Dr. Plinio no início da década de 1940

Em agosto de 1942, impelido pelos graves acontecimentos da época, o Brasil declarou guerra às potências do Eixo. Cônscio das razões imperiosas que levaram a nação a imergir no conflito internacional, Dr. Plinio, vistas postas num ideal mais alto que os interesses terrenos, ponderava nas páginas do “Legionário”:

Verdadeiramente se pode dizer que a atitude das autoridades federais teve o apoio das vozes procedentes de todos os quadrantes ideológicos do país. Os católicos não constituem apenas uma parte integrante do Brasil: eles são o próprio Brasil. Assim, inútil é dizer que, neste momento, mais do que ninguém, eles são obrigados a um espírito de abnegação e de patriotismo [genuinamente] modelar. (…)

Já agora, entretanto, o problema assumiu para nós um significado especialmente importante.

Com efeito, tendo o Brasil entrado em guerra para salvaguardar sua independência, ou sairá dela vencedor, ou vencido. Na hipótese de uma vitória, não há quem não veja que a integridade de nosso território não será o único bem a ser preservado, mas que, acima ainda disto, se conservará a integridade da alma nacional, que só continuará viva enquanto viver da seiva sobrenatural da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Pelo contrário, uma derrota significará infalivelmente, além do retaliamento do território brasileiro, a implantação da cruz suástica nesta terra santificada desde o nascedouro pela Missa celebrada por Frei Henrique de Coimbra. Para nós, pois, a luta é de vida e morte, não apenas em um sentido material e terreno, mas em um sentido sobrenatural e eterno, que transcende a qualquer consideração de caráter meramente temporal. (…)

O “Legionário” se sente na obrigação de acentuar, pois, e muito fortemente, que nossas tarefas de apostolado não devem cessar com o esforço bélico. Pelo contrário, devem desenvolver-se paralelamente a este. Com efeito, nossa luta não tem um significado meramente negativo. Não lutamos para matar: lutamos para viver. E para que vivamos precisamos continuar a luta acesa contra tudo quanto, no Brasil, possa significar descristianização.

O Brasil terá a vitória se combater com a cruz na mão. É “com este sinal que venceremos”. Cada soldado, cada cidadão, cada pessoa envolvida em serviços de defesa passiva deve lembrar-se que, em guerra contra o totalitarismo, o Brasil não se bate contra seu único adversário, mas contra o mais perigoso deles, e que o fim último da luta é a independência espiritual e política do Brasil.

Pugnemos em todos os terrenos por um Brasil católico, e empreendamos uma luta próxima ou remotamente dirigida contra tudo quanto possa tornar anti-católico o Brasil.

(Extraído do “Legionário” de 30/8/1942)