No início de 1935, o Centro de Estudos e Ação Social (C. E. A. S), organização feminina da Ação Católica, promoveu um curso de formação social e moral, na Paróquia de Santa Cecília, em São Paulo. Para tal evento foram convidados conferencistas e pensadores católicos de renome. Aproveitando o ensejo, Dr. Plinio, em artigo estampado no Legionário, advertiu sobre as idéias que então invadiam o mundo intelectual: chamava a atenção para a falsidade que encerravam, e apontava São Tomás de Aquino como o mestre e guia da autêntica cultura católica. Assim escreveu:

Mons. Dr. Henrique Magalhães, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, fará na próxima semana três conferências na Igreja de Santa Cecília, a convite da Congregação Mariana dessa Paróquia. Grande entusiasmo, portanto, pela cultura católica entre a nossa mocidade de ambos os sexos, movimento inédito no Brasil para a procura de uma base de real valor moral onde se assente solidamente o verdadeiro espírito novo reedificador de nossa sociedade e de nossa Pátria.

Revela a necessidade que sente a mocidade brasileira de uma doutrina e de uma diretriz puramente espirituais que a elevem, afastando-a do terra-terra de todos os dias, da aridez da concepção materialista da vida. (…)

Fernando de Azevedo, ao encerrar os cursos do Instituto de Educação da Universidade de São Paulo, a 4 do corrente, encareceu que a Universidade deve manter-se distante de todos os preconceitos e de todas as superstições (sic) e mais uma vez estabelecendo a confusão entre o Naturalismo e a Ciência, ao endeusar esta última, como a única que pode dar ao homem “o sentido da solidariedade moral”, como a única que pode estabelecer os mais puros sentimentos sociais.

Os que assim pensam, porém, passarão, como hão de passar as doutrinas simplesmente humanas a que se filiam. E nesta “civilização em mudança”, a que o mesmo Fernando de Azevedo se refere, só os verdadeiros valores serão capazes de resistir à “rápida sucessão de situações novas”, à “profunda revisão de valores sociais”, à “ebulição intelectual, feita de todos os fermentos filosóficos, literários e científicos”.

Ora, esses valores só se encontram no Catolicismo Romano. É por isso que este sobrenada ao naufrágio de todas as doutrinas, e que, farol sempre iluminado, acolhe todos os náufragos que não se entregam ao desespero e procuram a salvação. Só a concepção cristã da vida possibilitará o renascer do mundo. E, na verdade, para ela se dirigem todos os que sinceramente desejam que a justiça e a paz reinem no universo.

Verificando, pois, que não é na “ciência”, como a concebe o naturalismo, mas na moralidade, na vida espiritual intensa, que se há de encontrar o bem-estar da humanidade, a nossa juventude procura as fontes de onde brotam as palavras de vida eterna. Daí a volta ao Catolicismo nas organizações da mocidade católica, daí o florescer da intelectualidade cristã alimentada em São Tomás e nos clássicos do Cristianismo, daí o novo misticismo católico no renascer da liturgia tradicional.

De tudo isso é também um fruto o curso do C.E.A.S. e a série de conferências de Mons. Dr. Henrique Magalhães. É a mocidade que afirma o seu Catolicismo e que se prepara para o projetar no seio da sociedade, escudada em seu valor e fiel ao seu ideal.

(Extraído do “Legionário”, nº 163, de 20/1/1935)