Em 28 de abril a Igreja universal celebra a memória de São Luís Maria Grignion de Montfort, sacerdote e missionário francês que empreendeu seu apostolado no começo do século XVIII, às vésperas da grave crise religiosa desencadeada pela Revolução Francesa.

Fundador de três ordens religiosas, São Luís Maria nasceu em Montfort-sur-Meu, na Bretanha, em 1673, falecendo aos 43 anos
em Saint-Laurent-sur-Sèvre, na região francesa da Vendée, exaurido pelos trabalhos de uma intensa missão popular.

Dentre suas obras, foi especialmente no O Amor da Sabedoria Encarnada e no Tratado da Verdadeira Devoção que ele nos legou páginas memoráveis cuja grande autoridade teológica em Cristologia e Mariologia é hoje mais atual do que nunca.

O Papa João Paulo II, como salientamos no número anterior, acaba de publicar uma Carta às Famílias Religiosas Montfortinas, na qual afirma:

“Como se sabe, no meu brasão episcopal …. o mote Totus tuus está inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom e mistério, págs. 38-39: Rosarium Virginis Mariae, 15). Estas duas palavras exprimem a [entrega] total a Jesus por meio de Maria: Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt, escreve São Luís Maria; e traduz: ‘Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence, meu amável Jesus, por meio de Maria, tua Santa Mãe’ (Tratado sobre a verdadeira devoção, 233). A doutrina deste Santo exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de muitos fiéis e sobre a minha própria vida” (João Paulo II, Carta às famílias montfortinas sobre a doutrina de seu Fundador, de 8-12-2003, nº 1 ).

Também para Dr. Plinio, encontrar o Tratado da Verdadeira Devoção numa livraria católica de São Paulo, aos 22 anos, foi um fato providencial. Impressionou-o tanto a densidade
da doutrina do Santo que, não se contentando com uma detida leitura, dedicou-lhe um estudo meticuloso,
inclusive fazendo anotações e esquemas, como acostumara proceder em seu curso na Faculdade de Direito.

Compreendeu Dr. Plinio a importância da consagração a Jesus Cristo pelas mãos de Maria, e procurou levar essa entrega à plenitude, com entusiasmo e fervor sempre crescentes, ao longo de toda a sua
vida. E verdadeiramente, Dr. Plinio tomava seu apostolado, sua atividade e vida
interior como frutos da obra da graça veiculada pelos Sacramentos, em particular o da Eucaristia, dentro da moldura
especial que lhes dava a consagração como escravo de amor a Maria que ele fez, a exemplo do bon Pére de Montfort.

Dr. Plinio desejou em várias oportunidades transmitir a seus discípulos o conteúdo do Tratado, de uma forma viva e concreta, em particular quando cuidava de prepará-los para fazerem, eles mesmos, tal consagração.

Felizmente, algumas dessas exposições foram transcritas, e delas passamos a publicar aqui uma série de excertos, precedidos de uma crônica da peregrinação empreendida por Dr. Plinio ao túmulo de São Luís Grignion, em Saint-Laurent-sur-Sèvre, em 1988. Estar junto aos locais ungidos pela presença desse extraordinário devoto de Maria, era para ele a realização de um dos seus mais acalentados anseios…