jueves, noviembre 21, 2024

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Cristo e a sociedade

Só a Igreja Católica é “especialista” em Jesus Cristo. Será defeituosa, portanto, qualquer interpretação da Pessoa do Homem-Deus que não se conformar com a do Ma­gistério eclesiástico católico. Assim pensava Dr. Plinio e assim o afirmava.

N ão podem os brasileiros, e em especial os católicos, iludir-se no momento que passa. Quando ve­mos a indisciplina generalizar-se […], e uma indisciplina que implanta suas raízes no princípio da disso­lu­ção social, temos que abandonar o nosso comodismo e des­prezar o nosso bem-estar, para enfrentá-la, não com algum símbolo morto, mas com a mesma vida: com Jesus Cristo. Na verdade, só Ele pode curar todos os males da nossa sociedade.

Até agora, os doutrinadores políticos ignoraram a Cris­to. Conheciam todas as doutrinas filosóficas anteriores à sua vinda, e desses pensamentos desencontrados tiravam al­go para suas concepções, ditas modernas. Depois, des­co­nheciam a sociedade medieval, com sua organização polí­tica perfeita, inspirada toda no Cristianismo, com seus dou­tores, com seus filósofos, com seu pensamento único, reto, católico. Para eles, essa época não existiu, e toda a glória do mundo se reduziu a estes últimos quatro séculos, quando a humanidade, retrogra­dando das alturas a que che­ga­ra, ini­ciava sua volta ao paganismo de onde fora arrancada pelo Cristia­nismo. Esse o pensamento político que plasmou a sociedade contemporânea e que chegou, como coro­lário mesmo de seu agnosticismo, à crise moral do presente.

Só a Igreja Católica é capaz de pregar o verdadeiro Jesus; portanto, somente será perfeita a sociedade modelada por ela (Catedral de Segóvia, Espanha)

Lembraram-se então os homens de que Cristo existira e foram buscar o que Ele ensinara, não para o dar lealmente como alimento às mul­tidões famintas de ideal, mas para o adaptar às suas próprias idéias e fazer de Jesus o testemu­nho de seu ensino. E assim viram n’Ele, uns, apenas o ho­mem que apos­trofava os ricos e poderosos e exaltava os hu­mildes, e o tomaram como o primeiro socialista, o pri­mei­ro comunista. Outros, viram ape­nas o homem que mandava dar a César o que é de César, o homem que mandava res­peitar e obedecer aos superiores, e O transformaram no primeiro endeusador do Estado absoluto. […]

Só a Igreja Católica manteve e mantém, entretanto, a ver­dadeira doutrina de Cristo, e só ela tem de seu Fundador a verdadeira concepção, adorando-O como Deus e anunciando-O como Redentor dos homens, sem exceção. Só ela se submete a Cristo e não deforma, segundo a vontade de seus membros, a doutrina que Ele pregou. E só ela dá por isso mesmo a disciplina que salva, a que vem da submissão integral da criatura ao seu Criador, verdade que tem que ser repetida diariamente contra o orgulho huma­no que se julga único no universo inteiro.

Por isso mesmo, só a sociedade moldada pela Igreja de Cristo será perfeita, porque só esta prega o verdadeiro Jesus. Inútil é querer galvanizar a matéria sem o espírito: sem este, aquela será sempre e só matéria. Do mesmo modo, à sociedade, à matéria viva que quer subir ao alto, ao ideal perfeito por excelência, só Cristo, só o Catolicismo podem dar-lhe o espírito que vivifica e que salva. Esse pois o gran­de programa dos católicos no Brasil e também fora dele, nesta época agitada e trágica, de rebeliões, de cri­mes, de decadência moral.

(Transcrito do “Legionário”, nº 167, 17/3/1935)

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