Como haveria de se realizar a promessa feita por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Estarei convosco até a consumação dos séculos”?

Explica-nos a Teologia que a continuidade da presença de Jesus entre os homens, após sua partida para o Pai Eterno, realiza-se também através do Santíssimo Sacramento. Nele encontramos, à nossa inteira disposição, Aquele mesmo Jesus que andou sobre as águas do lago de Genezaré, que dava vista aos cegos e curava os leprosos, e que nos trouxe a salvação.

Jesus não poderia conceder-nos, através da Eucaristia, os mesmos dons dispensados outrora em sua vida terrena? Ou cumular-nos daquelas mesmas consolações que proporcionava aos que estavam em sua proximidade?

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A Eucaristia é um dos pilares da piedade pliniana. Ao longo de sua vida, Dr. Plinio sempre manifestou a profunda devoção que nutria para com Jesus Eucarístico. De suas conferências — ou até das simples conversas que tivera com seus mais próximos colaboradores — podem-se tirar valiosos princípios, como também encontrar ricas considerações teológicas acerca de tão elevado tema.

Por esta razão, a revista Dr. Plinio inicia neste mês a seção “Ardoroso devoto da Eucaristia”, na qual poderá o leitor beneficiar-se deste piedoso acervo de explicitações e obter respostas às questões que, no decorrer da vida cristã, não poucas vezes surgem à nossa alma:

“Qual deve ser nossa atitude diante da Sagrada Eucaristia?

“Esta é uma pergunta que respondo com outra: Que atitude tomaríamos se, de repente, Nosso Senhor aparecesse pessoalmente a um de nós? Compreender-se-ia outra reação que não fosse a prostração diante d’Ele em sinal de adoração?

“Ora, Cristo está tão presente na Eucaristia quanto estava, em sua existência terrena, andando pelas cidades da Terra Santa.

“Alguém poderia objetar: ‘Não tem dúvida, mas seria uma graça muito maior vê-Lo fisicamente com os olhos, do que adorá-Lo na Sagrada Hóstia.’ A este eu respondo o seguinte: Por mais espantoso que possa parecer, eu não concordo! Vê-Lo fisicamente é uma dádiva enorme, mas exprimir nossa Fé, crendo em sua presença sem O ver, e assim amá-Lo como se O víssemos, é atrair para si a bem-aventurança anunciada a São Tomé: ‘Bem-aventurados os que não viram mas creram.’1

“Terminada a Santa Missa, as partículas nela consagradas que não foram consumidas pelos fiéis são guardadas no sacrário, e Nosso Senhor lá permanece. Todos saem da igreja, ela é fechada, as horas passam, a noite vai avançada. A lamparina tilinta e o seu estalo faz eco no edifício sagrado. A capela está na solidão completa, porém, Ele está ali à espera de que alguém vá adorá-Lo.

“Eu sou cristão. E cristão é aquele que reconhece em Jesus Cristo o Homem-Deus, que nos redimiu e nos salvou e por cujas graças nós podemos chegar até o Céu.

“Mas esse Deus não está apenas no Céu, a uma grande distância de mim. Ele está aqui perto. Como posso eu não fazer da Sagrada Eucaristia o tema central da minha piedade?”

(Extraído de conferências de 3/4/1969, 28/4/1973 e 21/9/1991)

1) Jo. 20, 29