Havia se formado o costume de, por ocasião de cada Natal, Dr. Plinio enviar uma saudação especial às muitas pessoas que, em todo o mundo, colocavam-se como seus discípulos, amigos ou admiradores. A mensagem era sempre piedosa, animadora e de candente atualidade, como esta, de 1990.

Estamos no mês de dezembro, e os nossos olhares já vão se voltando, ao mesmo tempo encantados e esperançosos, para as festas de Natal que se aproximam.

Quanto é natural que para essas festas se voltem os nossos olhares, se nós tomarmos em consideração todas as aflições em meio às quais o Brasil e o mundo contemporâneo percorreram este penoso e fatigante ano de 1990, e em que, afinal de contas, encontra uma perspectiva de paz, de alegria e de força de alma nas comemorações natalinas que se avizinham.

É um condão próprio às celebrações de Natal. Festa que, ao mesmo tempo, confere às almas uma tranqüilidade e uma paz sem ilusões nem fraquezas, e uma força sem orgulho, sem prepotência, mas capaz de defender-se a si mesma e a grande causa da Igreja e da Civilização Cristã.

A festa de Natal nos leva ao espírito o espetáculo pacificante entre todos do Divino Menino Jesus reclinado na manjedoura de Belém, na gruta que desde pequenos aprendemos a imaginar como seria, e como ali se deu o episódio maravilhoso do Nascimento do Divino Infante. Leva-nos a pensar em Maria, Virgem antes do parto, durante o parto e depois do parto. Em seguida, traz à nossa lembrança a adoração de Nossa Senhora, de São José, e a dos Anjos do Céu que, em quantidade incontável, para lá olhavam e para lá dirigiam seus hinos de glória a Deus Nosso Senhor, ao Menino recém-nascido em Belém, à sua Mãe Celestial e ao seu pai jurídico, São José.

Ao mesmo tempo, nos arredores da cidade de David, numa noite estrelada e fria, acordavam os pastores, e estes viam no firmamento rasgado, no qual o próprio paraíso celeste aparecia, os Anjos que cantavam: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade!”

Esta era a promessa feita aos homens na noite de Natal.

Devemos esperar que esta promessa se volte de um modo especial para os pobres homens do século XX. Deste século que vai caminhando para o seu fim em meio a tantos tropeços, a tantos castigos — e quão merecidos castigos! — e a tantas decepções, mas deste século XX para o qual se volta também a misericórdia do Menino recém-nascido, as preces em favor dele que se erguem da parte de Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças, Intercessora gloriosamente onipotente, que obtém de Deus tudo quanto pede, e de São José, Patrono da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Nesse momento, então, nós nos voltamos para Nossa Senhora e seu castíssimo esposo, pedindo que apresentem ao Divino Menino Jesus, desde logo, a perspectiva das nossas orações na noite de Natal, rogando a Eles, antes de tudo, pelo bem da Santa Igreja Católica. Em segundo lugar, pelo bem da Cristandade, outrora a gloriosa família das nações que tinham Fé e unanimemente criam na verdadeira Igreja, constituindo um só rebanho sob o cajado de um só pastor, que é o Santo Padre, o Papa, e que hoje se encontram divididas por dilacerações religiosas, filosóficas, políticas, sociais, econômicas e culturais de toda espécie.

Nós nos voltamos para Eles, apresentando as nossas famílias, que também elas sofrem o contragolpe de todas essas penosas circunstâncias, pensando de um modo especial nos seus jovens expostos a tantos riscos de perdição, mas também procurados tão eficazmente pela graça de Deus, convidando-os a lutar pela Civilização Cristã até o último extremo de sua capacidade de agir.

Considerando tudo isso, pedimos a São José e a Nossa Senhora que rezem para que tudo quanto ainda há de bom no mundo contemporâneo e em nosso Brasil, na nossa querida Terra de Santa Cruz, se consolide, se robusteça e se torne capaz de heróicas resistências aos germes de decomposição que trabalham hoje.

E que, ao mesmo tempo, a Providência Divina intervenha para destroçar as conjurações, os ardis e os embustes daqueles que se articulam para acabar de destruir o que resta da Civilização Cristã, e que chegariam a destruir a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, se destrutível fosse aquela Igreja de quem Nosso Senhor disse a São Pedro: “Pedro, tu és pedra, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão contra ela!”

É inútil! As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja de Cristo! Pelo contrário, haverá um momento em que elas se quebrarão, se desfarão em pedaços, e a Igreja de Cristo continuará mais altaneira que nunca a sua peregrinação pela história, até o dia glorioso em que Nosso Senhor Jesus Cristo baixará com os Anjos do Céu e com as almas dos justos para julgar os vivos e os mortos.

É nesse sentimento de Natal que eu encerro essas palavras.