Os grandes acontecimentos da História, aqueles que envolvem uma manifestação da misericórdia ou da justiça divinas, sempre são precedidos de uma longa espera para os que creem na promessa feita por Deus.

Ouçamos Dr. Plinio1:

Deus pede às pessoas a quem Ele quer conceder a honra de realizar os planos d’Ele um ato de confiança de esperar contra todas as aparências, confiar contra toda verossimilhança, de serem aparentemente abandonados pelo próprio Deus para que, depois, Ele confirme sua aliança com eles. A aparência de um abandono divino, esse é o modo pelo qual Deus manifesta a sua dileção.

As grandes esperas são exatamente o prelúdio dos grandes dons de Deus; e o profetismo envolve muitas vezes a espera.

A espera profética é constituída de vários elementos. Em primeiro lugar, da certeza plena da profunda desordem das coisas como elas estão. Em segundo lugar, uma intuição de como tudo deveria estar se estivesse em ordem. Em terceiro lugar, no jogo de luz e trevas, uma participação enorme de todo ser nisso e uma certeza incutida pelo sobrenatural, uma espera de que virá um dia em que a luz esmagará as trevas e as vencerá.

Esta espera profética traz consigo uma rejeição completa da Revolução, uma separação, uma alteridade em relação a ela, um não poder viver dentro dela, de onde um desejo ardente do dia em que ela acabe, do dia da punição, do dia da ira, do dia do castigo.

Há uma frase muito bonita da Escritura: “Ó sentinela, dize-me, como vai correndo a noite?” (Is 21,11). “Lentamente eu percebo no horizonte uma luz que vai se tornando mais intensa”— a resposta é sempre a mesma… “Mas responde-me outra coisa, sentinela: Quanto tempo levará esta luz para iluminar o horizonte inteiro?” E a resposta é: “‘Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco…’ Rezemos para que Nossa Senhora intervenha, porque de repente a luz começa a brilhar mais.”

Esse é o drama da espera profética, é o sangue, a incógnita, o peso e a beleza de nossa vida, porque é a cruz de nossa vida!

Tenho a impressão de que os católicos nas catacumbas sabiam também que um dia a Igreja sairia dos subterrâneos. Entretanto, havia as perseguições. Depois de dias de intervalo e de quietude: “Será a hora?” Sai-se das catacumbas, está reinando Calígula… Voltam para dentro, nova perseguição! Um belo dia, está reinando Constantino…

A saída da Igreja de dentro das catacumbas tem todas as glórias da Ressurreição de Cristo. Os fiéis levando seus objetos de culto de dentro das catacumbas, relíquias de mártires, etc., e começando a se instalar à luz do dia; imaginem o aspecto pascal deste fato, a beleza disto!

Também de nós Deus quer que estejamos certos de que o dia d’Ele virá em nossos dias, mas virá muito inopinadamente.

1) Excertos de conferências de 25/7/1968, 18/9/1972 e 22/7/1973.