Dr. Plinio e a Sagrada Imagem de Nossa Senhora de Fátima.

O sacerdote ou católico leigo que verdadeiramente consagra sua vida à causa da Igreja é aquele que possui um modo de pensar pelo qual relaciona com Deus tudo quanto ele vê e trata. E, pelo fato de considerar tudo em função de Deus, discerne o que é o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio.

Para isso, deve ter uma alma profundamente admirativa, pois a pessoa incapaz de admirar é também incapaz de possuir verdadeira vida de piedade. Então, ao contemplar os vários aspectos da Doutrina Católica a respeito de Deus, do pecado, da Redenção, da Encarnação do Verbo, da Maternidade Divina de Maria, dos Sacramentos, da Igreja, da Lei de Deus, vai analisando, enlevando-se, entusiasmando-se, aprofundando e admirando cada vez mais.

Ele pratica, por esta forma, a máxima tomista do ver, julgar e agir. Conforme as apetências de sua alma, pensa nessas riquezas inesgotáveis e faz as correlações. À medida que correlaciona, conhece mais: ver. Ao ver, admira mais: julgar, pois a admiração pressupõe a conclusão de que algo é admirável e, portanto, trata-se de um juízo. Só depois ele vai agir, ou seja, fazer o apostolado.

Somente uma alma meditativa e pervadida de admiração pode realizar um autêntico apostolado. Ora, essa meditação que eleva o pensamento, desapegando-o do meramente palpável para relacionar tudo com o Criador, chama-se oração, isto é, a elevação da mente a Deus, imbuindo-se do espírito católico para difundi-lo em torno de si.

Dessas horas de recolhimento e contemplação o apóstolo sai para o campo de batalha da existência quotidiana, levando consigo as recordações das verdades contempladas e observando. Assim, em qualquer lugar onde deite o olhar, ele analisará, sobretudo, os contrastes entre o espírito revolucionário e o contrarrevolucionário, que é o da Igreja, considerando tudo quanto a Contra-Revolução trouxe de belo para o mundo e o que a Revolução pôs de feio, de asqueroso.

No Batismo recebemos a graça, que nos confere uma participação na própria vida de Deus. Para usar uma imagem, dá-se em nós mais ou menos o que acontece quando se enxerta uma planta na outra. Toda comparação claudica, mas esta figura nos permite ter uma ideia de como passamos a viver de uma vida que não é só a nossa, mas uma verdadeira participação da vida divina.

Ora, somente pela graça nós obtemos a Fé e nos tornamos capazes dessa admiração à qual me referi e cujo nome é amor.

Essa vida divina, nós a podemos comunicar a outros pois, ao entrar em contato conosco, as pessoas podem receber a graça. Fazendo circular a graça, fazemos circular a vida de Deus pelo mundo.

Um católico que queira fazer apostolado sem a graça de Deus é louco, pois trata-se de algo impossível. Assim também, não há Contra-Revolução sem vida interior.*

* Cf. Conferência de 22/5/1976.