Um vivo interesse pelos destinos da família imperial  austríaca (à esquerda) fez com que o jovem Plinio (acima) começasse a ler os jornais, “infringindo” os costumes do seu tempo...

Não era por acaso que os artigos de Dr. Plinio no Legionário e nas revistas A Ordem e O Século muitas vezes versavam sobre temas históricos. Nem que ele tivesse se tornado Professor de História Medieval, Moderna e Contemporânea nas Faculdades Sedes Sapientiae e São Bento, e de História da Civilização no Colégio Universitário da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Na verdade, desde pequeno tivera paixão pelos temas relacionados com as vicissitudes das nações nesta Terra de exílio. Em suas incipientes observações, vira nos seus dias de infância e pré-adolescência a radical transformação do panorama geo-político mundial. Em 1914 iniciou-se a Primeira Grande Guerra, cujos sangrentos combates só cessariam com a assinatura do armistício de 1918. Na sua esteira, trouxe ela a Revolução Russa de 1917, o desfazimento dos chamados Impérios Centrais (Áustria-Hungria e Alemanha), e o despontar dos Estados Unidos como a maior potência econômico-militar do mundo, passando a cultura norte-americana a ocupar o lugar da européia.

Prestando atenção nas conversas dos adultos, o pequeno Plinio acompanhava tudo com o mais vivo interesse. Em 1921 levaram-no ao cinema para ver o filme do enterro do imperador austro-húngaro Francisco José, falecido durante a guerra. Até então admirador entusiasmado da França, Plinio descobriu o papel também importante da Áustria-Hungria no Ocidente. Certo dia de março de 1921, tomou conhecimento de uma palpitante novidade: “Ouvi nas conversas de casa” — recordou depois — “que o imperador Carlos e a imperatriz Zita tinham viajado para a Hungria, a fim de restaurar a realeza”. Lance de grande importância histórica, como ele logo percebeu. Desejando segui-lo passo a passo, chegou a infringir uma regra daquele tempo: “Comecei a ler jornal. Não o lia até então, porque criança não fazia isso. Eu me levantava mais cedo e, antes dos adultos, ia ver as notícias”. Dos fatos passados na Hungria, o analítico olhar desse jovem começou a circular por outras matérias, não se detendo na superficialidade da mera informação, mas procurando descobrir suas profundidades. “Remotamente, foi daí que nasceu a Reunião de Recortes”, diria ele mais tarde, referindo-se às conferências que fez semanalmente, de 1930 a 1995, comentando as notícias dos jornais.