sábado, noviembre 23, 2024

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Responsáveis pelo Reino de Cristo

Os problemas sociais se resolvem antes de tudo no campo espiritual, e a responsabilidade por isto cabe não apenas ao Clero, mas em larga medida aos leigos; a atuação neste sentido constitui o único remédio capaz de regenerar o mundo. Assim foi a mensagem transmitida por Dr. Plinio, em discurso aos participantes da Quarta Semana de Ação Social, em São Paulo, em 1940.

Se a mentalidade contemporânea fosse saneada, se os homens de nossos dias, como os leprosos do Evangelho, ouvissem a palavra de Cristo e se limpassem do mal que tão profundamente deles se assenhorou, o problema estaria resolvido em sua raiz.

De fato, a restauração moral dos indivíduos forneceria o clima necessário para que os apetites fossem reconduzidos a uma sábia disciplina, para que o amor recíproco abrisse entre as classes um regime de colaboração fraternal, para que as instituições e as leis se reintegrassem nas bases assinaladas pela própria natureza, e permitissem assim à livre atividade do homem um desenvolvimento conforme aos interesses da prosperidade pública. Finalmente, cresceria sempre o número dos que, movidos pela admirável caridade de Jesus Cristo Nosso Senhor, se dedicariam a fundar, a promover, a desenvolver e aperfeiçoar as obras destinadas a prevenir e remediar os males sociais.

“Olhai para o Crucifixo e o sangue que verte sem cessar: somos por ele responsáveis!”

Diz o Apóstolo que o amor de Deus torna os homens diligentes e industriosos no exercício do amor do próximo. Uma técnica elevada à suma perfeição pelos mil desvelos e mil engenhos de que só a caridade é capaz, viria orientar tantas boas vontades e tantas dedicações segundo as prescrições de uma racionalização, sempre mais inteligente, sempre mais exata e sempre mais eficaz. E se assim não desaparecessem da terra os pobres e os necessitados, pois que o próprio Salvador disse que “paupere semper habetis vobiscum”, ao menos não deixa de ser verdade que a pobreza teria todos os recursos e todo o amparo que lhe fosse possível ter neste vale de lágrimas.

Se isto deve ser dito quanto aos problemas sociais de caráter econômico, de quantos e quão acurados recursos não se armaria a caridade católica, para prevenir e remediar as desgraças de caráter espiritual? Se a alma vale infinitamente mais do que o corpo, e a vida eterna infinitamente mais do que a vida terrena, quem não poderia entrever através desse quadro luminoso a rede densa e fecunda de obras sociais que, no Reino de Cristo, viriam prevenir o pecado, ou remediar pela penitência seus tristes efeitos?

Por outro lado, ensina a doutrina católica que Deus, tendo em consideração a fragilidade humana, que não permite aos homens praticarem com suas próprias forças, de modo durável, todos os Mandamentos, dá-lhes um recurso de caráter sobrenatural, isto é a graça, que ilumina a inteligência e robustece a vontade para que conheçam sempre a verdade e pratiquem sempre o bem.

Esse recurso sobrenatural, o homem o deve procurar no grêmio da Igreja, por meio da oração e da prática dos Sacramentos. Com tais forças sobrenaturais, a Igreja dá assim ao homem um viático no caminho da virtude, que o levará a se alçar de elevação em elevação, até as culminâncias da santidade.

Isto posto, se a solução do problema social é essencial e primordialmente um trabalho espiritual que só pode ter seus alicerces em uma obra de regeneração baseada sobre a graça, daí decorre como conseqüência que a solução da questão social está toda ela, em essência, nas mãos da Igreja.

A medida de nossa responsabilidade

Penso que não seria necessário mais do que isso, para definir plenamente a responsabilidade dos católicos em assunto de tal relevância.

Efetivamente, a Igreja, dada a sua indefectibilidade assegurada por Nosso Senhor Jesus Cristo, jamais deixará de ensinar aos homens a Verdade e de os estimular à prática do bem, quer pela pregação, quer pela distribuição dos Sacramentos. Mas a nós, católicos, incumbe por nossa vez a tarefa de, sob as ordens de Hierarquia Eclesiástica que encarna a Igreja, difundir pelo mundo a doutrina e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Detentores do único remédio capaz de salvar um mundo que margeia os mais negros precipícios, pesa sobre nós a responsabilidade de nossa inação possível. Nossa ação poderá representar para nós o maior dos triunfos. Parece certo também que a salvação de milhões de almas, durante vários séculos, dependerá da generosidade, do entusiasmo, do espírito de disciplina e de sacrifício dos católicos de nossos dias. Por outro lado, nossa inação poderá representar para nós o crime de enterrar o único remédio capaz de salvar o mundo contemporâneo da crise em que se encontra, sepultando este remédio debaixo das camadas profundas de nossa tibieza, de nossa indiferença, desvirtuado por aquela temperatura morna de nossas almas, que causa náuseas ao Divino Redentor.

Assim, pois, pela generosidade de nossa vida espiritual — será esta a alma de todo o nosso apostolado — pela dedicação, pela disciplina, pelo método imperturbável de nossa ação, devemos ser apóstolos em todos os campos da atividade humana, nas esferas legislativas como nas políticas, nas intelectuais como nas econômicas, na vida doméstica como na vida industrial e no exercício das atividades sociais, para que Cristo reine.

O Reinado de Cristo, eis a medida de nossa responsabilidade. Foi para instaurar esse reinado que Deus se fez carne, habitou entre nós e morreu por nós.

Quereis saber o peso de nossa responsabilidade? Olhai para o Crucifixo e para o precioso Sangue que ele verte sem cessar. O Sangue de Cristo, nós somos por Ele responsáveis!

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