Nos tempos em que Dr. Plinio cursava a Faculdade de Direito, a fama dessa instituição era que nela imperava o ateísmo. Após transpor os primeiros obstáculos e afirmar-se como Católico Apostólico e Romano, Dr. Plinio resolveu partir para uma ação mais direta em favor do bem e da virtude:

Em determinado momento, estando na Faculdade de Direito, resolvi passar à ofensiva. Pensei: “Ficar aqui de braços cruzados, eternamente à espera da ofensiva contra mim, não! Agora, eu vou fazer uma ofensiva contra eles. No que ela consistirá? Analisando o ambiente, não encontro nenhum rapaz católico nesta Faculdade. Mas começarei a procurar aqueles que brilham menos, são mais apagados, têm menos importância, porque estes, em geral, são os melhores. E vou verificar se, no meio deles, há rapazes católicos.” Encontrei alguns. Constituímos então um grupo católico, chamado Ação Universitária Católica, a AUC.

Fizemos algumas reuniões, e vi que a coisa funcionava. Decidi dar um novo passo: publicar um jornal católico de estudantes da Faculdade de Direito, com ideias católicas desde a primeira até a última letra1.

Terminados todos os preparativos da nova publicação, Dr. Plinio organizou o lançamento e a distribuição de “O AUC”.

A Faculdade tinha uma entrada principal, que dava para o Largo São Francisco. Eu disse aos mais moços para ficarem nas portas secundárias, pois eu me encarregaria da porta principal. Postei-me próximo a ela com um maço de jornais, e oferecia: “Quer um jornal dos estudantes católicos?” Em pouco tempo, o maço estava esgotado. Todos os alunos já haviam entrado nas salas de aula, e não havia um jornal jogado no chão2.

Vejamos o início do primeiro artigo publicado no número 1 de “O AUC”, em outubro de 1930, intitulado “Manifesto Aucista”:

Está fundada a Ação Universitária Católica de São Paulo, entidade que se propõe à afirmação, à difusão, à atuação e à defesa dos princípios católicos, não só de estudante para estudante, mas de estudante para a família e para a Pátria.

Aos universitários em geral e aos estudantes católicos em particular é dirigido este manifesto definindo o escopo da AUC. Muitos já têm uma noção deste belo movimento de restauração espiritual na sociedade brasileira. Os que o acolheram com simpatia têm, por certo, guardadas na sua consciência estas palavras que são um brado: momento decisivo. Os que, céticos, indiferentes e ateus, receberam-no com a frieza natural, sabem, porém, mais do que os crentes, que há um momento decisivo, e este é justamente quando a convicção do homem oscila entre as duas extremidades: o erro e a verdade. Este é o momento atual da civilização.

1) Conferência de 18/11/1990.

2) Idem.