Liga Eleitoral Católica

Com a convocação da Constituinte, Dr. Plinio viu abrir-se uma boa oportunidade para desenvolver sua ação em favor dos direitos da Igreja. O jovem congregado mariano foi então um dos mais ativos propugnadores, junto ao Episcopado nacional, da fundação da Liga Eleitoral Católica (LEC), inspirada numa instituição semelhante existente na França1.

No ano de 1932, li no jornal La Croix uma notícia sobre um organismo chamado Fédération Nationale Catholique, dirigida pelo General de Curières de Castelnau, um nobre francês, marquês se não me engano, que se distinguiu muito durante a Primeira Guerra Mundial, como um dos grandes generais da resistência francesa.

Era um general católico praticante e muito fervoroso, e eu acompanhava de longe a sua carreira com uma certa atenção e simpatia, procurando ver o que ele fazia.

Eu escrevi para a Fédération Nationale Catholique pedindo seus estatutos, e eles os enviaram para mim. E os estatutos eram extremamente interessantes, pois não se tratava de um partido político, mas uma organização que selecionava os candidatos católicos dos vários partidos e lhes mandava um questionário nas vésperas das eleições, pedindo que respondessem se eles eram a favor desse ponto, daquele ponto, que constituíam as reivindicações católicas.

A Fédération Nationale Catholique publicava as respostas dos candidatos favoráveis e recomendava os nomes deles aos católicos. Isto tinha como consequência o ingresso de um bom número de católicos nas Câmaras, no Senado, nas Prefeituras etc., e davam uma certa importância à Igreja, sem que esta se transformasse num partido político.

Achei a ideia muito interessante e escrevi uma carta ao Tristão de Athayde, sugerindo-lhe que propusesse a Dom Sebastião Leme, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, a fundação da Liga Eleitoral Católica.

Dom Leme pediu-me que eu lhe enviasse os estatutos, o que fiz prontamente. Fui ao Rio de Janeiro duas ou três vezes, nos entendemos a respeito dos estatutos e o Cardeal passou uma circular a todos os Bispos, recomendando a fundação da LEC em todas as dioceses brasileiras.2

Era Arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, prelado imponente, destemido e altamente cônscio de suas responsabilidades morais no desempenho do múnus sagrado que lhe conferira a Igreja. Tomou ele como seu braço direito a Dr. Plinio para a fundação e organização da LEC do Estado de São Paulo. Assim, em novembro de 1932, foi instalada sua Junta Estadual, tendo o Arcebispo escolhido para presidente o Dr. Estevão Emmerich de Souza Rezende. Os demais membros do órgão eram o Dr. Vicente Melillo, o Dr. Mário Egídio de Souza Aranha, o Prof. Papaterra Limonge e o Dr. Adolpho G. Borba; para secretário-geral foi designado o próprio Dr. Plinio. Cargo de grande importância, pois o secretário geral deveria ser a alavanca propulsora da Junta Estadual3.

1) Transcrito com adaptações da obra “Dona Lucilia”, de João S. Clá Dias, vol. II, p. 135.

2) Conferência de 22/6/1973.

3) João S. Clá Dias, op. cit., p. 135