Encerrou-se no dia 22 de junho passado o 49º Congresso Eucarístico Internacional, realizado em Québec, no Canadá. Naquela ocasião, o Santo Padre Bento XVI dirigiu-se à notável assembléia através de uma vídeo-mensagem na qual afirmou:
“[A Eucaristia] é o sacramento por excelência; introduz-nos por antecipação na vida eterna, contém todo o mistério de nossa salvação. É a fonte e o cume da ação e da vida da Igreja. Portanto, é particularmente importante que os pastores e os fiéis se aprofundem permanentemente neste grande sacramento.”
À luz dessa afirmação do Sumo Pontífice vem a propósito recordarmos o que Dr. Plinio — fervoroso apóstolo da devoção eucarística e cujas palavras foram sempre um eco fiel do magistério eclesiástico — escreveu em 1942, quando do encerramento do 32º Congresso Eucarístico Internacional, realizado em Buenos Aires:
“Os Congressos Eucarísticos favorecem um conhecimento mais profundo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele já não aparece apenas como o Redentor que uma vez se sacrificou pelos homens para merecer-lhes uma coroa de glória na vida de além-túmulo. Sua vida eucarística, perpetuando o sacrifício, convida os homens a uma reflexão sobre a perenidade de sua Paixão, os motivos que a determinaram, seu influxo diuturno nas almas. E vem [a lume] a vida da graça, a vida estabelecida por Nosso Senhor, como uma realidade que deve ser vivida e intensamente.
“Daí os frutos mais ocultos, que amadurecem no íntimo dos corações: a reforma dos indivíduos. Uma vida na qual a religião não é um acréscimo acidental, mas o móvel único que dá vitalidade sobrenatural a todas as ações do indivíduo, um revestimento de Cristo, na frase de São Paulo.
“Não se diga que, todos espirituais, estes frutos na sociedade são valores somenos. Absolutamente. Não é possível uma separação real entre os indivíduos e a sociedade. Não há uma sociedade abstrata à qual se apliquem normas e reformas sem considerar os homens que a compõem. Estes são sempre os membros daquela, na qual ingressam inteiros, corpo e alma, vícios e virtudes que porventura possuam. E como os vícios concorrem para a desordem e intranqüilidade, as virtudes são elementos de ordem e de paz.
“A paz social depende, pois, e muito, da paz interna de seus membros. Esta só se obterá quando se compenetrem os homens de sua finalidade extraterrena, sobrenatural, e saibam que ela se subordina ao cumprimento exato de seus deveres para com Deus e para com o próximo. Tal compreensão proporcionam os ensinamentos de Nosso Senhor; executá-la, facilitam os exemplos de Nosso Senhor: uma e outra coisa se obtém nos Congressos Eucarísticos. (…)
“Há, pois, estreita relação entre os Congressos Eucarísticos e a paz na Terra. Realmente a paz de Cristo só se pode obter com o reinado de Cristo nos indivíduos e na sociedade.”
(Extraído do “Legionário” de 14/10/1934)