mobília, as cortinas, os diversos objetos, a combinação de cores, tudo enfim formava um conjunto harmônico, reflexo de um modo de ser profundamente diferente do moderno, sem nada de anacronismo. Era uma aliança de monumentalidade com doçura. E neste ponto é de notar a influência de Dª Lucilia. Com efeito, sua personalidade sobressaía precisamente por aliar doçura e bondade a um tipo próprio de nobreza, razão pela qual — dizia Dr. Plinio — o “1º Andar” foi uma moldura ideal para os últimos anos dela nesta terra.