Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas, cores, sons, perfumes e sabores de um lado, e de outro lado certos estados de alma”. Por isso, é possível utilizar costumes, ambientes, artes e cultura para influenciar as mentalidades, levando indivíduos, grupos ou até povos inteiros a tomarem decididamente o rumo indicado pela doutrina da Igreja Católica, ou o oposto a ele.

Este pensamento, consignado por Dr. Plinio em seu livro Revolução e Contra- Revolução, aponta para um vasto campo de investigação e experiência no âmbito sociológico e psicológico, um verdadeiro universo cuja exploração pode trazer incontáveis benefícios para a evangelização no terceiro milênio.

Uma regra corriqueira de pedagogia ensina que os ambientes moldam as crianças. Não menos verdade — nota Dr. Plinio — é que eles continuam a formar (ou deformar) os homens de qualquer idade, pois a luta para nos mantermos nas vias da virtude não termina senão ao cerrarmos os olhos para este mundo de exílio. Colocando-se nesta perspectiva, ele observava e analisava construções, monumentos, trajes, decorações, modas, veículos, músicas, alimentos, etc., aquilatando toda a influência que podiam exercer — para o bem ou para o mal.

O odor perfumado do incenso, o fluir harmonioso do canto gregoriano ou do órgão, o jogo das penumbras em contraposição aos raios do sol coloridos pelos vitrais, tudo isto cria nas igrejas uma atmosfera propícia a atrair muitos freqüentadores, os quais nem chegam a discernir com nitidez o motivo da satisfação que ali experimentam. Sentem, entretanto, que aquele conjunto lhes traz paz e serenidade inefáveis no meio das piores aflições, e estão decididos a voltar muitas e muitas vezes.

Como despertar nos evangelizadores a atenção para fenômenos deste tipo, tornando- os aptos a utilizá-los com eficiência no apostolado católico?

Tal preocupação acompanhou Dr. Plinio desde seus primeiros anos de Congregado Mariano, levando-o a dedicar a esta questão muitos de seus escritos e conferências. Quem teve a oportunidade de assistir a uma delas guarda saudades inenarráveis daqueles noites nas quais, fazendo projetar diapositivos ou filmes, o líder católico os comentava para seu auditório. Quanta variedade na abordagem do tema, quanta riqueza de análise, quanta observação surpreendente, quanta agudeza de espírito em perceber a força dos detalhes e mais ainda dos conjuntos! E que incrível facilidade em tornar claras suas reflexões e explicitações!

E aqui encontramos um traço dos mais interessantes da escola de pensamento pliniana, o qual “embebe” a variada matéria estampada nas páginas de nossa revista. Veja-se neste número, por exemplo, em “Dr. Plinio comenta”, como ele ressalta a influência decisiva dos ambientes na conversão de um bem-dotado escritor católico.

Destaque especial deve ser dado à seção “Luzes da Civilização Cristã” — espaço natural para abrigar comentários desse gênero — onde vamos encontrar, de mês em mês, suas atraentes exposições a respeito dos mais variados aspectos da realidade que nos rodeia.

A nosso ver, o domínio dessa matéria por parte dos apóstolos contribuirá ponderavelmente para o sucesso da nova evangelização.