domingo, noviembre 24, 2024

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Com os olhos postos na Mãe do Bom Conselho…

Refletindo sobre Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, chamou-me muito a atenção a inteira intimidade do Menino Jesus com sua Mãe Santíssima. Ele até passa a mão em torno do pescoço d’Ela, de maneira a se verem os dedos ali.

Lembro-me de ser essa a intimidade que eu tinha com minha querida e saudosa mãe: uma intimidade tão cheia de respeito, de admiração, de veneração e de ternura, mas verdadeira intimidade. Mamãe sabia ser afável, meiga e fazer-se pequena, ainda quando eu era um menino completamente dependente dela e, portanto, sendo eu o pequeno e ela tão grande para mim.

Eis a razão pela qual eu a chamava de “mãezinha”, tão logo comecei a pronunciar as primeiras palavras, ainda sem saber falar bem e dizendo “manguinha”, mas já era a noção do que havia nela de miúdo, de proporcionado a mim, de exorável e de compassivo para comigo. Essa ideia que brotava em meu espírito a propósito de toda a mansidão e bondade dela foi o modo pelo qual conheci a bondade de Nossa Senhora e do Sagrado Coração de Jesus.

Contemplando a imagem da Mãe do Bom Conselho e vendo o Menino Jesus tão protegido e tão agarrado a Ela, eu quisera que um raio de graça descesse sobre cada um de nós e nos levasse a compreender como devemos ser assim em relação a Nossa Senhora: filhos intimíssimos, convictos de que a misericórdia d’Ela não se cansa nunca, o seu perdão jamais nos é recusado, e que o seu sorriso maternal quase nos antecede, tão logo nos voltemos para Ela. Aliás, a própria graça de recorrermos a Maria Santíssima nos é concedida por sua intercessão.

Donde uma confiança sem limites e contínua na bondade d’Ela, em todas as ocasiões, em quaisquer circunstâncias, de todos os modos, dizendo-Lhe: “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!”

“Salve”, no sentido etimológico e latino da palavra, isto é, uma saudação: “eu te saúdo, Rainha”. Mas, cometendo um barbarismo, poderíamos querer significar também: “Salvai-nos Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salvai-nos!”

Sendo Mãe de Misericórdia, Maria é a nossa vida, porque se não fosse a misericórdia d’Ela, estaríamos mortos. Ela tem para com seus filhos, mesmo quando eles são fracos e infiéis, uma doçura tal que é, por excelência, a doçura do universo, a ponto de todas as formas materiais de doçura – a do mel, do açúcar, da brisa, e até mesmo dos corações maternos – não serem senão pálidas imagens desta doçura das doçuras que é a do Imaculado Coração de Maria.

Na Santíssima Virgem, em sua intercessão e misericórdia para conosco, nós podemos esperar com uma esperança invencível, porque quem tem tal Mãe nunca será desamparado.

Nós vivemos em uma procella tenebrarumi1, em meio a incógnitas, a investidas, a ciladas e ao ódio infernal que desaba contra nós à maneira de uma tremenda tempestade. Nada disso teria solução se não tivéssemos em quem confiar. Mater Boni Consilii a Genazzano representa essa confiança; é Nossa Senhora cujo bom conselho no interior de nossas almas é essencialmente este: “Confiai em Mim e sede cada vez mais meus devotos.”

São essas palavras de esperança que vos dirijo, com os olhos postos na Mãe do Bom Conselho de Genazzano, desejando que seu olhar maternal seja a luz interior de nossas almas e a estrela a nos guiar neste mar tempestuoso de nossa existência.2

1) Do latim: tormenta de trevas.

2) Cf. Conferências de 6/5/1968 e 6/11/1988.

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