William Brigham (CC3.0)

Padre Damião, considerando a existência de pessoas imersas num infortúnio profundo, com a doença horrível da lepra, sentiu tanta compaixão e um tal desejo de ajudá-las a carregar essa infelicidade tremenda, que teve um movimento interno de alma de ir à Ilha Molokai, onde havia um imenso leprosário, para cuidar dos leprosos.

Congregation of the Sacred Hearts of Jesus and Mary
São Damião com os meninos da colônia de leprosos de Kalaupapa, Molokai, em 1889, ano de sua morte.
Sydney B. Swift (CC3.0)
São Damião em seu leito de morte

Certo dia, pregando um retiro para eles, disse-lhes: “Meus filhos, eu queria vos dizer que hoje, mais do que nunca, sou dos vossos, porque comecei a sentir em mim os primeiros sintomas da lepra.”

Morreu leproso, contente por ter ajudado aqueles coitados a suportar com alegria e resignação a doença da qual acabou contagiado, dando por bem empregado seus sofrimentos.

Foi a graça de Deus que deu a ele uma especial sensibilidade e clareza de vistas para perceber os padecimentos daquela gente e o quanto ele era dotado de recursos pessoais, de graça, de bondade, de consolação para atenuá-los. Então, por amor a Deus, decidiu renunciar a todas as alegrias desta vida para imergir naquele oceano de dor.

É uma vocação. Esta graça especial bateu em sua alma, como quem bate numa porta, e perguntou: “Meu filho, queres fazer esse sacrifício? Queres ir para o meio dos leprosos? Queres correr o risco de ficar leproso, para fazer o bem àqueles infelizes?”

Ele respondeu: “Sim!”

Nessa hora começou um caminho. Ele disse “sim” para a vocação e a realizou.

(Extraído de conferência de 24/8/1991)