O filho pródigo cuida dos porcos - Catedral de Bourges, França

Desvendar a hediondez dos aspectos mais avançados da Revolução, bem como a do seu vulto geral, é um meio de produzir sadio sobressalto nas almas dominadas pelo processo revolucionário. Porém, assevera Dr. Plinio, nenhum esforço nesse sentido adiantaria sem a ação da graça divina, a única que, na verdade, através de um flash salvador é capaz de produzir essa esperada conversão.

É pecado aderir à Revolução?

“A adesão plena e consciente à Revolução, como esta in concreto se apresenta, constitui um imenso pecado, uma apostasia radical, da qual só por meio de uma conversão igualmente radical se pode voltar” (p. 125).

No fundo da miséria, a graça da conversão

Em geral, como se operam as grandes conversões?

“Segundo a História, afigura-se que as grandes conversões se dão o mais das vezes por um lance de alma fulminante, provocado pela graça ao ensejo de qualquer fato interno ou externo.

“Esse lance difere em cada caso, mas apresenta com freqüência certos traços comuns” (pp. 125-126).

Como se dá a conversão do pecador que chegou ao extremo da Revolução?

“Na alma empedernida do pecador que, por um processo de grande velocidade, foi logo ao extremo da Revolução, restam sempre recursos de inteligência e bom senso, tendências mais ou menos definidas para o bem.

“Deus, embora não as prive jamais da graça suficiente, espera, não raramente, que essas almas cheguem ao mais fundo da miséria, para lhes fazer ver de uma só vez, como num fulgurante flash, a enormidade de seus erros e de seus pecados.

“Foi quando desceu a ponto de querer se alimentar das bolotas dos porcos que o filho pródigo caiu em si e voltou à casa paterna” [cf. Lc 15, 16-19] (p. 126).

Como reacender “a mecha que ainda fumega”

E do tíbio que vai sendo arrastado aos poucos pela Revolução?

“Na alma tíbia e míope que vai resvalando lentamente na rampa da Revolução, atuam ainda, não inteiramente recusados, certos fermentos sobrenaturais; há valores de tradição, de ordem, de Religião, que ainda crepitam como brasas sob as cinzas.

“Também essas almas podem, por um sadio sobressalto, num momento de desgraça extrema, abrir os olhos e reavivar em um instante tudo quanto nelas definhava e ameaçava morrer: é o reacender-se da mecha que ainda fumega” [cf. Mt 12, 20] (pp. 126-127).

Como agir para produzir nos revolucionários um “flash” que os converta?

“Toda a humanidade se encontra na iminência de uma catástrofe, e nisto parece estar precisamente a grande ocasião preparada pela misericórdia de Deus. Uns e outros — os da velocidade rápida ou lenta — neste terrível crepúsculo em que vivemos, podem abrir os olhos e converter-se a Deus.

Não raro, Deus espera que o pecador chegue ao mais fundo da miséria para lhe fazer ver de uma só vez, como num fulgurante flash, a enormidade de seus erros e pecados

O contra-revolucionário deve, pois, aproveitar zelosamente o tremendo espetáculo de nossas trevas para — sem demagogia, sem exagero, mas também sem fraqueza — fazer compreender aos filhos da Revolução a linguagem dos fatos, e assim produzir neles o flash salvador.

“Apontar varonilmente os perigos de nossa situação é traço essencial de uma ação autenticamente contra-revolucionária” (p. 127).

Exorcizar o quebranto da Revolução

O que ocorre quando se mostra a face total da Revolução? “É preciso saber mostrar, no caos que nos envolve, a face total da Revolução, em sua imensa hediondez.

“Sempre que esta face se revela, aparecem surtos de vigorosa reação. É por esse motivo que, por ocasião da Revolução Francesa, e no decurso do século XIX, houve na França um movimento contra-revolucionário melhor do que jamais houvera anteriormente naquele país. Nunca se vira tão bem a face da Revolução.

“A imensidade da voragem em que naufragara a antiga ordem de coisas tinha aberto muitos olhos, subitamente, para toda uma gama de verdades silenciadas ou negadas, ao longo de séculos, pela Revolução.

“Sobretudo, o espírito desta se lhes patenteara em toda a sua malícia, e em todas as suas conexões profundas com idéias e hábitos durante muito tempo reputados inocentes pela maioria das pessoas.

“Assim, o contra-revolucionário deve, com freqüência, desmascarar o vulto geral da Revolução, a fim de exorcizar o quebranto que esta exerce sobre suas vítimas” (pp. 127-128).