O Pe. Garrigou-Lagrange (no centro e também no destaque) visita o “Legionário”, recebido por Dr. Plinio (à esquerda)

No dia 18 de setembro de 1938 o “Legionário” estampava a fotografia do famoso teólogo dominicano, Pe. Garrigou-Lagrange, em visita à sede do jornal, onde foi recebido e homenageado por seu jovem diretor, Dr. Plinio. Este sempre se lembraria de tal encontro, e certa feita assim o comentou:

“Como já tive ocasião de narrar, na época em que assumi o ‘Legionário’, tratava-se apenas de uma folha paroquial, sem maior alcance fora do âmbito restrito em que circulava. Minha primeira tarefa foi, pois, procurar modificar essa situação e imprimir-lhe nova pujança, propor-lhe grandes metas, ampliar seus horizontes redatoriais e seu campo de influência.

“Nesse intuito, obtive do senhor Arcebispo que o ‘Legionário’ se tornasse o órgão oficioso da Cúria Metropolitana. Portanto, a partir de então contaria com o prestigioso bafejo da imensa figura de Dom Duarte Leopoldo e Silva. Em pouco tempo, o jornal começou a ser lido no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Recife, em Porto Alegre, em Salvador e pelo resto do Brasil. Crescendo de importância, ao cabo mais ou menos de um ano passou a ser absolutamente necessário que toda personalidade católica importante que chegasse a São Paulo, e fosse relacionada com os assuntos de que o ‘Legionário’ tratava, lhe fizesse uma visita.

“Às vezes, eram celebridades internacionais. Como um dos maiores teólogos do tempo, o dominicano francês, Pe. Réginald Garrigou-Lagrange, Reitor e professor do famoso ‘Angelicum’ de Roma. Viera ao Brasil para fazer algumas conferências e, de passagem pela capital paulista, pude conhecê-lo e levá-lo à sede do nosso jornal. Era um homem de presença muito agradável, simpático, naturalmente dotado de inteligência privilegiada, autor de obras excelentes e um expositor exímio, tratando de seus temas com a clareza e a síntese francesas características.

“Guardei sempre uma boa recordação daquele contato que tivemos, e não deixei de acompanhar a brilhante trajetória que ele continuou trilhando no mundo da Teologia e da espiritualidade cristãs.”

É oportuno salientar que o Pe. Garrigou-Lagrange foi professor de notáveis intelectuais católicos do século XX, entre eles o Pe. Karol Woj­tyla, futuro Papa João Paulo II, de quem foi consultor e supervisor de tese.

Renomado não apenas por sua erudição, como também por sua piedade e uma edificante caridade para com os pobres, faleceu em 1964, retirado no Convento de Santa Sabina, em Roma, aos 87 anos de idade.