Dr. Plinio no início da década de 30

No então governo provisório federal, um decreto do ministro Francisco Campos instaura o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras, o qual seria implementado também na Constituição de 34, graças — em não pequena medida — aos denodados esforços do jovem deputado Plinio Corrêa de Oliveira.

“O triunfo de Cristo-Rei nas escolas” é o título do artigo estampado nas páginas do Legionário em 10 de maio daquele ano, através do qual Dr. Plinio celebrava o fato e congratulava o ministro pela feliz medida:

É com o coração transbordando de alegria que recebemos o decreto instituindo o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras.

Os próprios ataques que a insensatez dos laicistas tem arremessado contra o ato do ministro Francisco Campos denotam que o agnosticismo, vitorioso em 1891, não passa hoje de doutrina desacreditada, pobre em argumentos e em adeptos, e vigorosamente rejeitada pela imensa maioria da nação brasileira. Não compreendo como se possa ser, ainda hoje, agnosticista sincero.

Se não bastassem as fragorosas derrotas que tem sofrido no campo científico a famosa moral leiga, se não fossem suficientes os numerosos repúdios que tal doutrina tem sofrido de seus próprios partidários, o exemplo, o triste e doloroso exemplo do Brasil hodierno seria suficiente para evidenciar o quê de falso, o quê de cruel se encerra nas vãs ideologias do agnosticismo.

Se expusermos à ação do ar um vidro de perfume, este se evaporará dentro de algum tempo. E, muito tempo ainda depois de completamente evaporado, continuará a sala impregnada pela suavidade de seu aroma. Ao cabo de mais algum tempo, o próprio odor terá desaparecido, e do delicioso perfume só ficará a lembrança.

Logo que a vitória dos cristãos abriu para a humanidade o frasco de essências morais preciosíssimas que é a Igreja Católica, o bom odor das virtudes evangélicas começou a se alastrar dia a dia pelo mundo, vencendo o cheiro acre da barbárie franca ou germânica, e as exalações insalubres da civilização romana, já então em franca decomposição. E o bálsamo da sabedoria evangélica, fundindo raças, erguendo nações, foi a seiva fecundíssima que alimentou e fez crescer uma nova e magnífica civilização.

Aos poucos, porém, o perfume se foi diluindo completamente, cedendo lugar à fermentação crescente de paixões malsãs, suscitadas pelas heresias que o mundo não soube nem quis dominar. (…) Só agora, porém, quando a civilização amea­ça ruí­na, é que sentimos, num terrível despertar, a falta das virtudes católicas que aromatizavam amenamente a vida de nossos maiores. (…)

Pelos frutos se conhecem as árvores. Compare-se o fruto amaríssimo da fase de agnosticismo que atravessamos, com o fruto dulcíssimo, cheio de suavidade, de uma nação radicalmente católica. E quem tiver a coragem de optar ainda pelo agnosticismo, que tenha ao menos a hombridade de defender também suas funestas conseqüências! Que não nos fale em moral leiga, mas sim em imoralidade leiga…