Todas as revelações particulares fidedignas a respeito da Paixão narram que a hora mais lúgubre não foi aquela em que Nosso Senhor expirou, mas sim quando, depois de colocar o sagrado Corpo d’Ele na sepultura, a Mãe Dolorosa não teve sequer a amarguíssima consolação de enxergar as feições mortas que ainda lembravam-Lhe seu Divino Filho e, dirigindo-Se para o Cenáculo, atravessou as horas amargas de sua Soledade.

Entretanto, concomitante a essa tristeza havia uma fímbria de alegria por saber que seu Filho ressuscitaria, em breve estaria de novo junto a Ela e que a Paixão tinha passado. Aquele oceano de dores estava transposto e a imensa glória de Jesus se revelaria ao mundo, para a grandeza e a honra d’Ele, e para a salvação de toda a humanidade. Isso dava a Maria Santíssima a certeza da alegria imensa que viria depois, maior do que as dores da Paixão. Assim, na paz, na serenidade, Ela possuía esta certeza: Cristo ressuscitará!

A esperança da Santíssima Virgem, que continuou firme no auge das trevas e na soledade, confirmou-se totalmente. Podemos compreender, então, o que foi a primeira Páscoa no Puríssimo e Sapientíssimo Coração de Maria.

Ora, isso que se passou no Imaculado Coração de Maria deve-se passar em nossas almas a propósito das dores presentes da Santa Igreja. Estamos nos aproximando da hora da Paixão. O sofrimento é intensíssimo, deve varar nossa alma, com o gládio de dor, de lado a lado. Mas no meio dessa dor nós temos uma fímbria de alegria e a certeza da realização da promessa de Fátima: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará.”

Depois das tristezas e ansiedades dos castigos, durante os quais, como Nosso Senhor Jesus Cristo, talvez sejamos perseguidos, torturados, cobertos das chagas da dor do alto da cabeça até as plantas dos pés, haverá um momento em que os Anjos nos dirão: “Já não há mais dor, nem sofrimento para vós; a vossa provação ficou para trás. Regozijai-vos, porque o Imaculado Coração de Maria triunfou!” Então será a nossa grande Páscoa, nossa grande alegria.

Contemplaremos ressurrecta a glória da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que amamos mais do que a luz dos nossos olhos e do que tudo na Terra. E vendo-a reconduzida a uma primavera da Fé maior ainda do que na Idade Média, próspera, triunfante, dominando o mundo, orientando as almas, esmagando o erro, glorificando a virtude, promovendo toda espécie de bens, fazendo circular sua seiva na vida temporal para pervadir uma civilização de prevalentes varões espirituais, marcada pela Fé e pela sacralidade, olharemos para a Santa Igreja Católica e pensaremos: “A Igreja Católica é a nossa recompensa demasiadamente grande!”*

* Excertos de conferência de 25/3/1967.