domingo, noviembre 24, 2024

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A irreversibilidade da Contra-Revolução

Nos albores de 2014, quando nossas atenções são atraídas por diversas notícias desastrosas, tanto do ponto de vista material quanto espiritual, de grande alento é considerar as palavras transbordantes de Fé pronunciadas por Dr. Plinio, em conferência de 29 de janeiro de 1967, para jovens discípulos latino-americanos.

Devemos formar nosso entusiasmo a partir do estudo calmo e profundo da realidade e dos princípios, para daí subir aos mais altos páramos da dedicação e do fervor. É dentro desse espírito que vou tratar do tema da irreversibilidade da Contra-Revolução.

A Contra-Revolução é um movimento de almas, de ideias, de influências, de esforços que deve estancar a marcha do grande movimento universal que no tratado “Revolução e Contra-Revolução” tivemos ocasião de definir: um movimento que começou igualitário, sensual, orgulhoso e ímpio, com os primeiros vagidos do Renascimento e da Pseudo-reforma protestante, se estendeu pela Revolução Francesa, até encontrar o seu apogeu no comunismo; é esse movimento que vem triunfante através dos séculos, chamado “Revolução”, que se trata de deter.

A Contra-Revolução é um movimento que visa frear a Revolução. Mas ele não visa apenas freá-la, e sim derrotá-la, exterminá-la. Ele não visa apenas exterminá-la, mas visa a implantação do Reino de Maria.

Quer dizer, ele visa a instauração, nesta terra, de uma ordem temporal, e mais do que uma ordem temporal, de uma cultura, de uma civilização, de um estado espiritual, que seja marcado pelos princípios que a Revolução tentou eliminar. E não só marcado predominantemente por esses princípios, mas de tal maneira que esses princípios sejam agudamente levados até as suas últimas consequências, até o seu maior brilho, até o seu apogeu, de tal maneira que da noite profunda da Revolução, pelos esforços da Contra-Revolução, saia a maior luz, o maior esplendor da Civilização Cristã, o estado mais radioso da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, aquilo que com a Fé de nossas almas e com a certeza de nossa confiança, saudamos como a era que há de vir: o Reino de Maria.

Afirmando a irreversibilidade da Contra-Revolução, o que nós afirmamos? Afirmamos que a Contra-Revolução não poderá voltar atrás. Há pouco foram mencionadas as palavras do Evangelho de São João: “A luz brilhou nas trevas e as trevas não conseguiram circunscrevê-la.”1 É bem o que temos de dizer da Contra-Revolução.

A Contra-Revolução é uma luz que brilha nas trevas e as trevas não conseguirão circunscrevê-la. Mais: ela brilhará cada vez mais a ponto de reluzir sozinha no firmamento, sob o sorriso e as bênçãos de Maria Santíssima.

No ensaio “Revolução e Contra-Revolução”, mostramos como a Revolução é um enorme processo originado por uma explosão do orgulho e da sensualidade, que no século XIV ou, se quiserem, no século XV, começou a produzir as suas primeiras manifestações de intemperança, que dominou a alma humana e transformou a cultura e a civilização.

Deus dispôs muitos santos, muitos heróis, ordens religiosas, movimentou acontecimentos extraordinários para que os homens pudessem fazer face ao ciclo revolucionário, mas Deus não quis operar uma intervenção tal que pelo seu simples poder este ciclo se detivesse.

Nossa Senhora apareceu em Fátima e predisse que a Rússia espalharia seus erros por toda parte. Esses erros eram um castigo para a humanidade, e haveria uma perseguição na qual o Papa teria muito de sofrer. E Ela indicou a extensão do fenômeno e, portanto, o caráter devastador dele. E afirmou que, por fim, quer dizer, ao cabo de uma longa sucessão de acontecimentos, o Imaculado Coração d’Ela triunfaria.

É um triunfo d’Ela e não pode deixar de ser um triunfo esplêndido. Porque tudo quanto Deus faz por Ela e em nome d’Ela é obra-prima d’Ele. Ele reservou para Ela todas as suas grandezas. O triunfo pessoal d’Ela tem de ser o mais maravilhoso da História. Ela não diz: “Eu triunfarei!” Ela diz: “O meu Imaculado Coração triunfará”. E com esse triunfo do seu Imaculado Coração é aquilo que, por assim dizer — se se pudesse empregar a expressão incorreta por audaciosa —, há de melhor n’Ela que triunfará, porque na mãe o que há de melhor é o coração. E é assim o triunfo do coração, o triunfo da maior misericórdia, mais extensa, mais dadivosa, mais esplêndida. É esse triunfo que está anunciado!

E, então, temos um triunfo que será o maior da História. Um triunfo que é necessário que seja assim. Porque se é para triunfar de um grande inimigo, só uma grande vitória. E se é para sair de trevas profundas, é apenas com a maior abundância da luz. Assim, podemos ter a certeza de que o Reino de Maria é irreversível. Porque há sinais de que ele começa a vir. Porque, por fim, temos uma promessa indefectível de que ele virá e de que, portanto, depois do castigo, virá a misericórdia. Depois do como que dilúvio virá o arco-íris. E teremos, então, afinal, a glória imarcescível do Reino de Maria. É uma glória, também ela, irreversível.

1) Cf. Jo 1, 5.

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