Arquivo Revista

O que, no fundo, está muito presente no olhar da senhora do Quadrinho é uma conaturalidade com as alturas. É um cordeiro que se deixou levar pelas garras da águia e que apascenta nas alturas com a mansidão de uma ovelha na pradaria. Eis o fruto de uma entrega completa, é o voo da inocência.

A inocência, com facilidade, leva o cordeiro a ser transportado pela águia. Aquilo que em nós não se deixa transportar pela águia são as partes pesadas – por assim dizer, abdominais – que perderam o gosto da inocência. O que em nossas almas tornou-se “abdômen”, isto é, o desejo intemperante dos prazeres da vida, não quer ser elevado pela águia ao alto dos montes.

(Extraído de conferência de 3/4/1983)