“Sou tomista convicto”. Assim se definiu Dr. Plinio, na primeira frase de seu auto-retrato filosófico, redigido por ele para ser publicado na Enciclopédia do Pensamento Filosófico Brasileiro, do Pe. Stanislas Ladusans, S.J.

Essa profunda adesão de Dr. Plinio a São Tomás de Aquino baseava-se, sobretudo, na autoridade com a qual a Igreja exaltou e recomendou a doutrina do Santo, chamado o “Doutor Comum” da Cristandade. Por isso, reiteradas vezes, ao falar da pessoa e da obra de São Tomás, Dr. Plinio só o fazia com devoção e admiração renovadas:

“Quando publicou a Encíclica Aeternis Patris, o Sumo Pontífice Leão XIII elevou São Tomás de Aquino e seus ensinamentos ao mais alto patamar que poderiam atingir. O estudo da escolástica ganhava uma chancela inapelável. Segundo o Papa, a palavra de São Tomás era um dos meios mais eficazes para se defender a Igreja contra seus adversários, em todos os tempos.

“Não é dizer pouco de um santo e de sua doutrina. A seu modo, em matéria de filosofia, São Tomás de Aquino foi um grande contra-revolucionário que encontra em nós e em nosso movimento, devotos e fiéis seguidores.

“Vida admirável nos seus vários aspectos, não o foi menos no seu término. Ele faleceu num convento de cistercienses, cercado por uma coroa de frades de algumas ordens religiosas — dominicanos, franciscanos e os próprios cistercienses — que presenciaram a administração dos últimos Sacramentos a São Tomás de Aquino. De acordo com as narrações desses derradeiros instantes, ao receber a Sagrada Comunhão, o santo Doutor se pôs de joelhos e, dando de si mesmo um maravilhoso testemunho, elogiou sua própria obra, como que se despedindo de Nosso Senhor na Terra, com a esperança de vê-Lo no Céu. E disse: Recebo-vos, ó preço da redenção de minha alma, para Quem eu estudei, vigiei e trabalhei.

“Ou seja, a existência dele, São Tomás, não foi senão estudo, vigília e trabalho em louvor de Nosso Senhor. E continuou: Desse Santíssimo Corpo de Jesus Cristo e dos outros sacramentos muito ensinei e escrevi, em fé de Jesus Cristo e da Santa Igreja Romana.

“Após adorar Nosso Senhor Jesus Cristo, ele se refere à Igreja Católica, compreendendo bem a união mística e indiscutível do Filho de Deus com a Igreja. Em seguida, o Doutor Comum, o maior dos Doutores de todos os tempos, semelhante ao qual provavelmente não haverá outro, termina com um ato de fé e de humildade, dizendo: A Igreja Católica, à qual tudo ofereço e a cujo juízo em tudo me submeto.

“Feito esse ato de sujeição à Igreja Católica, a vida de São Tomás de Aquino estava encerrada. Uma vida verdadeiramente maravilhosa.”

(Extraído de conferências em 6/7/1966 e 14/8/1987)