Ao recordar os vinte anos do falecimento de Dr. Plinio, ocorrido a 3 de outubro de 1995, e analisando sua vida e a coerência de seu pensamento, torna-se inequívoco o quanto ele foi um homem de Fé, inteiramente disposto a sofrer por amor à Igreja.

Desde cedo Nossa Senhora me concedeu a graça de perceber que a Fé católica era o maior valor da Terra, mais precioso que a luz dos meus olhos, mais inestimável que os meus dias, mais rico do que tudo. E, portanto, viver era viver desta Fé, consagrar-me completamente à Santa Igreja, lutando pelo triunfo dela sobre o mal que procurava erradicar do mundo a Fé católica apostólica romana1.

Graças a Nossa Senhora, uma coisa é verdade: poder-me-ão faltar outras qualidades, mas com a ajuda de Maria Santíssima, não hesito em afirmar: Fé eu tenho. Nunca me atribuí virtude alguma, mas como afirmar minha Fé é, de si mesmo, um ato de Fé, eu reafirmo: Fé eu tenho. Sei que devo esta graça à intercessão da Santíssima Virgem, pois não a mereço, e sem Ela eu não a teria obtido.

Isso me põe dentro da alma um todo, em função do qual vivo, existo, sou, penso, dentro do qual me movo, e o qual, de modo consciente e sem nunca ter duvidado, analisei inteiramente. Isso eu quis e quero com toda a minha vontade, e a isso me dou, num ato verdadeiramente de doação religiosa2.

Para manter acesa esta Fé e levar ao extremo seu entusiasmo pela Igreja, não faltaram a Dr. Plinio grandes sofrimentos, pedindo-lhe uma contínua renúncia de si mesmo:

A grande imolação de nossa vida espiritual é querermos deixar de ser o que somos e sermos inteiramente aquilo que a Igreja quer que sejamos. Este é o grande holocausto de nossa vida espiritual. O resto ― doença, provações, etc. ― são meios para nos tornarmos generosos para praticar esse sacrifício. […] O centro do holocausto de um homem é a integridade com que ele o deseja.

Sempre tive o anseio de inteiramente desejar essa minha imolação, e considerei que a essência do meu holocausto era ter o meu espírito preparado, por meio da coerência doutrinária, da previsão e de outros fatores espirituais, para ser uma fortaleza no meio das trevas ou um navio no meio da tempestade3.

À luz dessas considerações, inauguramos nesta edição a seção “Piedade pliniana”, na qual contemplaremos uma das orações compostas por Dr. Plinio pedindo a graça do holocausto incondicional à vontade divina.

1) Conferência de 8/9/1982.

2) Conferência de 9/3/1980.

3) Conferência de 19/12/1973.