Vista do Trianon, onde o jovem Plinio participava de prestigiosos bailes de passagem de ano

O primeiro baile de que participei na minha vida foi no salão do Trianon.

Com essas palavras, Dr. Plinio começou a recordar numa conversa as festas de sociedade que freqüentou na adolescência. Quando terá sido a primeira? É difícil precisar. Provavelmente, por ocasião da passagem de ano de 1923 para 1924, pouco após ele completar 15 anos. Digno de nota é que essas festas não foram para o jovem Plinio ocasiões apenas de entretenimento, mas também de exercitar o amor de Deus. Continuemos a ouvi-lo:

O Trianon era um lugar muito fino e agradável, comemorando-se nele grandes réveillons da São Paulo da década de 20, e um pouco menos na de 30. Os moços compareciam de smoking, os homens de mais idade iam de casaca, e as senhoras trajavam vestido de gala, com plumas, aigrettes e às vezes um discreto diadema, com duas ou três fileiras de diamantes ornando o penteado. O comportamento de todos era cerimonioso, quase como se constituíssem uma corte em torno de um rei invisível.

Talvez pela presença dessas pessoas mais maduras, os jovens dançavam com maior recato, distinção e categoria do que se tornou costume anos depois. Eu participava dessas festas de ano-novo — das primeiras vezes no Trianon, posteriormente  no Automóvel Clube — com muito comprazimento e alegria, mas sempre vigilante para não transgredir em nada os princípios da Fé católica e os Mandamentos da Lei de Deus. De modo particular no que se referia à virtude da castidade, amada por mim até onde é possível, disposto a enfrentar qualquer pressão em sentido contrário.

Quando soava a meia-noite, em meio às costumeiras aclamações com que as pessoas recebem o novo ano, eu rezava em voz baixa uma Salve-Rainha, agradecendo a Nossa Senhora o tempo que havia ficado para trás e implorando a proteção d’Ela para os dias vindouros.