jueves, noviembre 21, 2024

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Fecundidade sobrenatural da Igreja, uma verdade de Fé

Muita gente se admira da atitude dos Apóstolos a propósito da Ressurreição. O Redentor tinha predito que ressurgiria dos mortos. Porém, tendo Ele expirado na Cruz, os Apóstolos se deixaram dominar por um abatimento que fazia transparecer claramente toda a vacilação que lhes ia na alma. E São Tomé quis tocar com os dedos o Salvador, para crer na objetividade da Ressurreição.

Contudo, também nós estamos sujeitos a semelhante fraqueza. Embora creiamos com toda a firmeza na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, há outra verdade que Ele afirmou de modo insofismável e a respeito da qual sua palavra não é menos infalível do que quando predisse sua Ressurreição: é a fecundidade sobrenatural da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que permanecerá de pé, sobranceira em relação às investidas de todos os seus inimigos, até a consumação dos séculos, sempre capaz de atrair pela graça os homens de boa vontade.

A Igreja jamais perderá este dom de atrair as almas. Negá-lo implica em negar que Jesus Cristo é Deus ou que os Evangelhos são livros inspirados. É, pois, negar a própria Religião. Mas esta verdade que todos aceitam, todos a possuem em igual extensão, veem-na com igual clareza, tiram dela as mesmas conclusões?

Nos dias turvos que atravessamos, quando vemos a heresia se dilatar e ameaçar o mundo inteiro, quantos julgam a Igreja tão ameaçada que se sentem inclinados a concessões doutrinárias perante os atuais dominadores do mundo?

Hoje em dia a paganização dos costumes penetrou em todas as esferas da sociedade e cavou um abismo cada vez mais profundo entre o espírito da Igreja e o da época. À vista disto, muitos aconselham concessões morais capazes de reconciliar a Igreja com esta sociedade sem cujo apoio se receia que a Esposa de Cristo venha a sofrer um colapso.

À vista da formação de correntes pseudocientíficas cada vez mais contrárias aos ensinamentos infalíveis da Igreja, quantos desejariam que ela, se não alterasse as verdades já definidas, ao menos não explicitasse sua doutrina em pontos ainda controversos, em que qualquer definição por parte do Catolicismo poderia tornar as divergências com a nossa época ainda maiores?

Ora, a Doutrina Católica é um conjunto de verdades. Desde que nesse conjunto uma só verdade fosse adulterada, a Doutrina Católica já não seria ela mesma. Assim, tentar acomodá-la, adaptá-la, ajeitá-la é trabalhar para que ela perca sua identidade consigo mesma; em outros termos, é tentar matá-la.

Logo, achar que o apostolado não é possível sem essa adaptação é julgar que a Igreja só pode vencer morrendo!

A mania de condescender leva muita gente a procurar dilatar os espaços intelectuais reservados à dúvida. Em presença de uma afirmação deduzida da Doutrina Católica, a pergunta deveria ser: Posso incorporar mais essa riqueza ao patrimônio de minhas convicções? E não: Que razões posso descobrir para duvidar também disto?

Se a Revelação é um tesouro e a difusão do Evangelho um bem, quanto mais esse tesouro se espalha e esse bem se distribui, tanto mais contentes devemos ficar. Muitos, entretanto, acham o contrário: “Quanto mais se ocultam os desdobramentos lógicos da Revelação e se encurtam as consequências do que está no Evangelho, tanto mais caridoso se é! Como Deus teria sido caridoso se tivesse imposto uma Moral menos severa! Por que não previu Ele que em nosso século essa Moral seria um trambolho indifusível? Corrijamos a obra de Deus: encurtemos o que nela está por demais longo, empanemos a luz do que brilha demais, e assim teremos beneficiado largamente a humanidade.” Quanta gente, na prática, raciocina assim!

Proceder assim não reflete o receio de que a Igreja já não conte com o apoio de Deus e, se não se baratear, já não possa arrastar as turbas? Essa dúvida sobre o auxílio sobrenatural que Deus dá à Igreja não se parece muito com a que se sentiu antes da Ressurreição?

Reflitamos nisto e peçamos a Nosso Senhor que, fazendo ressuscitar em nós os tesouros das graças que rejeitamos, voltemos novamente àquela ortodoxia virginal de Fé e àquela perfeição de vida que talvez o pecado nos tenha roubado.*

* Cf. O Legionário n. 448, 13/4/1941.

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